LITURGIAS E HOMILIAS DOMINICAIS - Blog criado para postagem das Liturgias e Coletâneas de Homílias, Comentários, Reflexões de Padres, Irmã, Diversos Leigos e Leitura Orante Dominicais.
"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." Hebreus 4,12
Mc 1,12-15 Comentário do
Evangelho Jesus é o portador da vida nova
Na última quarta-feira, com a celebração das Cinzas iniciamos o
tempo da quaresma, tempo de graça e reconciliação. Esse tempo deve ser marcado
pela penitência, com vista à conversão, e pela recordação de nosso batismo, a
fim de que possamos assumir plenamente nossa vocação que nasce na fonte
batismal. Os domingos do tempo da quaresma são como que etapas que nos preparam
para a celebração do mistério pascal de Jesus Cristo. O trecho do livro do
Gênesis na primeira leitura faz referência à aliança de Deus com Noé e toda a
sua família, após o dilúvio. Vale lembrar que o dilúvio não foi, sobretudo, uma
obra de destruição, mas de purificação, pois a maldade do homem era grande e a
humanidade inteira havia se corrompido (cf. Gn 6,5-16). Noé, homem justo e
íntegro, e toda a sua família, juntamente com um casal de cada espécie animal,
foram preservados. Com Noé Deus faz uma aliança em favor de toda a terra. Deus
promete não mais destruir nenhum ser vivo e que não haverá mais dilúvio. É o
tempo da salvação. O sinal da aliança é um “arco na nuvem”, símbolo da paz. O
relato das tentações de Jesus em Marcos é o mais breve dos evangelhos
sinóticos, mas denso de significado. Nesse breve relato, Marcos não descreve as
tentações de Jesus; ele se contenta em simplesmente dizer que Jesus foi
tentado. Jesus vai ao deserto, lugar de provação e, ao mesmo tempo, de
revelação da misericórdia de Deus para se preparar para o seu ministério
público. Essa preparação, o texto nos sugere, é um combate espiritual, que
acontece no coração de Jesus, contra as forças do mal. A sua missão requer uma
preparação espiritual adequada. A menção dos anjos que serviam Jesus tem um
duplo significado: Deus permanece com o seu Filho nesse combate espiritual e
Jesus, pela sua união com Deus, vence as tentações. Após as tentações, Jesus
começa o seu ministério. O início do ministério de Jesus está em continuidade
com a pregação de João Batista: é um apelo à conversão. De que se trata quando
se fala de conversão? A conversão é crer no Evangelho; é fé na pessoa de Jesus
Cristo, ele que é a Boa-Notícia de Deus para a humanidade; é fé na palavra de
Jesus, que é portadora de um sopro que faz viver. Sem essa confiança não é
possível reconhecer a vida e a vinda do Verbo de Deus como dom, nem acolhê-lo.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Vivei em nós, Jesus, pelo vosso Espírito,
para que vos amemos com todo o nosso ser e amemos o próximo como a nós mesmos,
no vosso amor.
Para os discípulos, Jesus profetiza não um fim, mas uma páscoa, isto é,
uma passagem definitiva para o Reino do Pai. Diante do quadro de destruição que
esboça, Ele nos pede que ‘levantemo-nos e ergamos nossas cabeças, porque a
nossa libertação está próxima’.
A pregação de
Jesus teve início com um apelo premente: "O tempo atingiu a sua plenitude.
É hora de converter-se e acreditar no Evangelho".
A plenitude do tempo aconteceu com o advento de Jesus na história humana. Nele,
todas as expectativas do passado encontraram sua plena realização, pois Deus
mesmo assumiu esta história, para redimi-la do pecado. A presença salvadora de
Jesus foi um convite para que todos aceitassem a salvação oferecida por Deus.
Era uma ocasião única, que ninguém devia perder. Corria o risco de não
participar da salvação quem não atendesse ao apelo de Jesus.
O convite à conversão, lançado por Jesus, supunha que a pessoa fosse capaz de
dar uma guinada na própria vida. Tratava-se de passar do egoísmo ao amor, da
injustiça à justiça, da idolatria ao Deus vivo. O autêntico processo de
conversão atingia o ser humano no mais profundo de sua existência, e o
transformava a partir de dentro. Os efeitos da conversão se faziam sentir, de
maneira inequívoca, no modo como se agia. O indivíduo convertido tendia a
assimilar o modo de ser de Jesus, uma vez que foi por ele transformado.
A Boa-Nova proclamada por Jesus apresentava o amor ao próximo, especialmente,
aos excluídos e marginalizados como o eixo principal deste projeto de vida.
Crer no Evangelho significava muito mais do que uma profissão verbal da própria
fé. Crer era agir.
Oração
Senhor
Jesus, que o teu apelo exigente de conversão não me intimide, antes me estimule
a mudar radicalmente meu modo de agir.
Aliança para
a paz Quando entra em Jerusalém, o Senhor chora sobre a cidade: “Ah! Se neste
dia também tu conhecesses a mensagem de paz” (Lc 19,42).
Na primeira
leitura lemos que Deus faz aliança com Noé e coloca seu arco no céu. É o
arco-íris que lembra o arco de guerra. Deus quer a paz (Gn 9,13).
No Natal os
Anjos cantam aos pastores: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens
que Ele ama” (Lc 2,14). Paulo exclama: “Deixai-vos reconciliar” (2Cor 5,20).
O Messias
veio para trazer a paz e a reconciliação. Chamamos de Quaresma (40 dias) esse
tempo de preparação para a Páscoa para viver a reconciliação pela Morte e
Ressurreição do Senhor.
As leituras
nos levam a perceber a aliança que Deus fez durante a história da salvação para
culminar com a aliança selada com o sangue do Filho.
A salvação
chega a nós e é explicada através de muitos símbolos. Na leitura sobre o
dilúvio entendemos que as águas nos purificam e a arca simboliza o batismo que
hoje é nossa salvação como nos explica Pedro (2Pd 3,21).
Neste quadro
de aliança, surge a questão da tentação. É bom ser tentado, como nos diz S.
Agostinho: “Enquanto somos peregrinos neste mundo, não podemos estar livres de
tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e ninguém pode
conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado. Ninguém pode vencer sem ter
combatido, nem pode combater se não tiver inimigo e tentações” (CCL 39,766).
As tentações
de Cristo nos animam a não temermos. Ele foi realmente tentado, como nós. “Ele
nos representou em sua pessoa quando quis ser tentado... Em Cristo tu eras
tentado, porque Ele assumiu tua condição humana, para te dar a sua salvação...
Se Nele fomos tentados, Nele também venceremos o demônio... Reconhece-te Nele
em sua tentação, reconhece-te Nele em sua vitória” (Idem).
Esta vitória
nos dá a paz e reafirma nossa aliança. Na oração, no texto original em latim,
dizemos sacramento da Quaresma. Como sacramento, não só lembra, mas torna
presente o mistério recordado e faz agir.
Vitórias
sobre o mal
Deus projeta
uma permanente aliança. Pendurou seu arco no céu e não quer mais castigar a
terra. Para superar as grandes tentações contra o projeto de paz de Deus, o
esforço humano procurará mudar de mentalidade, que significa converter-se.
Certamente não temos as belas tradições do passado.
Houve um
aprofundamento. Não ficamos na periferia das questões, mas vamos a sua raiz. É
a vitória sobre o mal. É a Páscoa que se atualiza na vida de cada um. O profeta
Joel é claro: “Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes” (Jl 2,13).
Não bastam
atitudes exteriores, é preciso mudar a fonte do mal que nos domina. Aí sim
podemos assumir as atitudes bonitas da penitência, do jejum e outros. É preciso
encontrar modos que correspondam ao nosso mal. Rezamos: “Mostrai-nos Senhor
vossos caminhos, fazei-me conhecer vossa estrada” (Sl 24).
Uma
comunidade de vida
No deserto
Jesus vivia entre os animais selvagens e os anjos O serviam. A comunidade tem
dificuldades que são selvagens. Mas temos também, nessa comunidade, o serviço
mútuo dos anjos que sevem. A Quaresma não é um exercício individual, mas uma
comunhão de vida no serviço fraterno, sobretudo para com os mais necessitados.
É de se pensar
em tirar um pouco do que temos para dar aos que não o tem. Dar vida é o que nos
garante ter Vida. O tempo de deserto para Jesus não era solidão, mas comunhão
com o Espírito Santo. Daí parte para evangelizar semeando a paz.
Ficha
nº 1416: Homilia do 1º Domingo da Quaresma (22.02.15)
O Messias
veio trazer a paz e a reconciliação. Deus diz a Noé que não vai destruir a
terra, por isso pendura seu arco no céu. Na Quaresma preparamos a Páscoa para
celebrar e viver a reconciliação.
No quadro da
Aliança aparece a tentação. Ela é boa, nos ensina a lutar e nos fortalece no
combate. Em Cristo somos tentados e Nele vencemos. Para superar a tentação
contra o projeto de paz de Deus, o esforço humano procurará mudar a mentalidade
através conversão. Mudaram-se as tradições.
Aliás,
aprofundou-se o sentido da Quaresma. Vamos à raiz. É a vitória sobre o mal. Não
bastam atitudes externas, é preciso tirar o mal que nos domina. Assim podemos
assumir as atitudes externas mais aptas a nós. Em seu jejum Jesus vivia entre
os animais selvagens e era servido pelos anjos.
Na
comunidade temos o serviço mútuo feito pelos anjos com quem vivemos na comunhão
do amor fraterno. Dar vida é o que garante a nossa vida. O tempo de Jesus no
deserto não era solidão, mas comunhão com o Espírito.
Mais
feio que parece
Iniciando a
Quaresma ouvimos que Jesus foi tentado. Ele vivia nossa condição humana e
participou em tudo de nossos sofrimentos. É bom ser tentado para ver a força
que temos para corresponder à proposta de Jesus. Ele nos dá a graça para
vencermos. O diabo não é tão feio como pintam, mas, mais perigoso do que
parece.
Temos muitos
símbolos na Quaresma. As águas simbolizam a purificação. A arca lembra o
batismo que é o lugar para celebrar a purificação pelo perdão. Por isso rezamos
no salmo: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, fazei-me conhecer vossa
verdade. Vossa verdade me oriente e me conduza” (Sl 24). A partir da vitória
sobre a tentação, Jesus inicia sua pregação: “O Reino de Deus está próximo.
Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
A Quaresma
não é só um tempo litúrgico. É um sacramento no qual temos muitas práticas que
nos levam a viver o Mistério Pascal de Cristo, fonte de todos os sacramentos.
Estamos iniciando a
Quaresma, tempo de conversão em vista da celebração do mistério pascal. Tempo
de volta ao nosso “primeiro amor”, nosso projeto de vida assumido diante de
Deus e Jesus Cristo. As leituras deste domingo ensinam-nos a acreditar na
possibilidade da renovação de nossa vida cristã.
A liturgia de hoje
se inspira na catequese batismal. Nos primórdios da Igreja, a Quaresma era
preparação para o batismo administrado na noite pascal. O batismo era visto
como participação na reconciliação operada pelo sacrifício de Cristo por nós
(cf. Rm 3,21-26; 5,1-11; 6,3 etc.). No mesmo espírito, a liturgia renovada do
Concílio Vaticano II insiste em que, na noite pascal, sejam batizados alguns
novos fiéis, de preferência adultos, e todos os fiéis façam a renovação de seu
compromisso batismal. Essa insistência na renovação da vida batismal faz
sentido, pois, enquanto não tivermos passado pela última prova, estamos
sujeitos à desistência. Como à humanidade toda, no tempo de Noé, também a cada
um, batizado ou não, Deus dá novas chances: eis o tempo da conversão.
A liturgia de hoje
é animada por um espírito de confiança. Ora, confiança significa entrega:
corresponder ao amor de Deus por uma vida santa (oração do dia). É claro,
devemos sempre viver em harmonia com Deus, correspondendo ao seu amor. Na
instabilidade da vida, porém, as forças do mal nos apanham desprevenidos. Mas a
Quaresma é um “tempo forte”, em que convém pôr à prova o nosso amor,
esforçando-nos mais intensamente por uma vida santa.
II. Comentário dos
textos bíblicos
1. I leitura (Gn
9,8-15)
As águas do dilúvio
representavam, para os antigos, um desencadeamento das forças do mal. Mas quem
tem a última palavra é o amor divino. Deus não quer destruir o ser humano,
impõe limites ao dilúvio e já não voltará a destruir a terra. O dilúvio é o
símbolo do juízo de Deus sobre este mundo, mas acima de tudo está a sua
misericórdia, simbolizada pelo arco-íris. No fim do dilúvio, Deus faz uma
aliança com Noé e sua descendência, a humanidade inteira: apesar da presença do
mal, ele não voltará a destruir a humanidade. Deus repete o dia da criação, em
que venceu o caos originário, separou as águas de cima e de baixo e deu ao ser
humano um lugar para morar. Faz uma nova criação, melhor que a anterior, pois
acompanhada de um pacto de proteção. O arco-íris que, no fim do temporal,
espontaneamente nos alegra é o sinal natural dessa aliança.
O salmo
responsorial (Sl 25[24],4bc-5ab.6-7bc.8-9) lembra a fidelidade de Deus ao seu
amor. O íntimo ser de Deus é, ao mesmo tempo, bondade e justiça: “Ele reconduz
ao bom caminho os pecadores, aos humildes conduz até o fim, em seu amor”. Por
essa razão, todos os batizados renovam, na celebração da Páscoa, seu
compromisso batismal.
2. II leitura (1Pd
3,18-22)
A segunda leitura
faz parte da catequese batismal que caracteriza a 1ª carta de Pedro. O batismo
supõe a transmissão de credo. Assim, 1Pd 3,18-4,6 contém os elementos do
primitivo credo: Cristo morreu e desceu aos infernos (3,18-19), ressuscitou
(3,18.21), foi exaltado ao lado de Deus (3,22), julgará vivos e mortos (4,5).
Tendo ele trilhado nosso caminho até a morte, nós podemos seguir seu caminho à
vida (3,18). O batismo, que lembra o dilúvio no sentido contrário (salvação em
vez de destruição), purifica a consciência e nos orienta para onde Cristo nos
precedeu.
Jesus, porém, não
vai sozinho. Leva-nos consigo. Ele é como a arca que salvou Noé e os seus das
águas do dilúvio. Com ele somos imersos no batismo e saímos dele renovados,
numa nova e eterna aliança. Ao fim da Quaresma serão batizados os novos
candidatos à fé. Na “releitura” do dilúvio feita pela 1ª carta de Pedro, a
imagem da arca está num contexto que lembra os principais pontos do credo: a
morte de Cristo e sua descida aos infernos (para estender a força salvadora até
os justos do passado); sua ressurreição e exaltação (onde ele permanece como
Senhor da história futura, até o fim). Batismo é transmissão da fé.
3. Evangelho (Mc
1,12-15)
Quando de seu
batismo por João, Jesus foi investido por Deus com o título de “Filho amado” e
com seu beneplácito, que é, na realidade, a missão de realizar no mundo aquilo
que faz a alegria de Deus: a salvação de todos os seus filhos. Assim, a missão
de Jesus começa com a vitória sobre o mal, o qual se opõe à vontade de seu Pai.
O mal tem muitas
faces e, além disso, uma coerência interior que faz pensar numa figura pessoal,
embora não visível no mundo material. Essa figura chama-se “satanás”, o
adversário, ou “diabo”, destruidor, presente desde o início da humanidade.
Impelido pelo Espírito de Deus, Jesus enfrenta no deserto as forças do mal –
satanás e os animais selvagens –, mas vence, e os anjos do Altíssimo o servem.
A “provação” de Jesus no deserto, depois de seu batismo por João, prepara o
anúncio do Reino. Aproxima-se a grande virada do tempo: Jesus anuncia a
boa-nova do Reino. Deus oferece novas chances. Incansavelmente deseja que o ser
humano viva, mesmo sendo pecador (cf. Ez 18,23). Sua oferta tem pleno sucesso
com Jesus de Nazaré. Este é verdadeiramente seu Filho (Mc 1,11). Vitória
escondida, como convém na primeira parte de Marcos, tempo do “segredo
messiânico”.
Nos seus 40 dias de
deserto, Jesus resume a caminhada do povo de Israel e antecipa também seu
próprio caminho de servo do Senhor. A tentação no deserto transforma-se em
situação paradisíaca: Jesus é o novo Adão, vencedor da serpente. Seu chamado à
conversão é um chamado à fé e à confiança. Nas próximas semanas o
acompanharemos em sua subida a Jerusalém, obediente ao Pai. Será a verdadeira
prova, na doação até a morte, morte de cruz. E, “por isso, Deus o exaltou”…
(cf. Fl 2,9).
Assim preparado,
Jesus inicia o anúncio do Reino de Deus e pede conversão e fé no evangelho, o euangélion,
a alegre notícia (cf. 3º domingo do tempo comum). Que ele exorte a acreditar na
novidade, a gente entende. Mas por que conversão, se se trata de boa notícia?
Exatamente por isso. Pois, como mostram os noticiários da TV, estamos muito
mais sintonizados para notícias ruins que para notícia boa. Conversão não é a
mesma coisa que penitência, como às vezes se traduz em Mc 1,15, sem razão.
Conversão significa dar nova postura à nossa vida e nosso coração, “deixar para
lá” a imagem de um Deus ameaçador para voltar-nos a ele e a seu reinado com um
coração alegre e confiante.
III. Dicas para
reflexão
Celebramos o 1º
domingo da Quaresma. Muitos jovens não sabem o que é a Quaresma. Nem sequer
sabem de onde vem o carnaval, antiga festa do fim do inverno (no hemisfério
norte) que, na cristandade, se tornou a despedida da fartura antes de iniciar o
jejum da Quaresma.
A Quaresma (do
latim quadragesima) significa um tempo de 40 dias vivido na
proximidade do Senhor, na entrega a Deus. Depois de ser batizado por João
Batista no rio Jordão, Jesus se retirou ao deserto de Judá e jejuou durante 40
dias, preparando-se para anunciar o Reino de Deus. Vivia no meio das feras, mas
os anjos de Deus cuidavam dele. Preparando-se desse modo, Jesus assemelha-se a
Moisés, que jejuou durante 40 dias no monte Horeb (Ex 24,18; 34,28; Dt 9,11
etc.), e a Elias, que caminhou 40 dias, alimentado pelos corvos, até chegar a
essa montanha (1Rs 19,8). O povo de Israel peregrinou durante 40 anos pelo
deserto (Dt 2,7), alimentado pelo Senhor.
Na Quaresma
deixamos para trás as preocupações mundanas e priorizamos as de Deus. Vivemos
numa atitude de volta para Deus, de conversão. Isso não consiste
necessariamente em abster-se de pão, mas sobretudo em repartir o pão com o
faminto e em viver todas as demais formas de justiça. Tal é o verdadeiro jejum
(Is 58,6-8).
A Igreja, desde
seus inícios, viu nos 40 dias de preparação de Jesus uma imagem da preparação
dos candidatos ao batismo. Assim como Jesus, depois desses 40 dias, se entregou
à missão recebida de Deus, os catecúmenos eram, depois de 40 dias de
preparação, incorporados a Cristo pelo batismo, para participar da vida nova. O
batismo era celebrado na noite da Páscoa, noite da ressurreição. E toda a
comunidade vivia na austeridade material e na riqueza espiritual, preparando-se
para celebrar a ressurreição.
A meta da Quaresma
é a Páscoa, o batismo, a regeneração para uma vida nova. Para os que ainda não
foram batizados – os catecúmenos –, isso se dá no sacramento do batismo na
noite pascal; para os já batizados, na conversão que sempre é necessária em
nossa vida cristã. Daí o sentido da renovação do compromisso batismal e do
sacramento da reconciliação nesse período.
Conversão e
renovação, se preciso também arrependimento por nossas infidelidades, mas o tom
principal é a alegria pela boa-nova e por Deus que, em Cristo, renova nossa
vida.
Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica,
reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia
e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de
Lovaina. Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte.
Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo
Testamento (tradução), evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica
bíblica.Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia;
A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos
fiéis – anos A-B-C.
Jesus, logo após o
batismo, é conduzido pelo Espírito ao deserto, onde se prepara para a missão e
é tentado por satanás. O deserto é o lugar de retiro em vista de uma missão,
mas também lugar de desafios e de provas. Após a experiência no deserto – a
exemplo do povo de Israel – e em seguida à prisão de João
Batista, Jesus sai do anonimato, dirige-se à Galileia e começa a
pregar: “O tempo se cumpriu e o reino de Deus está perto”. Essas são as
primeiras palavras de Jesus relatadas no Evangelho de Marcos.
Marcos não detalha
as tentações de Jesus, apenas diz que ele foi tentado por satanás, o adversário
do seu projeto. Jesus, o novo Adão que não sucumbe à tentação da serpente,
ensina-nos que é possível vencer as tentações. O Espírito que o levou ao
deserto e o fortalece contra a tentação é o mesmo que recebemos no batismo.
Diariamente somos desafiados a viver com fidelidade seu projeto. Ao longo da
vida, assumimos opções e fazemos escolhas, mostrando até que ponto somos de
fato discípulos missionários de Jesus no dia a dia.
O tempo se cumpriu,
o reino está próximo e é hora de conversão. Não é mais tempo de espera. Deus
vem instaurar seu reino no meio da humanidade. Portanto, é ocasião de
agir, já não cabe esperar. Com Jesus chegou a boa notícia para o povo, é
momento de aderir ao seu reino. O forte apelo de conversão acompanha a Quaresma
toda. Pela palavra de Deus, o cristão é convidado continuamente à
conversão, ou seja, à mudança de mentalidade e de atitudes. A conversão envolve
a pessoa em sua totalidade e determina novo rumo em sua vida.
Ora, o reino
inaugurado por Jesus é algo que não se concretiza de forma mágica nem se impõe
de forma violenta. Ele vai acontecendo à medida que nos convertemos a
ele e aderimos ao evangelho. O reino de Deus só estarárealizado quando a
vida das pessoas estiver conforme o desejo do Pai. Satanás continua sendo o
grande obstáculo do reino; como tentou Jesus, continua tentando a humanidade.
A Campanha da
Fraternidade de 2015 tem como tema: “Fraternidade – Igreja e sociedade”. Esse
tema foi escolhido pelos bispos do Conselho Episcopal Pastoral (Consep), na
CNBB, com o objetivo de inserir a CF nas comemorações do jubileu de
encerramento do Concílio Vaticano II. O tema foi proposto porque o Concílio
constitui para a Igreja o marco inicial de uma caminhada de diálogo amplo e
afetuoso com o mundo moderno, a fim de que a comunidade dos discípulos e
discípulas missionários de Jesus seja sinal e instrumento para a comunhão com
Deus e a unidade de todo o gênero humano, seja cooperadora da verdade e do bem comum.
O lema proposto
para a CF-2015, “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45), é oportuno e iluminador. O
objetivo desta campanha, que se volta às sábias palavras e diretrizes do
Concílio Vaticano II, é aprofundar a relação entre a Igreja e a sociedade no
contexto atual. A sociedade, com seu dinamismo e pujança, continua a
proporcionar alegrias e tristezas, interrogações e apreensões, as quais
precisam ser conduzidas pelo processo de evangelização àquele que, com sua
entrega total, faz nascer uma esperança inquebrantável.
Celebrado no início
da década de 1960, anos de gestação e nascimento da CF, o Concílio refletiu-se
nos primeiros temas das campanhas, contribuindo para que a Igreja no Brasil
conhecesse melhor e implantasse as principais propostas conciliares. No ano de
2015, o Concílio Vaticano II e a Campanha da Fraternidade reeditarão o encontro
salutar que, no passado, produziu muitos frutos para a Igreja no Brasil.
O deserto
despertava fortes lembranças para os hebreus. A caminho da Terra prometida,
eles permaneceram quarenta anos no deserto, onde Moisés teve a experiência de
Deus libertador e recebeu os Mandamentos, base da sociedade alicerçada na
justiça. O número quarenta indica totalidade. Pode-se dizer que Jesus foi
tentado durante toda a sua vida pública. É no deserto, lugar do encontro com
Deus, que Jesus consolida sua decisão de fazer a vontade do Pai. Deverá
enfrentar toda tentação do poder opressor. Para fortalecê-lo nessa luta, Jesus
tem a seu favor o Espírito Santo e os anjos (bons mensageiros), em contraste
com Satanás, seu rival. Após a prisão do Batista, Jesus inicia sua missão na
Galileia, longe de Jerusalém, centro do poder político, econômico e religioso.
(Dia a dia com o
Evangelho 2015, Pe. Luiz Miguel Duarte)
Homilia do 1º Domingo da Quaresma, por
Pe. Paulo Ricardo
Contrariar-se por amor ao Outro
No Evangelho deste Domingo, assim como
em todo 1º Domingo da Quaresma, Nosso Senhor vai para o deserto. À imitação de
Cristo – e do povo de Israel, que, para entrar na Terra Prometida, permaneceu
quarenta anos no deserto –, também nós precisamos passar por esta realidade, a
fim de entrarmos no Amor.
A grande passagem de Cristo, porém,
mais que o deserto, foram a Sua morte e ressurreição, que constituem o cume de
Seu grande amor por nós. Na verdade, todo amor comporta uma certa morte.
Diferentemente dos animais que, não tendo liberdade e agindo por mero instinto,
são incapazes de se contrariar – e, por conseguinte, não podem amar –, o ser
humano, mesmo com fome e tendo diante de si uma comida saborosa, é capaz de
renunciar a isso por amor a alguém. As mães mesmo fazem atos desse tipo o tempo
todo, por causa de seus filhos. O amor, pois, consiste justamente nisto: em
contrariar-se, dizer "não" às próprias vontades, caprichos e
veleidades, por causa do outro.
Infelizmente, esta realidade humana do
amor foi degradada com a queda de nossos primeiros pais. A partir do pecado
original, o ser humano foi colocado de cabeça para baixo. Deixando que os seus
instintos animais o governassem e procurando a felicidade nos endereços errados,
ele foi, de alguma forma, degradando a sua capacidade de amar.
Nesta Quaresma, o Senhor – que, por
meio de Seu Filho, não só restaurou a humanidade, mas deu-lhe poder viver a
caridade sobrenatural, isto é, o amor em Deus, por causa d'Ele – refaz a nós o
convite do amor. É este, pois, o sentido dos jejuns, penitências e orações tão
pedidos pela Igreja neste tempo. Não adianta simplesmente jejuar, se a isso não
estiver unida a virtude da caridade. Passar fome, por si só, não santifica
ninguém. Se assim fosse, a África seria o continente mais santo do mundo. O que
santifica o homem é o amor, é o contrariar sábia e prudentemente os próprios
instintos por causa de um Outro, que é Deus.
No mundo animal, distinguem-se dois
instintos (ou apetites): o primeiro é a concupiscência (ou apetite
concupiscível), pela qual as criaturas buscam o prazer e a gratificação; e o
segundo, a ira (ou apetite irascível), pela qual elas reagem quando são
contrariadas. O homem, sendo um animal, também possui esses apetites; sendo,
porém, racional, e contando com a graça divina, é chamado a governar os seus
instintos e conduzi-los a Deus – assim como um cavaleiro precisa domar um
cavalo chucro para levá-lo aonde quer. Para tanto, a alma, explica Santo Tomás
de Aquino, deve agir "politicamente" [1]: não deve castrar as
energias do corpo, mas dominá-las aos poucos, de forma sábia e com cuidado.
Afinal, não somos anjos. Se Deus nos criou com um corpo, este pode – e deve –
ser-nos útil.
De forma bem prática, é importante
lutar contra duas tentações básicas, mormente as contra a castidade e as contra
a paciência, já que estão diretamente ligadas aos apetites concupiscível e
irascível. Primeiro, viver a castidade, lutando contra o sexo desordenado e
dando a vida pelos outros, seja no matrimônio, seja no celibato; segundo,
exercitar a paciência, suportando as contrariedades do dia a dia e também
contrariando a nós mesmos, voluntariamente, por amor de Deus. De fato, dentro
de nós existe como que um "pequeno deus", que diz: Seja feita a minha
vontade. Quando as coisas não acontecem do jeito que queremos, somos tentados a
ficar emburrados e com raiva, como crianças mal educadas. A nossa atitude,
porém, deve ser madura e virtuosa: quando surgem as contrariedades, que bela
oportunidade temos de amar a Deus!
Quanto às penitências específicas a
escolher, não há uma medida única para todas as pessoas. Cada pessoa deve
discernir – talvez junto com o seu diretor espiritual – a prática adequada para
si. O que importa é que todas as coisas sejam feitas com generosidade. Diz
Nosso Senhor que "o Reino dos Céus é arrebatado à força e são os violentos
que o conquistam" [2]. O Reino dos Céus é das pessoas que tomam a vida
espiritual de assalto e se decidem seriamente a amar, com determinação.
Nesta Quaresma, dirijamo-nos com Jesus
ao deserto e, na prática do jejum, da oração e da esmola, cresçamos cada vez
mais na caridade.T
Liturgia de 22.02.2015 - 1º Domingo da Quaresma
- Ano B Canal
do Youtube Dermeval Neves
A voz do Pastor - 1º Domingo da Quaresma -
22/02/2015
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Foi tentado por Satanás, e os anjos o serviam.
Vivei em nós, Jesus, pelo
vosso Espírito,
para que vos amemos com todo
o nosso ser e amemos o próximo como a
nós mesmos, no vosso amor.
HOMILIA - Mc 1,12-15
CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO
O título desta homilia marca o final do
Evangelho do primeiro Domingo da Quaresma. Como ouvimos, Marcos narra o
ambiente e as circunstâncias da tentação de Jesus. Estamos diante de três
elementos: o deserto, os anjos e o diabo. Os três são elementos representam o
árduo caminho da quaresma, iniciado na última quarta-feira e a nossa grande
missão durante este tempo: a conversão.
O deserto indica um local de provação. Jesus é
o novo Israel que passa 40 dias no deserto e vence a tentação, permanecendo
fiel à vontade divina e à sua Aliança.
O diabo e os anjos representam o interior de
cada um de nós. Dentro de nós pode morar um anjo e um diabo. Quando nos damos
de corpo e alma a Deus em nós sobressai o lado angélico e quando nos damos aos
prazeres da carne então fala mais alto o lado diabólico. Vivemos num mudo onde
existem pessoas com corações diversificados. Há aqueles que são mais
compreensivos e curtem a paz, até mesmo em momentos críticos. São os que têm
como razão de viver o cultivo da vida interior com Deus e em Deus. Para estes,
os anjos de Deus constantemente os servem com a paz, com a fortaleza, com a
sabedoria, com o temor de Deus e assim por diante. Mesmo que tenham um
temperamento forte, sabem controlar seus impulsos e seus instintos.
O diabo representado pelos impulsos e os
instintos. Todos nós sabemos que os animais reagem por impulsos e instintos. E
isso também existe dentro de cada um de nós quando não fazemos usa da nossa
liberdade e vontade que vindos de Deus deveriam ser usados para escolher sempre
o bem! Em alguns, parecem indomáveis estes dois elementos. Trata-se de pessoas
impulsivas, que primeiro fazem e depois pensam, quando as conseqüências amargam
na vida. O diabo que indomada existe em quem vive pelo instinto, incapaz de ter
qualquer controle sobre si próprio.
No deserto, local da sede, da fome e da
provação, o que acontece conosco, aconteceu com Jesus, porque ele era homem,
igual a cada um de nós. Poderia se deixar levar pelo instinto e a impulsividade
do diabo. Mas não. Ele vence a tentação optando pelo serviço dos anjos e isso
acontece pela fidelidade ao plano divino. Eis a diferença entre nós e Ele.
Enquanto muitas vezes nós nos deixamos vencer pelo diabo, Ele o desafia. E
então Aquele que é fiel, envia os seus anjos para servi-lo. O que vemos em
Jesus é um exemplo para vencermos as tentações. Os nossos desertos são muitos e
podem ser localizados aqui na Canção Nova – Cachoeira Paulista onde moro e
podem ser localizados aí na tua cidade, na tua casa. Podem ser na tua família,
pode ser a escola, pode ser o trabalho. É nos locais onde vivemos, trabalhamos
que a tentação aparece e faz transparecer o controle de si ou o terrível diabo
que salta pelos olhos e pela boca.
Quero lembrar-te que esse tipo de reação não se
trata com controles mentais ou técnicas de relaxamento ou por meio de uma
consulta ao psicólogo ou psicanalista. Isso pode ajudar, mas a proposta da
espiritualidade cristã diz que a vida interior só se resolve a partir do
momento em que optamos por Deus. É o que fez Jesus. Pois, existe dentro de nós
uma duplicidade: ou optamos por Deus e Ele nos serve, ou deixamos que nossos
impulsos e instintos apareçam e estes tomam conta de nossa vida, a ponto de
infernizá-la e então caímos nas malhas do diabo que nos domina o tempo todo.
A vida interior só se torna divinizada à medida
que formos capazes de nos esvaziar de nós mesmos, de tirar de nós os instintos
e os impulsos, para acolher com simplicidade, humildade e no espírito de
pobreza, o que Deus nos oferece por meio do Seu Filho manso e humilde de
coração.
Portanto, neste tempo quaresmal o nosso
primeiro empenho é acolher o convite à conversão: CONVERTEI-VOS E CREDE NO
EVANGELHO. E converter-se, hoje, significa considerar a vida interior de cada
um de nós. Ver o que é mais saliente em nós: o lado divino ou o lado dos
impulsos e instintos? O lado divino ou o lado humano? Lapidai-me ó Deus, para
que convertido possa acolher o vosso Reino . Acolhendo-o os vossos anjos
me venham servir como fizeram a Jesus! Fonte Canção Nova
Deixemo-nos tocar pelo apelo de mudança que
Deus nos faz
O Evangelho é a Boa Nova anunciada por Cristo para nos converter.
“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo.
Convertei-vos e crede no Evangelho!”(Marcos 1,
15).
Hoje é o primeiro domingo da Quaresma, estamos neste tempo forte
de conversão, de apelo de Deus para repensarmos nossas atitudes e aquilo que
está dentro de nós. Por isso, Jesus foi ao deserto, o deserto é lugar do
encontro consigo mesmo, do encontro com a realidade mais profunda.
No
deserto vamos ver nosso interior abençoado e iluminado pela presença de Deus e
os anjos estarão ao nosso serviço. Mas, no deserto, estaremos também entre os
animais selvagens, as feras dentro de nós clamando por aqueles sentimentos
negativos como a ira, a raiva, o ressentimento, o medo, a sensualidade, a gula.
É
por intermédio dessas feras, dentro de nós, que muitas vezes o tentador vem ao
nosso encontro para nos fazer propostas, oferecer caminhos diferentes daqueles
que Deus nos apontou. Por isso, a ida para o deserto é uma oportunidade de
conhecermos as nossas fraquezas e limites, de conhecermos aquilo que nós somos
e precisa de mudança.
O
deserto é também o lugar do encontro com Deus, é lá que podemos nos rever e
sermos refeitos pela Palavra d’Ele. Depois de passar quarenta dias no deserto,
de ser tentado pelo inimigo, Jesus foi para a Galiléia anunciar o Reino de
Deus, manifestar que o Reino do Senhor já estava presente e que era necessário
se converter e crer no Evangelho.
Precisamos
aprender, no deserto da vida, que a nossa conversão é diária e precisamos
realmente converter nossa mente, aquilo que está dentro de nós para que nossos
pensamentos e sentimentos sejam do Senhor. Por isso é necessário crer no
Evangelho e fazer dele a força que move nossa vida, que modela nossas ações. O
Evangelho é a Boa Nova anunciada por Cristo para nos converter.
Nestes
quarenta dias da Quaresma, somos chamados a ter atitudes e a primeira delas é a
oração. Oração do recolhimento e da vida interior na qual vamos para o silêncio
do nosso quarto ou para uma casa de retiros, para um lugar onde possamos
encontrar com nós mesmos sem medo da solidão e do deserto para que ali possamos
nos purificar dos nossos pecados, combater as tentações e deixar que o
Evangelho nos converta.
Deus
abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
com todos os que se
encontram na rede da internet,
para a Leitura
orante,
invocando a
Santíssima Trindade:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor
Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho,
Espírito Santo -
presente e atuante
na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e
agradeço.
1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz? Tomo contato com o texto de hoje, lendo-o, na
Bíblia, em Mc 1,12-15.
Logo depois o
Espírito Santo fez com que Jesus fosse para o deserto. Jesus ficou lá durante
quarenta dias, sendo tentado por Satanás. Ali havia animais selvagens, e os
anjos cuidavam de Jesus.
Depois que João foi
preso, Jesus seguiu para a região da Galileia e ali anunciava a boa
notícia que vem de Deus. Ele dizia:
- Chegou a hora, e
o Reino de Deus está perto. Arrependam-se dos seus pecados e creiam no
evangelho.
O texto apresenta
duas partes: as tentações de Jesus e o início de sua
evangelização. Inicia dizendo que o Espírito fez com que Jesus fosse
para o deserto. Todos os três evangelistas (Mateus, Lucas e Marcos) têm como
principal autor desse retiro no deserto, o Espírito.
Jesus vai para o
deserto. Deserto significa lugar desabitado, solitário, desamparado,
abandonado. No sentido bíblico, deserto era terra da aridez, símbolo da
privação de chuva e de fertilidade. É o lugar da purificação e da pobreza.
No deserto Jesus
ficou quarenta dias. Este número recorda os quarenta anos do Povo
de Deus no deserto, rumo à libertação. Foram quarenta dias em que Moisés
permaneceu no alto do Horeb diante de Deus. para receber as tábuas da lei (Dt
9,9).
Sendo tentado
por Satanás, diz o Evangelho. As tentações de Jesus eram para desviá-lo de
sua missão messiânica.
Convivia com
as feras. A frase indica que durante esse tempo Jesus não viu nenhuma pessoa
humana.
E os anjos o
serviam. O evangelho apresenta prova segura da existência dos anjos, não
como mensageiros, mas como seres que servem.
Depois que João foi
preso, Jesus veio para a Galileia, proclamando a Boa-Nova de Deus.
O texto faz
entender que Jesus estava na Judeia e retornou à Galileia onde faz a
proclamação do Reino, resumida na conversão e fé no Evangelho.
"Convertei-vos.
Arrependam-se". O Evangelho, além da fé, exige de cada pessoa o desejo de
modificar sua conduta segundo a Boa-Nova.
2. Meditação(Caminho)
- O que a Palavra diz para mim? Conversão e fé . Eis o ponto central da Boa-Nova
de Jesus. Devo renovar minhas idéias sobre o Reino. O anúncio de Jesus me chama
à conversão. O bem-aventurado Alberione sentiu um apelo que transmitiu a toda a
Família Paulina: “Vivam em contínua conversão”. Agora, num instante de
silêncio, verifico em que devo me converter.
Em Aparecida, os
Bispos, afirmaram: "No exercício de nossa liberdade, às vezes
recusamos essa vida nova (cf. Jo 5,40) ou não perseveramos no caminho (cf. Hb
3,12-14). Com o pecado, optamos por um caminho de morte. Por isso, o anúncio de
Jesus sempre convoca à conversão, que nos faz participar do triunfo do
Ressuscitado e inicia um caminho de transformação." (DAp351).
3. Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus? Faço a
Oração da Campanha
da Fraternidade 2015 Ó Pai, Alegria e esperança de vosso povo, vós conduzis a Igreja, servidora da vida, nos caminhos da história. A exemplo de Jesus Cristo e ouvindo sua palavra que chama à conversão, seja vossa igreja testemunha viva de fraternidade e de liberdade, de justiça e de paz. Enviai o vosso Espírito da verdade para que a sociedade se abra à aurora de um mundo justo e solidário, sinal do Reino que há de vir. Por Cristo Senhor nosso. Amém!
4. Contemplação(Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra? O tema da Campanha da Fraternidade CF 2015 é
“Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o lema: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45). É
o que me proponho viver nesta quaresma
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Sugestões: I. Patrícia Silva, fsp patricia.silva@paulinas.com.br
Celebrando hoje o primeiro domingo da quaresma, nos encontramos
diante do convite de Jesus: "Convertei-vos e crede na Boa-Nova". O
anúncio da Boa-Nova começa justamente por "convertei-vos", e não por
"alegrai-vos".
Converter-se é voltar o olhar, o coração, a vida toda para
Jesus. Confiemos na presença do Espírito Santo. O mesmo Espírito que fez Jesus
sair para o deserto, nos conduz e fortalece na nossa caminhada quaresmal.
Rezemos: Vem, Espírito Santo! Faze-nos amar as Escrituras, para reconhecermos a
voz viva de Jesus. Torna-nos humildes e simples, a fim de compreendermos os
mistérios do Reino de Deus. Amém.
1- LEITURA (VERDADE)
Primeiro momento: leia o texto acolhendo cada palavra em seu
coração. Leia novamente com calma, fazendo pequenas paradas para repetir a
palavra que chama a sua atenção durante a leitura.
Qual é a temática do texto?
Quais são as palavras ditas por Jesus?
O que nos lembra o deserto?
Qual é a experiência que Jesus vive no deserto?
O que quer dizer "o Reino de Deus está próximo"?
Para a compreensão do texto, vamos ter presente que não é com a
finalidade de ser tentado que Jesus vai para o deserto. Para o evangelista, o
deserto é o lugar da proximidade com Deus. Também a convivência com os animais
selvagens e os anjos que o servem mostram essa proximidade. Diante das
tentações, Jesus revela que seu único querer é fazer a vontade do Pai. A
Boa-Nova no texto, não é somente anunciada, mas realizada, pois Jesus é o
Reino. E diante da proximidade do Reino, a atitude esperada é a conversão.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
Silencie e procure perceber o que o texto diz para sua vida.
Qual foi a palavra que encontrou maior sintonia com os apelos do
seu coração?
Deixe a Palavra de Deus encontrar espaço em sua vida.
Examine sua consciência, reveja suas ações, confronte suas atitudes
com a mensagem de Jesus.
O que compreendo por tentações?
Como ecoa em mim as palavras de Jesus: "Convertei-vos e
crede na Boa-Nova"?
O texto nos mostra o caminho a ser percorrido durante este tempo
litúrgico: acolher a Boa-Nova do Reino, que é o próprio Cristo, e viver em
contínua conversão, voltando-nos, mente, vontade e coração para o Senhor.
3- ORAÇÃO (VIDA)
Peça ao Senhor a graça de viver com profundidade este tempo de
graça que a liturgia nos apresenta. A graça do encontro com o Pai
misericordioso. A graça do despojamento, da humildade, da simplicidade do
coração. A graça da conversão pessoal. Reze também pela Igreja que vive a Campanha da Fraternidade.
Ó Pai, alegria e esperança de vosso povo, vós conduzis a Igreja, servidora
da vida, nos caminhos da história. A exemplo de Jesus Cristo e ouvindo sua
palavra que chama à conversão, seja vossa Igreja testemunha viva de
fraternidade e de liberdade, de justiça e de paz. Enviai o vosso Espírito da
verdade para que a sociedade se abra à aurora de um mundo justo e solidário,
sinal do reino que há de vir. Por Cristo Senhor nosso. Amém. 4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO) Recolha em poucas palavras o apelo que você sentiu para colocar
em prática durante o dia.
O que me proponho a viver?
Como vou atingir este propósito?
BÊNÇÃO
- Que Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Que Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Que volte para nós o seu olhar. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Pai Santo, que para estar perto de nós sujeitaste teu Filho às
tentações, dá-nos força e grandeza d’alma para seguir Jesus de Nazaré na sua
luta contra o pecado e, como Ele vencedores, conduze-nos unidos ao teu Reino de
Amor. Pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito
Santo.