ANO B
Mc 1,7-11
Comentário
do Evangelho
Senhor
se deixa encontrar e está próximo
A solenidade do
batismo do Senhor é a primeira solenidade do Senhor do tempo comum. O gênero
literário do relato é a “visão interpretativa”, em que a voz interpreta a
visão, isto é, o céu aberto e a descida do Espírito Santo sobre Jesus. A
finalidade do relato é afirmar, desde o início do evangelho, a identidade e a
missão de Jesus. Por esse motivo, seria melhor, caso seja indispensável um
título para o relato, nomeá-lo como “a investidura messiânica de Jesus”. O
trecho do livro do profeta Isaías aponta as disposições necessárias requeridas
por Deus para o seu povo: buscar e invocar o Senhor porque ele se deixa
encontrar e está próximo; converter-se, pois o Senhor está sempre pronto a
perdoar. Nessa linha penitencial é que se insere o batismo de João. Essas disposições
acima elencadas são necessárias como preparação para a vinda do Messias, do
qual João Batista é o precursor. O batismo de João é um batismo para a
conversão. O Batista tinha consciência do caráter provisório e imperfeito do
batismo que ele realizava, por isso, afirma que, depois dele, vem um mais forte
do que ele e que batizará com o Espírito Santo. Jesus não tinha pecado, mas
entra na fila dos pecadores por solidariedade com a nossa humanidade pecadora.
O autor da carta aos Hebreus poderá dizer, por isso, que nós temos junto de
Deus um sumo sacerdote misericordioso, capaz de compadecer-se de nossas
fraquezas (cf. Hb 4,14-15). O céu pode rasgar-se? Trata-se de uma evocação
de Is 63,19 ou 64,1. Trata-se, evidentemente, de uma linguagem simbólica na
qual é expressa a comunicação entre o céu e a terra. Dito em outros termos, o
Espírito Santo do qual Jesus é revestido para realizar a sua missão vem de
Deus. A voz que interpreta a visão vem do texto tirado de Is 42,1. É Deus quem
apresenta o seu servo. No evangelho de João, Jesus diz que é o Pai quem dá
testemunho dele (cf. Jo 8,17-18). Em Is 42,6-7, a missão do servo tem uma dupla
vertente: é mediador da Aliança e libertador dos cativos. Na tradição bíblica,
essas duas vertentes estão intrinsecamente unidas: Deus que fez aliança com o
seu povo é o Deus que o libertou da casa da servidão (cf. Ex 20,1; Dt 5,6).
Jesus é mediador de uma nova e definitiva aliança (cf. Hb 7,22-25; 8,6-13;
12,24) que nos liberta de todo mal.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Espírito
de purificação, faze-me experimentar o batismo purificador de Jesus, que me
liberta do pecado e do egoísmo, predispondo-me para o serviço generoso a meu
próximo.
Vivendo a Palavra
Jesus, ao
procurar João para ser batizado, quis nos ensinar como é importante participar
da Comunidade. Ele, o Santo, que não tinha pecados, busca as águas para
purificar-se. E a confirmação do Pai Misericordioso «Tu és o meu Filho amado»,
que veio a Ele, virá para nós: também somos filhos amados!
Comentário do Evangelho
A SOLIDARIEDADE DE
JESUS
O batismo de Jesus, no
Jordão, pode parecer, à primeira vista, inútil. Afinal, eram os pecadores os
que procuravam o batismo de João, para redimir-se de seus pecados, na
perspectiva da iminente chegada do Messias. Por um lado, Jesus não era pecador.
Por outro, ele era o Messias, cuja ação havia de revolucionar a história
humana. Como justificar, então, seu batismo?
A vinda do Messias
Jesus tinha como finalidade oferecer aos pecadores a salvação. Este seria o
público privilegiado de sua ação. Quando, no início de seu ministério,
dirigiu-se para o lugar onde João estava batizando, Jesus foi colocar-se
exatamente onde se encontravam os que viera para salvar.
Em torno de João,
reuniam-se pessoas conscientes de seus pecados e desejosas de se verem livres
deles. Jesus foi ao encontro delas, pois haveria de livrá-las, definitivamente,
do peso de seus pecados, anunciando-lhes o advento do Reino de Deus.
O Messias, porém,
escolheu o caminho da solidariedade com os pecadores e se colocou junto deles
como salvador, não como juiz. Ao se fazer um com eles, embora não sendo
pecador, possibilitou que a graça tivesse lugar na vida daquela gente. Foi
assim que, no batismo, o Filho amado de Deus iniciou sua missão.
Oração
Senhor
Jesus, que escolheste o caminho da solidariedade para trazer salvação à
humanidade, faze-me também solidário com aqueles aos quais devo anunciar o teu
Reino.
(O
comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em
Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Deus
eterno e todo-poderoso, que, sendo Cristo batizado no Jordão e pairando sobre
ele o Espírito Santo, o declarastes solenemente vosso Filho, concedei aos
vossos filhos adotivos, renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente
em vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
http://www.domtotal.com/religiao/meu_dia_com_deus/evangelho_dia.php?data=2015-01-11
Homilia do Batismo do Senhor (11.01.2015)
Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Tu és meu Filho amado!”
Abriram-se os céus
A celebração
do Batismo de Jesus está unida à Manifestação do Senhor como o Natal e
Epifania, completando-se com a apresentação de Jesus aos discípulos em Caná.
Deus se manifestou na pessoa de Seu Filho: “Quem me viu, viu o Pai”, diz Jesus
a Filipe.
Esta
Manifestação se destina a levar todos à comunhão de amor que o Pai nos dá em
seu Filho. Quando os hebreus chegaram à Terra Prometida, a arca da aliança
parou no meio do rio e as águas se abriram para o povo passar.
Quando Jesus
entrou nas águas do Jordão, os céus de abriram e o Pai mostrou a nova terra
prometida: Seu amor pelo Filho. Este amor é garantido pela presença do Espírito
que acompanha Jesus e a todos os que O acolherem.
A missão do
Filho que continua o amor do Pai é fazer o bem, como diz Pedro na casa de
Cornélio: “Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando todos os que
estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com Êle” (At 10,38).
Jesus foi
ungido pelo Espírito para fazer o bem. Este é seu poder. Lemos em Isaías que o
Servo de Deus, figura profética de Jesus, é amado por Deus para uma missão de
promover a justiça: “Eu te formei e constituí com centro da aliança do povo,
luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão e
livrar do cárcere os que vivem nas trevas” (Is 42,6-7).
Em cada
batismo realizado na comunidade, não acontece um ato que só interessa
individualmente, mas é um momento da comunidade. Entre todos os dons do
batismo, é importante a entrada na Igreja, Corpo Místico de Cristo. É nela que
se desenvolvem os dons para o serviço de todos.
Interiormente
transformados (oração)
Toda nossa
vida cristã está em Cristo. Dela participamos. O Batismo é nossa adesão a
Cristo e a sua missão. O rito externo da água e das orações explica e realiza
essa transformação interior.
Pelo Batismo
nos é dada a participação no amor do Pai pelo Filho. Somos filhos amados do
Pai, como o Filho bendito Jesus. A voz que veio do alto para Ele, vem para nós
também. Somos Filhos amados do Pai e recebemos dele todo amor. Recebemos o
mesmo Espírito que conduziu e fortaleceu Jesus.
A
transformação interior deve atingir nossas atividades e modo de vida como foi
profetizada pelo Servo, apresentado na primeira leitura, e realizada por Jesus.
A missão de Jesus nasce de sua união com o Pai.
À medida que
nos unimos a Ele participamos da mesma missão e somos objeto do mesmo amor. A
festa de hoje é um convite a assumir o Batismo. É o compromisso que assumimos
quanto ao modo de viver.
“Cristão,
reconhece tua dignidade” diz São Leão Magno, Papa.
Perseverar
constantemente
O Espírito
Santo conduz Jesus em toda sua missão. Após o envio do Espírito em Pentecostes,
é Ele quem dirige a Igreja e está no coração dos fiéis dando os dons, movendo à
missão e discernindo sua vocação na Igreja. Convém escutar o Espírito e seguir
sua inspiração.
Rezamos na
oração: “Concedei aos vossos filhos adotivos, renascido da água e do Espírito
Santo, perseverar constantemente em vosso amor” (oração). Como Jesus, fomos
ungidos pelo Espírito para realizar sua missão.
É necessária
a colaboração pessoal e o empenho em perseverar na graça do sacramento. A
coerência cristã exige fidelidade onde estivermos. Deus não nos persegue.
Providente, acompanha-nos como o fez com Jesus.
Leituras:
Isaias 42,1-4.6-7; Salmo 28/ Atos 10,34-38; Marcos 1,7-11.
Ficha
nº 1404 - Homilia do Batismo do Senhor (11.01.2015)
No ciclo da
Manifestação, temos também o Batismo de Jesus. Ele se destina a levar à
comunhão de amor que o Pai nos dá em seu Filho. Em Jesus vemos o Pai. Jesus
vive o amor do Pai fazendo o bem. O Servo é uma profecia sobre Jesus e seu modo
de viver. O batismo é um ato comunitário.
Entramos em
um corpo, Igreja e nele se desenvolvem os dons que recebemos. Toda a vida
cristã está em Cristo. Dela participamos.
Ele é nossa
adesão a Cristo e sua missão. Pelo Batismo nos é dada a participação do amor do
Pai pelo Filho. Somos filhos amados do Pai. A transformação interior deve
atingir nossas atividades para viver como Jesus.
O Espírito
conduz Jesus em sua missão e nos move à missão e discernimento da vocação.
Pedimos a perseverança no amor e a fidelidade. Deus nos acompanha como o fez
com Jesus.
Bom
de ouvido
Naquele
momento do Batismo de Jesus, os ouvidos amaturecidos pela fé puderam ouvir o
que marca a vida de Jesus: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho todo o meu amor”
(Mc 1,11).
Somente do
Céu podia vir essa voz. Ali é o momento da unção de Jesus para uma
missão. Esta não é tanto dizer coisas, mas ser o carinho de Deus para com
todos, pois Jesus andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os que
estavam dominados pelo demônio porque Deus estava com Êle. O Espírito Santo
sempre o guiou.
O batismo de
Jesus não é igual ao nosso, pois Ele não precisava do perdão do pecado. Mas
mostra como deve ser nossa vida: fazer o bem e viver guiado pelo Espírito
Santo.
Ao sermos
batizados estamos unidos a Ele, pois somos também chamados de filhos amados de
Deus que coloca em nós todo seu amor. Unido ao Natal e Epifania, o Batismo de
Jesus é uma manifestação de Deus em Jesus.
REFLEXÕES DE HOJE
DIA 11 DE JANEIRO - DOMINGO
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11 de fevereiro – Batismo do Senhor
Por Johan Konings, sj
Introdução geral
O sentido principal
da festa do Batismo do Senhor, neste ano B, é a investidura de Jesus como
Messias. O evangelho, próprio do ano B, descreve o batismo de Jesus no Jordão,
quando o Espírito desce sobre ele na forma visível de pomba (Mc 1,7-11). Para
as outras leituras e o salmo responsorial, o lecionário oferece como primeira
opção os mesmos textos que nos anos A e C: a 1ª leitura de Is 42,1-4.6-7 (o
profeta e servo impelido pelo Espírito), a 2ª leitura de At 10,34-38 (Pedro,
proclamando Jesus como ungido por Deus com o Espírito Santo). É uma temática
eminentemente cristológica.
Contudo, o
lecionário prevê textos alternativos para as 1ª e 2ª leituras e o salmo
responsorial. A 1ª leitura alternativa: o convite pronunciado pela boca do
profeta Isaías para “vir às águas” (Is 55,1-11); o salmo responsorial, cujo
refrão canta: “Com alegria bebereis do manancial da salvação” (Is 12,2-6); a 2ª
leitura, o testemunho de Jesus dado pela água e pelo Espírito (1Jo 5,1-9).
Esses textos são menos ilustrativos para o tema cristológico do evangelho, mas,
acentuando o simbolismo da água, podem eventualmente servir para uma reflexão
em torno do batismo cristão. Nosso comentário, porém, seguirá a linha
cristológica dos textos oferecidos como primeira opção.
II Comentário dos
textos bíblicos
1. I leitura (Is
42,1-4.6-7)
O primeiro cântico
do Servo (Is 42) encaminha nossa mente para a compreensão do evangelho.
Apresenta a misteriosa personagem, do tempo do exílio babilônico, à qual foram
dedicados os quatro cânticos do Servo (Is 42,1-7; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12).
O primeiro cântico, lido hoje, apresenta a eleição desse predileto para levar
aos povos e aos continentes (“ilhas”) o verdadeiro conhecimento do Deus de
misericórdia e fidelidade. Ele é a aliança com o povo, a luz das nações, para
restaurar a paz e a felicidade dos oprimidos. Ele é o portador da quase trágica
“eleição” do povo de Israel para, no desterro, ser testemunha do Deus
verdadeiro no meio das nações.
2. II leitura (At
10,34-38)
A 2ª leitura é o
início de outro texto-chave do Novo Testamento: o “querigma” ou anúncio
proclamado por Pedro para os companheiros pagãos do centurião Cornélio, em At
10,34-43. Os vv. 37-43 são praticamente o resumo do Evangelho de Marcos (e de
Lucas) e servem de modelo para o anúncio cristão. Com claro tom de
universalidade, Pedro anuncia a missão de Jesus como Messias e Filho de Deus a
partir de seu batismo por João. A liturgia de hoje apresenta a introdução desse
texto (vv. 34-38): o início da obra de Jesus, a saber, seu batismo por João.
Esse evento é de suma importância, pois significa a investidura de Jesus para
sua missão messiânica. Jesus é o Messias, o “ungido” com o Espírito Santo. O
termo “messias” significa ungido, mas Jesus nunca foi ungido, materialmente,
como rei ou sacerdote. Foi ungido simbolicamente, como profeta. Essa unção com
o Espírito do Senhor, derramado sobre o profeta, é mencionada em Is 61,1, texto
que Lucas elaborou na cena da “pregação inaugural” de Jesus, Lc 4,16-30.
3. Evangelho (Mc
1,7-11)
O evangelho de hoje
mostra o “empoderamento” de Jesus para sua atividade pública, a qual começa com
a proclamação da chegada do Reino de Deus (Mc 1,14-15). O Evangelho de Marcos
abre solenemente com o anúncio, feito por João Batista, da chegada do enviado
escatológico. Em Marcos, diferentemente dos outros evangelhos, faltam as
palavras do anúncio do juízo e da pregação penitencial do Batista (Mt 3,7-10;
Lc 3,7-14). Marcos concentra totalmente a atenção naquele que há de vir. Cita a
frase do Batista: “Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu. Eu nem
sou digno de, abaixando-me, desatar a correia de suas sandálias” – tarefa do
escravo ou do discípulo a serviço de seu “rabi”.
Quando Jesus
participa com seu povo do despertar messiânico provocado pelo Batista, Deus lhe
dá a investidura como Messias. Enquanto João Batista batiza com água, o “mais
forte” chega para batizar com Espírito Santo. O batismo de João era um rito de
conversão para o povo de Israel. João o administrava lá onde o povo pudesse se
reunir, independentemente do Templo de Jerusalém. Escolheu para esse rito as
águas do rio Jordão, que, muitos séculos antes, o povo tinha atravessado para
entrar na terra prometida. Era como se agora renovassem essa experiência.
Jesus, todo entregue ao projeto de Deus, seu Pai, não podia faltar a esse
evento, movimento de preparação messiânica e expressão pura e livre da piedade
de seu povo, o povo judeu. Mas a atividade de Jesus nos leva a outro nível.
João pertence a um
degrau preparatório na história da salvação. Jesus vem depois dele, mas isso
não é um “depois” como o do discípulo que segue o mestre. Significa o novo
tempo que suplanta o anterior. É o tempo da efusão do Espírito anunciada pelos
profetas (cf. Ez 36,26-27: espírito novo nos corações; Jl 3,1-2: efusão
escatológica do Espírito). O suposto seguidor do Batista é, na realidade,
aquele que batiza com o Espírito Santo. E como ninguém pode dar o que não
recebeu, conta-se como Jesus recebeu, por ocasião do batismo, o Espírito de
Deus.
É um momento
escatológico, quase apocalíptico: Jesus vê o céu “rasgar-se”, como na invocação
da vinda salvadora de Deus proclamada por Isaías (Is 63,19). A voz de Deus,
representada pela visão da ave mensageira, proclama a investidura de Jesus como
rei messiânico, com a fórmula que lembra a investidura dos reis: “Tu és meu
filho” (cf. Sl 2,7). A fórmula é completada pelo termo “amado”, que exprime a
eleição por Deus, e seguida da declaração: “em ti ponho meu benquerer”
(lecionário), “em ti está meu agrado” (Bíblia da CNBB). Sobre Jesus, que recebe
o Espírito de Deus, está o agrado ou o benquerer de Deus, isto é, sua vontade
salvífica. Deus não está querendo dizer que o seu amado é “agradável”, e sim
que ele executará o agrado de Deus, a saber, a obra da salvação. Pode-se
parafrasear: “Coloco sobre teus ombros a obra que eu quero realizar”.
É de notar que, no
Evangelho de Marcos, só Jesus vê o céu aberto e ouve a voz (os outros
evangelistas apresentam a cena de modo mais público). Isso se deve, em parte,
ao fato de a investidura ser dirigida ao novo rei individualmente (cf. Sl 2,7).
Mas, em Marcos, há algo a mais. O conhecimento e a compreensão da missão
messiânica de Jesus se dão progressivamente. A fórmula é retomada bem no meio
do Evangelho de Marcos, na transfiguração de Jesus (Mc 9,7), depois da
confissão de fé feita por Pedro (Mc 8,29) e da subsequente correção do conceito
de Messias no primeiro anúncio da Paixão (Mc 8,31-33). Jesus toma consigo os
três discípulos mais representativos, que no alto da montanha recebem uma visão
de Jesus glorioso. A esses é revelado o que, na cena do batismo (segundo
Marcos), foi proclamado só para Jesus: “Este é o meu Filho amado, escutai-o”
(Mc 9,7). E, no fim do evangelho, quando Jesus cumpre a sua missão, dando sua
vida, um soldado romano, representante do mundo inteiro ao qual se destina a
salvação, exclama: “Este homem era verdadeiramente (o) Filho de Deus” (Mc
15,39). Só nesse momento fica claro de que modo Jesus assume o “agrado”, o
plano salvífico de Deus, de acordo com sua exclamação na hora da agonia: “Não o
que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14,38). Assim, Marcos estende por sobre
todo o seu evangelho o que se costuma chamar o “segredo messiânico”, a
revelação do Filho de Deus que se completa na cruz. O batismo engaja Jesus
nessa missão.
III. Dicas para a
reflexão
O Natal se prolonga
nas festas da Epifania e do Batismo de Jesus, que têm em comum a ideia da
manifestação de Deus ao mundo em Jesus de Nazaré. Deus se manifestou ao próprio
Jesus para lhe confiar sua missão.
A 1ª leitura
apresenta o “Servo de Deus” de que fala o profeta Isaías. “Servo” (= ministro,
encarregado) é um título que pode ser aplicado ao rei, ao profeta ou até ao
próprio povo da Aliança. Na sua disposição a executar o projeto de Deus, o
“servo” prefigura Jesus. A 2ª leitura conta como, depois de Pentecostes, os
apóstolos proclamam Jesus, chamando-o com o nome bíblico de “Ungido de Deus” –
em hebraico, Messias: ungido com o Espírito Santo.
É isso que o
evangelho descreve. Jesus tinha-se integrado no movimento de João Batista, que
fez reviver a voz profética, silenciada durante séculos. Agora, no momento em
que Jesus recebe das mãos de João o batismo no rio Jordão, Deus lhe dá “sinal
verde” para sua própria missão: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu
benquerer”. “Filho de Deus” era um título dado ao rei (Davi). Num sentido
infinitamente mais rico, esse título cabe a Jesus. Deus o “empodera” como
executor de seu benquerer, realizador de seu reinado. Desce sobre Jesus o
Espírito de Deus: sua força, seu dinamismo, seu calor, sua sabedoria… O reinado
que ele vai instaurar supera de longe o de Davi. É um projeto divino, para que
Deus reine nos corações humanos e em todas as estruturas da comunidade humana e
para que seus “aliados” realizem a justiça e o amor.
Jesus assumiu sua
“nomeação” e deu a vida para cumpri-la: para desmascarar o cinismo e a
hipocrisia dos chefes religiosos e políticos; para ensinar o plano de Deus ao
povo entregue às mãos dos poderosos; para formar um grupo de discípulos que
entendessem sua proposta – ao menos, depois de sua morte e ressurreição…
Jesus assumiu a
realização da vontade do Pai. Anunciou a justiça e a misericórdia de Deus aos
que mais as esperavam: os pobres, os excluídos. Pregou a libertação, o fim do
mal que domina este mundo. Mas ele não quis ficar sozinho. Formou uma
comunidade que continuasse sua missão. Essa comunidade se marca com o mesmo
sinal que Jesus quis receber juntamente com seu povo em busca de renovação: o
batismo. Os que sucedem Jesus no empenho pelo reinado de Deus trilharão o seu
caminho assumindo tudo o que colabora para a justiça concebida por Deus, assim
como Jesus assumiu o movimento lançado por João Batista. E, sobretudo, voltarão
o ouvido e o coração à voz que vem do Pai, para que se realize o que diz a
oração final desta liturgia: “Chamados filhos de Deus, o sejamos de fato”.
Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica,
reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia
e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de
Lovaina. Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte.
Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo
Testamento (tradução), evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica
bíblica.Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia;
A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos
fiéis – anos A-B-C.
E-mail: konings@faculdadejesuita.edu.br
11 de janeiro:
Batismo do Senhor
JESUS É O FILHO DE
DEUS
O Evangelho de Marcos inicia-se com João Batista pregando um batismo de
conversão e profetizando a chegada de alguém mais forte do que ele, o Messias,
salvador e Filho de Deus. João não é nem digno de se abaixar aos pés do
anunciado. Ele batiza com água, mas o que virá batizará com o Espírito Santo.
Nisso aparece Jesus para ser batizado: os céus se abrem, ele vê o
Espírito Santo se fazer presente em sua vida e ouve a voz do Pai, que o
proclama seu Filho amado. João Batista sai de cena e entra Jesus, anunciando
seu projeto.
Os céus “estavam fechados”, parecendo estar obstruída a comunicação
entre o céu e a terra, entre o divino e o humano. Havia a necessidade de romper
essa barreira invisível e estabelecer a comunicação com o transcendente. Havia
a sensação de que Deus estava isolado e longe da humanidade.
Com a vinda do Espírito Santo sobre Jesus, os céus “são rasgados” e
volta a se estabelecer a comunicação do divino com o humano. Finalmente é
possível o encontro e a convivência com Deus. Um homem cheio do Espírito
perambula pelas terras da Palestina, anunciando o reino de Deus.
Movido pelo Espírito Santo, Jesus cura, liberta, transforma e renova as
pessoas e todas as coisas. À semelhança do caos do início da criação que se
transforma em cosmos com o sopro divino, a nova humanidade nasce com a chegada
do Filho de Deus, iluminado e guiado pelo Espírito.
Graças ao Espírito Santo que recebemos no batismo, também nos tornamos
novas criaturas. Somos integrados a uma comunidade, a Igreja.
Sem esse Espírito de Deus, nossa vida é morna, sem compromisso e sem
verve, a alegria esmorece, a esperança morre, os medos tornam-se fantasmas a
nos atormentar. Se não nos deixamos animar e recriar por esse Espírito, não
temos como contribuir para a nossa comunidade nem apontar novo rumo para a
sociedade, tão necessitada de valores que dignifiquem e defendam a vida da
humanidade.
Reflexão:
João pregava e batizava. Por sua
pregação, as pessoas eram convidadas a se manter fiéis ao projeto de Deus e
acolher o Messias. Por seu batismo, deviam mudar de vida: batismo de conversão.
“Mais forte” do que João, o Messias haveria de batizar com o Espírito Santo.
Portanto, não batismo com água de rio, mas com o “vento” que desce do céu e
renova a vida. Eis que Jesus vem de Nazaré da Galileia e se apresenta para
receber o batismo de João. Nessa circunstância, Jesus testemunha a presença do
Espírito Santo, que desce sobre ele em forma de pomba (cf. Gn 1,2: primeira
criação) e a manifestação do Pai, cuja voz ecoa solenemente: “Tu és o meu Filho
amado. Em ti eu me agrado”. Este é o Messias servidor que, mediante o serviço,
implantará entre nós o Reino de Deus.
Extraído do livro:
Dia a dia com o Evangelho 2015: Texto
e comentário – Ano B – São Marcos. Autor: Padre Luiz Miguel Duarte.
Rasgaram-se os céus
Nosso Senhor, sendo Deus, não precisava
entrar na fila dos pecadores e ser batizado por São João Batista. Com grande
humildade, porém, Ele quis que se cumprisse toda a justiça [1]. A Igreja sempre
interpretou esse gesto como uma prefiguração do que Cristo fez na Cruz, tomando
sobre Si os nossos pecados. Comenta o Papa Bento XVI:
"O que é verdadeiramente novo é
que Jesus queira ser batizado, que entre na multidão triste dos pecadores, que
aguardam nas margens do rio Jordão. O batismo implicava uma confissão dos
pecados. Na sua essência, era uma confissão dos pecados e a tentativa de se
despojar de uma vida falhada e de receber uma nova vida. Podia Jesus fazer
isso? Como Ele podia confessar pecados?"
(...)
"Porque se na descida a este
batismo estão contidos uma confissão dos pecados e um pedido de perdão para um
novo começo, então também está contida neste sim a toda a vontade de Deus num
mundo marcado pelo pecado uma expressão da solidariedade com os homens, que se
tornaram culpados, mas que se dirigem para a justiça. Somente a partir da cruz
e da ressurreição é que todo o sentido deste processo se tornou reconhecível.
Ao descerem para a água, os batizandos confessam os seus pecados e procuram ser
libertos deste peso que representa terem caído na culpa. O que é que Jesus fez
então? S. Lucas, que em todo o seu Evangelho dirige um olhar atento à oração de
Jesus, que o representa sempre como orante – em conversa com o Pai –, diz-nos
que Jesus recebeu o batismo enquanto orava (3, 21). A partir da cruz e da
ressurreição tornou-se claro para a cristandade o que estava acontecendo: Jesus
tomou sobre os seus ombros o peso da culpa de toda a humanidade; levou-a pelo
Jordão abaixo. Ele inaugura-o com a antecipação da cruz. Ele é, por assim
dizer, o verdadeiro Jonas, que disse para os marinheiros: 'Pegai em mim e
atirai-me ao mar' (Jn 1, 12). Todo o significado do batismo de Jesus, o seu
levar 'toda a justiça', só na cruz é que se revela: o batismo é a aceitação da
morte pelos pecados da humanidade, e a voz do batismo – 'Este é o meu filho
bem-amado' (Mc 3, 17) – é já um chamado de atenção para a ressurreição. Assim
se compreende também como na própria linguagem de Jesus a palavra 'batismo'
aparece como designação da sua morte (Mc 10, 38; Lc 12, 50)." [2]
De fato, a eficácia do nosso Batismo
depende diretamente de Cristo crucificado, de cujo lado aberto brotaram sangue
e água [3]. "O sangue e a água que escorreram do lado traspassado de Jesus
crucificado são tipos do Batismo e da Eucaristia, sacramentos da vida
nova" [4]. Por meio dos Sacramentos, Cristo perpetua na história a
eficácia da Redenção.
Mas, era conveniente que Nosso Senhor
fosse batizado? Santo Tomás responde:
"Era conveniente que Cristo fosse
batizado (...) porque, como diz Ambrósio: 'O Senhor foi batizado não porque
quisesse ser purificado, mas querendo purificar as águas, para que limpas pela
carne de Cristo, que não conheceu o pecado, tivessem a força do batismo'. E
Crisóstomo acrescenta: 'Para deixá-las santificadas para os que haveriam de ser
batizados depois." [5]
Ao invés de Ele ser purificado pelas
águas, elas foram santificadas por Ele. Assim como, na Eucaristia, ao invés de
o alimento se unir ao nosso corpo, somos nós quem nos unimos ao alimento, que é
Cristo, no Seu Batismo, não é Ele quem é purificado, mas as águas que O
batizam.
E por que Nosso Senhor foi batizado no
rio Jordão? O Aquinate, novamente, responde:
"Foi pelo rio Jordão que os filhos
de Israel entraram na terra prometida. Ora, o que tem de especial o batismo de
Cristo com relação a todos os outros batismos é que introduz no reino de Deus,
simbolizado pela terra prometida. Por isso diz o Evangelho de João: 'Ninguém
pode entrar no reino de Deus, a não ser que nasça da água e do Espírito Santo'.
É nesse sentido também que Elias dividiu as águas do Jordão, antes de ser
arrebatado ao céu numa carruagem de fogo, pois o fogo do Espírito Santo abre a
entrada do céu aos que atravessam as águas do batismo. Por isso convinha que
Cristo fosse batizado no Jordão." [6]
O Evangelho diz, no versículo 10, que
Cristo, "logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como
pomba, descer sobre ele". No original grego, o verbo utilizado para
designar os céus que se abrem é "σχιζομένους", que quer dizer
"rasgar". É a mesma palavra usada para se referir ao véu do Templo
que se rompe de alto a baixo [7] e às vestes de Cristo, que os Seus carrascos
decidiram não rasgar [8]. Perguntando se os céus deviam "rasgar-se"
depois do batismo de Cristo, o Doutor Angélico considera três aspectos:
"Como já foi dito, Cristo quis ser
batizado para consagrar com seu batismo aquele com o qual nós seríamos
batizados. Por isso, no batismo de Cristo devia manifestar-se tudo o que diz
respeito à eficácia de nosso batismo. A esse propósito devemos considerar três
aspectos. Primeiro, a força principal da qual o batismo recebe sua eficácia,
que é a força celeste. Por isso, uma vez batizado Cristo, o céu se abriu para
mostrar que, doravante, uma força celeste santificaria o batismo."
"Segundo, para a eficácia do
batismo cooperam a fé da Igreja e a fé daquele que é batizado; por isso, os que
são batizados fazem a profissão de fé e o batismo é chamado sacramento da fé.
Pela fé contemplamos as realidades celestes, que superam os sentidos e a razão
humana. Para expressar isso se abriram os céus depois do batismo de
Cristo."
"Terceiro, pelo batismo de Cristo
especialmente que se abre para nós a entrada no reino dos céus, que tinha sido
fechada pelo pecado ao primeiro homem. Por isso, os céus se abriram depois do
batismo de Cristo, para mostrar que o caminho do céu está aberto para os
batizados." [9]
Santo Tomás ainda tece algumas
considerações sobre a importância da oração, a partir da narrativa de São
Lucas: "Cristo, batizado, estava em oração, o céu se abriu e o Espírito
Santo desceu sobre ele" [10]. Ele diz:
"Mas, depois do batismo, o homem
precisa da oração constante para entrar no céu; pois, mesmo que os pecados
sejam perdoados pelo batismo, permanece a atração ao pecado que nos ataca
interiormente, e o mundo e os demônios que nos atacam exteriormente. Por isso,
claramente diz o Evangelho de Lucas que 'depois de ter sido batizado Jesus, e
enquanto orava, se abriram os céus', porque a oração é necessária aos fiéis
depois do batismo. – Ou ainda, para dar a entender que o fato de se abrir o céu
aos crentes pelo batismo que se deve à força da oração de Cristo. Por isso,
claramente diz o Evangelho de Mateus: 'Abriram-se-lhe os céus', isto é, e a
todos por causa dele, como se um imperador dissesse a alguém que pede uma graça
para outrem: 'É a ti que faço este favor e não a ele', ou seja, 'a ele, por tua
causa', como afirma Crisóstomo." [11]
Quando fomos batizados, os céus se
abriram para nós, mas não podemos descuidar da oração, sem a qual estaremos
indefesos contra os três inimigos da alma: a carne, o mundo e o diabo. Por
isso, ao recebermos este Sacramento, além de professarmos a fé, somos chamados
a renunciar a Satanás, às suas obras e seduções.
A oração é necessária porque a graça
atual é necessária. Se estamos em estado de graça habitual,
todos os dons e virtudes estão em nosso coração, mas, se não rezamos, eles permanecem
inoperantes. Neste Domingo, tomemos a firme resolução, o propósito de ter uma
vida séria e comprometida de oração. Porque, sem ela, estamos na rampa do
inferno, sem proteção contra os inimigos de nossa alma e de nossa salvação e
sem as graças necessárias para amar a Deus. T
Referências:
Cf. Mt 3, 15.
Papa Bento XVI. Jesus de Nazaré:
primeira parte: do batismo do Jordão à transfiguração. São Paulo: Editora
Planeta do Brasil, 2007. p. 32-34.
Cf. Jo 19, 34.
Catecismo da Igreja Católica, 1225.
Suma Teológica, III, q. 39, a. 1.
Ibidem, III, q. 39, a. 4.
Cf. Mt 27, 51.
Cf. Jo 19, 24.
Suma Teológica, III, q. 39, a. 5.
Lc 3, 21-22.
Suma Teológica, III, q. 39, a. 5.
Liturgia de 11.01.2015 - Batismo do Senhor
Canal do Youtube
HOMILIA - Mc
1,7-11
O BATISMO DE
JESUS
João Batista não negava que em sua vida havia
poder do Alto para operar a obra que já havia sido designada por Deus a ele
desde a época dos profetas. Esse poder consistia na pregação do Reino e na
remissão dos pecados pelo arrependimento, externado no rito do batismo nas
águas.
Hoje nossa cultura religiosa limita o poder do
Alto essencialmente a manifestação de milagres de cura e operações
sobrenaturais, pelo simples fato de que estes sinais aconteciam no ministério
de Jesus. Mas releva-se que o contexto onde estes eventos sobrenaturais
aconteciam, eram no fundo para servirem de confronto com a mentalidade
religiosa e estas operações sempre serviram para que a consciência dos participantes
e espectadores se convertesse de sua acomodação e limitação espiritual.
Reitero que creio em milagres e operações
sobrenaturais, no entanto, não firmo minha fé exclusivamente nessas
ocorrências. Deus pode não achar bom curar determinadas pessoas, por motivos
que competem exclusivamente a Ele decidir não curar ou fizer o milagre que acho
necessário que aconteça. Mesmo diante desse contexto, Ele não deixará de ser
Deus. Mas se firmar minha fé somente no que vejo de extraordinário, caso um
não-milagre aconteça, minha fé corre o sério risco de revelar-se superficial e
inoperante para trazer paz a minha vida em momentos de aflição.
O ato de retirar as sandálias era uma função
dos escravos da casa de um nobre, para após isso lavar os pés e ungi-los com óleo
para que se re-hidratassem da caminhada no clima árido do deserto. Portanto era
uma posição de máxima subserviência ao amo. Observe-se que desamarrar era o
mais simples ato deste costume comum á época, que implicava em curvar-se para
tanto, um sinal que no contexto espiritual significa reverenciar a Deus.
Por saber que o seu
poder vem de Deus, João Batista submete-se a autoridade d´Ele pois sabia que
ele somente prenunciava O mais poderoso que ele haveria de vir, colocando-se
numa posição de máxima subserviência, como os escravos que lavavam e hidratavam
os pés do amo e seus convidados.
Mesmo com esse
poder, João Batista sabia que por mais que o batismo nas águas significasse que
o interior do ser havia se conscientizado do pecado e do amor de Deus em implantar
seu Reino entre os arrependidos, esse batismo não era suficiente para fazer o
homem a mudar seu instinto natural ao pecado, necessitando da intervenção
divina na vida do ser, o que só se realizaria com o batismo com o Espírito
Santo que só Jesus pode promover.
Para que essa possibilidade se tornasse
realidade, Jesus cumpriu o rito do batismo do arrependimento, mesmo sendo Ele
um Rabi, que quer dizer Mestre. Esse batismo do arrependimento de Jesus foi
também Seu batismo com e no Espírito Santo, uma vez que o Espírito Santo desceu
como uma pomba sobre Ele. E uma voz se fez ouvir: Tu és o meu Filho querido e
me dás muita alegria.
Pensemos: se Jesus
sendo um dos mestres judaicos, em se “arrependendo” e do ponto-de-vista
demonstrado na bíblia de que Cristo padeceu na carne do todo tipo de tentação e
inclinação carnal, portanto passível de arrependimento também como homem, abriu
a possibilidade para que Deus desse de Seu Espírito para Ele, então essa
possibilidade também está aberta a todos que assim o desejem!
Esse objetivo divino -fazer com que Seu
Espírito faça habitação em todos os que se arrependem- é cumprido em Cristo em
seu batismo no Rio Jordão. E o júbilo do Senhor em ver esse objetivo cumprido
em Jesus é traduzido por seu inesperado rompante declarando Sua alegria em ver
seu filho amado cumprindo Sua vontade. O Espírito Santo é Deus nos guiando em
toda a verdade, fazendo florescer os dons –em especial o do amor- e dando-nos a
capacitação para mudarmos nossa mentalidade corrompida, frutificando em obras e
vida plena.
Como vives o teu batismo? Quero recordar-te que
o nosso batismo é um compromisso de seguimento de Jesus, na transformação deste
mundo pelo amor de Deus, incutido em nosso coração por Jesus hoje batizado no
Jordão por João Batista.
Fonte Padre BANTU SAYLA
HOMILIA
O batismo no Espírito Santo realiza uma obra
nova em nós
O Espírito que recebemos em nós, pela graça do
batismo, nos unge, nos consagra, nos envia, nos refaz, nos cura, nos liberta e
nos restaura!
“E logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como
pomba, descer sobre ele” (Marcos 1, 10).
Nós hoje celebramos a Festa do Batismo de Jesus. O batismo de
Jesus tem muito a nos ensinar, nós que somos batizados e, como batizados, somos
discípulos seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A
primeira coisa é que, São João, aquele que batizava nas águas, veio nos mostrar
que o seu batismo não é como o de Jesus; o batismo que Ele nos traz não se
compara a nenhuma outra graça! O batismo nos dá o Espírito Santo, que se
apodera e toma posse de nós por intermédio dessa graça [do batismo].
Nós
não podemos considerar o fato de o Espírito vir sobre nós como uma coisa
qualquer, simples ou irrelevante; ao contrário, o Espírito, que desceu
sobre Jesus, é o mesmo que desce sobre nós, nos unge, nos consagra e nos torna
configurados a Cristo (Sacerdote, Profeta, Rei) e nos faz missionários e
discípulos do amor de Deus.
O
batismo confere as graças fundamentais para a nossa vivência da fé cristã, e a
primeira e a principal delas é nos dar a graça de nos tornarmos templos do
Espírito Santo. O mesmo Espírito, que estava e está em Jesus, está em nós! E
podemos observar pelo relato dos Evangelhos que esse Espírito que conduzia
Jesus, O conduzia a pregar, a ensinar, a curar, a libertar; e O colocava em
sintonia com o Pai.
Da
mesma forma, o Espírito que recebemos em nós, pela graça do batismo, nos unge,
nos consagra, nos envia, nos refaz, nos cura, nos liberta e nos restaura!
Enfim, o Espírito Santo de Deus realiza uma obra nova de Deus em nossa vida,
pois, com Ele, nos tornamos templos vivos, lugar da morada d’Ele.
Aquilo
que Jesus ouviu hoje, nessa passagem bíblica, uma voz vinda do céu, porque o
Espírito pairava sobre Ele, é a voz do Pai que também branda em nosso coração,
em nosso peito. Quando nos abrimos para a graça do Espírito é a voz do Pai que
nos diz : “Este é o meu filho amado!”.
Em
nós, em nossa vida, está o “bem-querer” de Deus, nós precisamos viver como
batizados e levar nosso batismo a sério. Não podemos viver no mundo como se
fôssemos pagãos, como se não conhecêssemos a Deus, como se não tivéssemos
recebido a graça, o poder e o penhor do Espírito.
A
mesma unção que pairava sobre Jesus, que ela paire sobre nós, que ela nos
consagre, que nos revitalize, que nos faça nascer de novo pela água e pelo
Espírito! O Espírito de Deus está sobre nós e queremos viver a graça de sermos
batizados!
Deus
abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. https://www.facebook.com/rogeraraujo.cn
LEITURA ORANTE
Mc 1,7-11 - Jesus é batizado
- A nós, a paz
de Deus, nosso Pai, a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na
comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus
que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparo-me para a
Leitura, rezando:
Jesus Mestre, ficai
conosco,
aqui reunidos (pela
grande rede da internet),
para melhor meditar e
comungar com a vossa Palavra.
Oferecimento do dia
Adoro-vos, meu Deus, amo-vos de todo o meu coração.
Agradeço-vos porque me criastes, me fizestes cristão, me conservastes a vida e a saúde.
Ofereço-vos o meu dia: que todas as minhas ações correspondam à vossa vontade.
E que faça tudo para a vossa glória e a paz das pessoas.
Livrai-me do pecado, do perigo e de todo o mal.
Que a vossa graça, benção, luz e presença permaneçam sempre comigo
e com todos aqueles que eu amo. Amém.
(Orações da Família Paulina)
Adoro-vos, meu Deus, amo-vos de todo o meu coração.
Agradeço-vos porque me criastes, me fizestes cristão, me conservastes a vida e a saúde.
Ofereço-vos o meu dia: que todas as minhas ações correspondam à vossa vontade.
E que faça tudo para a vossa glória e a paz das pessoas.
Livrai-me do pecado, do perigo e de todo o mal.
Que a vossa graça, benção, luz e presença permaneçam sempre comigo
e com todos aqueles que eu amo. Amém.
(Orações da Família Paulina)
1. Leitura (Verdade)
O
que diz o texto do dia?
Leio na Bíblia Mc 1,7-11
Naqueles dias, Jesus foi da Galiléia até o rio Jordão a fim de ser batizado por João Batista. Mas João tentou convencê-lo a mudar de idéia, dizendo assim:
- Eu é que preciso ser batizado por você, e você está querendo que eu o batize?
Mas Jesus respondeu:
- Deixe que seja assim agora, pois é dessa maneira que faremos tudo o que Deus quer.
E João concordou.
Logo que foi batizado, Jesus saiu da água. O céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre ele. E do céu veio uma voz, que disse:
Leio na Bíblia Mc 1,7-11
Naqueles dias, Jesus foi da Galiléia até o rio Jordão a fim de ser batizado por João Batista. Mas João tentou convencê-lo a mudar de idéia, dizendo assim:
- Eu é que preciso ser batizado por você, e você está querendo que eu o batize?
Mas Jesus respondeu:
- Deixe que seja assim agora, pois é dessa maneira que faremos tudo o que Deus quer.
E João concordou.
Logo que foi batizado, Jesus saiu da água. O céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre ele. E do céu veio uma voz, que disse:
- Este é o meu Filho querido, que me dá muita alegria!
O batismo de Jesus é considerado a segunda epifania ou manifestação. A primeira foi ao magos. No batismo, Jesus se integra à comunidade cristã e aos judeus presentes. Naquela cerimônia, o que era sinal de arrependimento para o povo, para ele é sinal de justiça. E justiça, na Bíblia, significa, amor de Deus para todos. Para todos! Assim, ungido, Jesus declara sua missão.
O batismo de Jesus é considerado a segunda epifania ou manifestação. A primeira foi ao magos. No batismo, Jesus se integra à comunidade cristã e aos judeus presentes. Naquela cerimônia, o que era sinal de arrependimento para o povo, para ele é sinal de justiça. E justiça, na Bíblia, significa, amor de Deus para todos. Para todos! Assim, ungido, Jesus declara sua missão.
Quando Jesus saiu da
água, aconteceu a manifestação da Santíssima Trindade: "viu o Espírito de
Deus" e ouviu o testemunho amoroso do Pai: "Este é o meu Filho
querido".
No Batismo de cada
cristão ouve-se também esta proclamação: "Eu te batizo em nome do Pai, e
do Filho e do Espírito Santo".
2.
Meditação (Caminho)
O que o texto diz
para mim, hoje?
O nosso batismo deriva do batismo de Cristo. Ser
batizado é ser enxertado em Cristo, é aceitar a justiça e os desafios
provenientes do anúncio do Evangelho. Ser imerso na água do batismo é aceitar
morrer ao pecado. Disseram os bispos, em Aparecida: "Ao receber a
fé e o batismo, os cristãos acolhem a ação do Espírito Santo que leva a
confessar a Jesus como Filho de Deus e a chamar Deus “Abba”(Paizinho!). Como
todos os batizados e batizadas da América Latina e do Caribe “através do
sacerdócio comum do Povo de Deus”, somos chamados a viver e a transmitir a
comunhão com a Trindade, pois “a evangelização é um chamado à participação da
comunhão trinitária” (DAp 157).
3.Oração
(Vida)
O que o texto me
leva a dizer a Deus?
Renovo o meu
Batismo, renovando a minha fé e meu compromisso cristão.
Creio em Deus-Pai,
todo poderoso,
criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo seu único filho, Nosso Senhor,
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria
Padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu a mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso,
de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna.
Amém.
criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo seu único filho, Nosso Senhor,
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria
Padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu a mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso,
de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna.
Amém.
4.Contemplação
(Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus. Vou viver a minha vida cristã coerente com meus compromissos do meu batismo, em contínua conversão e dando testemunho de minha fé.
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus. Vou viver a minha vida cristã coerente com meus compromissos do meu batismo, em contínua conversão e dando testemunho de minha fé.
Bênção
- Deus nos abençoe
e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a
sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o
seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus
misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia
Silva, fsp
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