ANO A
Jo 2,13-22
Comentário do
Evangelho
Jesus é o verdadeiro Templo, o
lugar em que Deus habita.
Com as nuances próprias a cada evangelista, o episódio da
purificação do Templo encontra-se também nos evangelhos sinóticos (Mt 21,12-13;
Mc 11,11.15-17; Lc 9,45-46). Era escandaloso o que acontecia no Templo, de modo
especial nas grandes festas judaicas e, sobretudo, na Páscoa. Os sumos sacerdotes
e toda a aristocracia ligada ao Templo se aproveitavam das festas religiosas
para intensificar o comércio e, consequentemente, o câmbio de moedas.
Aproveitam-se da obrigatoriedade que todo judeu piedoso tinha de oferecer
sacrifícios e das longas distâncias que os peregrinos percorriam para chegarem
a Jerusalém, a fim de comercializarem todo tipo de animais prescritos pela Lei
para serem oferecidos em sacrifício. Além disso, a moeda para a compra tinha de
ser pura, isto é, não podia conter nenhuma efígie ou inscrição que pudesse
denotar idolatria. Daí a necessidade de os compradores terem de trocar suas
moedas pela moeda “pura” do Templo de Jerusalém, inclusive para fazerem as
ofertas voluntárias que eram depositadas nos cofres (cf. Lc 21,1-4). A cena é
dramática: com um chicote, Jesus expulsa do Templo comerciantes e cambistas. A
razão da atitude de Jesus, sentida como violenta pelos judeus, é dada pela
evocação de uma passagem do profeta Zacarias: “… Já não haverá mercadores no
Templo do Senhor dos exércitos” (Zc 14,21) e pela recordação dos discípulos que
encontram no Sl 69,10 uma justificativa pelo que Jesus fez. A pergunta dos
judeus a Jesus é pelo significado do gesto. Ao que Jesus responde, em primeiro
lugar, numa profecia ex eventu, de que o Templo construído por mãos humanas
será destruído e passará, e, em segundo lugar, revela um novo lugar da
habitação de Deus. Jesus é o verdadeiro Templo, o lugar em que Deus habita;
onde Ele é encontrado e se deixa encontrar. Ele é que será destruído, na morte
violenta numa cruz, mas reerguido pelo poder de Deus, com sua gloriosa
ressurreição. O anúncio da destruição do Templo de Jerusalém é anúncio,
igualmente, da abolição dos sacrifícios antigos, pois eles não podiam salvar os
homens de seus pecados; somente o Cristo que ofereceu o sacrifício de sua vida
de uma vez por todas e entrou no santuário eterno é que salva toda a humanidade
(cf. Hb 9,1-14; 10,11-18).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Senhor Jesus, que eu tenha pelas coisas do
Pai o mesmo zelo que tiveste, sabendo reconhecer as exigências práticas da
minha fé.
Vivendo a Palavra
Jesus ensina o respeito à santidade do Lugar Sagrado. O Templo é o
refúgio que buscamos para enxergar em profundidade a nossa vida no mundo e nos
inspirarmos para a caminhada de conversão. Jamais será um mercado onde visamos
a aumentar os tesouros que ladrões roubam e a ferrugem corrompe.
Reflexão
O templo deve nos levar à reflexão sobre a realidade da
morada de Deus entre os homens e a importância dessa morada. É claro que
reconhecemos a presença de Deus nos nossos templos e sempre nos encontramos com
ele, seja na visita ao Santíssimo Sacramento ou na participação nas diversas
celebrações litúrgicas. Mas também devemos nos lembrar que o verdadeiro templo
de Deus é aquele formado de pedras vivas e que tem como alicerce o próprio
Jesus. Portanto, de nada adiante para nós uma religião que valoriza a presença
de Deus nos templos materiais construídos por mãos humanas, construção essa
muitas vezes marcadas pelo pecado e pela iniqüidade, e não valorizarmos os
verdadeiros templos, ou seja, os nossos irmãos e irmãs.
HOMILIA
Homilia para a Dedicação da Basílica S.
João de Latrão (09.11.14)
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R.
“O zelo por sua casa me devora”
Basílica de S. João de Latrão
Nos primeiros séculos do cristianismo não havia
igrejas para as celebrações. Os cristãos se reuniam pelas casas chamadas domus
ecclesiae, isto é, casas da comunidade. Papa, bispos, sacerdotes e celebrações
eram simples e diferentes.
No ano 313 o imperador Constantino permitiu a
religião cristã no império romano. Então se construíram as basílicas para as
reuniões do povo e as celebrações. A primeira basílica foi a de S. João de
Latrão.
O nome Latrão vem de Laterani, nome da família que
tinha casa naquele local. Sua casa foi destruída por Nero no ano 60. Ali
foi construindo um palácio em 161. Constantino o deu ao Papa Melquíades.
A dedicação da Basílica foi presidida pelo Papa
Silvestre I no ano 324, dedicada ao Divino Salvador, mais tarde a S. João
Batista. Celebrar a dedicação – consagração de uma Igreja, mais que celebrar a
lembranças de uma data de um prédio, é celebrar o nascimento de uma comunidade.
Esta basílica é chamada de mãe de todas as igrejas
da terra. É a primeira igreja a ser construída. Entramos numa fase nova do
cristianismo que passa a ter templos. Modifica-se muito o estilo de
Igreja e perde-se bastante do ensinamento: “adorar a Deus em Espírito e
Verdade”.
Mas, mesmo com os belos templos de tijolo ou os
pobrezinhos de adobe e capim que usei nas aldeias da Angola, o fundamental não
pode ser perdido: adorar em espírito e verdade (Jo 3,24).
Purificando o templo
A cena de Jesus purificando o templo é assustadora.
Até os humildes foram tocados, mas com menos força. Ele amava o templo,
coração da fé do povo.
Tinha zelo pela casa do Pai, com diz a Escritura:
“O zelo por tua casa me consumirá” (Sl 69,10). O povo era explorado no templo
que se transformou em uma casa de comércio onde se vendiam os animais para os
sacrifícios e trocavam as moedas pela moeda do templo. Esta era pura para ser
usada mas também explorada. Jesus faz uma profecia sobre o templo que vai ser
destruído e Ele, Messias de Deus, será o novo templo. Nele encontramos Deus.
Na Ressurreição Jesus toma o lugar deixando fora
todas as outras mediações para o encontro com Deus. As comunidades,
simbolizadas pelas igrejas, têm que ser sempre purificadas de todos os males
que prejudicam o povo e o relacionamento com Deus. O culto deve ser de doação,
de disponibilidade e de serviço humilde, como é o Corpo de Cristo Ressuscitado.
Nascente das águas
A leitura de Ezequiel nos mostra a água que nasce
do templo e aumenta purificando, dando fertilidade e vida. Representa a
presença do Senhor no meio do povo. Jesus é a água viva. De seu peito aberto
pela lança sai a água e o sangue. Mata nossa sede de Deus e nos alimenta com
seu sangue que é vida.
A celebração da benção e dedicação da primeira
igreja da cristandade leva-nos a fazer memória de nossas comunidades e das
pessoas que foram nossos pais na fé. Anima-nos a purificar nossas comunidades e
celebrações de tudo o que é impuro, como a falta de amor, a ganância de
dinheiro e poder e a exploração do povo. Elas devem ser sinal da Ressurreição.
É tempo de purificação.
Leituras: Ezequiel 47,1-2.8-9.12; Salmo 45; 1Coríntios 33,9c-11.16-17.
João 2,13-22.
Ficha nº 1386 - Homilia para a Dedicação da Basílica S. João de
Latrão (09.11.14)
A basílica de Latrão é a primeira da cristandade
construída em 324 após a liberdade para a prática da fé cristã, dada por
Constantino em 313. Lembra a comunidade cristã que ali freqüentava. A
construção de igrejas arrisca perder o sentido do culto em espírito e verdade.
Jesus purifica o templo que se transformara em casa
de comércio. Jesus profetiza que o templo será construído e Ele será o novo
templo, lugar do encontro com Deus. Sem outras mediações.
A água que nasce sob o templo representa a presença
do Senhor no meio do povo. Seu lado aberto jorra sangue e água para matar a
fome e a sede de Deus. Anima a purificar nossas comunidades e celebrações de
tudo que é impuro, como falta de amor, ganância de dinheiro e de poder. As
comunidades devem ser sinal da Ressurreição.
Lavagem da Igreja
Celebramos a inauguração da primeira igreja da
Igreja. Trezentos anos vivendo na perseguição, agora chegou a liberta, com
lucros e prejuízos. É a catedral de Roma, do Papa.
No evangelho lemos o texto da expulsão dos
vendedores que usavam o lugar sagrado para seus negócios. Jesus expulsou todos.
Foi uma confusão. Conhecemos na tradição a lavagem de algumas igrejas, como da
Igreja do Bonfim, na Bahia.
Somos chamados a fazer outra lavagem: tirar as
sujeiras que o tempo acumulou sobre a Igreja de Cristo como a luta pelo poder,
a ganância por dinheiro, a exploração do povo e outros vícios. Muitos usam a
Igreja e ainda saem xingando sem dar sua contribuição. São entulho também. É
participando que purificamos a Igreja.
Hoje, a Congregação Redentorista, uma parcela da
Igreja, completa 282 anos de fundação. Também ela precisa de uma lavagem. Isso
fará quando renovar sua entrega a Cristo através da dedicação aos necessitados.
Sem isso, água nela!
Comentário do
Evangelho
No evangelho de João percebe-se uma exaltação
dos samaritanos e uma censura aos judeus. Assim, por um lado, temos a narrativa
do diálogo de Jesus com a mulher samaritana, em pleno dia, à beira do poço, que
termina com todo os moradores desta região da Samaria vindo aclamar Jesus,
professando nele sua fé. Por outro lado, Nicodemos, um dos chefes dos fariseus,
vem conversar com Jesus, ocultando-se na penumbra da noite, e não entende a sua
mensagem. O evangelho de hoje menciona que estava próxima a Páscoa "dos
judeus", dando a entender que Jesus se distancia do sistema religioso que
a promove, sediado em Jerusalém. Nesta primeira viagem de Jesus a Jerusalém o
destaque é a perda de sentido do Templo. Em vez de lugar de oração, o Templo
tornou-se um lugar de comércio e exploração do povo piedoso. A situação não era
nova, pois o profeta Jeremias, muito tempo antes, já fizera tal denúncia (Jr
7,11). O culto no Templo, com o acesso de multidões de peregrinos durante o
ano, era fonte de riqueza para o comércio em Jerusalém e, principalmente para a
casta religiosa, que recolhia imensos valores como dízimos, ofertas, e
sacrifícios dos fieis. O Templo, desde sua primeira construção por Salomão,
tinha um anexo, o Tesouro (ou Gazofilácio), onde eram acumuladas estas riquezas.
Com Jesus a presença de Deus não está no Templo, mas sim no próprio Jesus e em
cada membro da comunidade (segunda leitura) que vive o serviço e a partilha,
com amor e misericórdia.
Oração
Ó Deus, que edificais o
vosso templo eterno com pedras vivas e escolhidas, difundi na vossa Igreja o
Espírito que lhe destes, para que o vôo povo cresça sempre mais, construindo a
Jerusalém celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
REFLEXÕES DE HOJE
DIA 09 DE NOVEMBRO
DOMINGO
VEJA AQUI MAIS
HOMILIAS PARA O PRÓXIMO DOMINGO
9 de novembro – DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE S. JOÃO DO
LATRÃO
Por Celso Loraschi
I. Introdução geral
“A basílica de São
João do Latrão (dedicada a são João Batista e são João evangelista) em Roma foi
a primeira catedral do mundo, por muito tempo considerada a igreja-mãe de Roma,
e nela se realizaram as sessões de cinco grandes concílios ecumênicos” (Missal
dominical – Missal da assembleia cristã, Paulus, São Paulo, p. 1.409).
Celebrando a festa
dessa igreja romana, catedral do bispo que “preside na caridade” entre os
demais bispos do mundo inteiro, lembramos também todas as catedrais e dioceses
e o vínculo de unidade entre elas. Os textos bíblicos ressaltam não os templos
de pedra, mas o novo templo “espiritual” que gera vida; apontam para a vida que
brota do seio de Deus (templo de Jerusalém) e se destina a todos (I leitura). O
templo, anunciado por Ezequiel como fonte de vida, tornou-se fonte de
exploração e morte. E o Messias declara sua superação, sendo substituído pelo
corpo de Cristo Jesus. Ele é o novo templo onde Deus se encontra e se manifesta
plenamente (evangelho). Paulo, escrevendo aos coríntios, mostra Jesus como
base-alicerce insubstituível da comunidade, comparando-a com um santuário,
construído, porém, com pedras vivas. A comunidade, construída sobre o alicerce
que é Cristo, é templo de Deus e moradia do Espírito (II leitura).
II. Comentário dos
textos bíblicos
1. I leitura (Ez 47,1-2.8-9.12): O
verdadeiro templo gera vida para todos
O profeta Ezequiel
exerce sua atividade entre os anos 593 e 571 a.C. Sacerdote exilado na
Babilônia com uma parte do seu povo, ele anuncia as sentenças de Deus. Com sua
linguagem simbólica, Ezequiel indica os passos para a construção do mundo novo:
assumir a responsabilidade pelo fracasso histórico de um sistema que se
corrompeu completamente, provocando a ruína de toda a nação; converter-se para
Javé, assumindo o seu projeto; e, com base nisso, construir uma sociedade justa
e fraterna, voltada para a liberdade e a vida. Com esse “programa profético”,
vislumbramos um futuro novo: Deus volta para o meio de seu povo, provocando o
surgimento de uma sociedade radicalmente nova.
Os versículos
escolhidos para a primeira leitura da festa de hoje falam desse “futuro novo”
vislumbrado pela conversão. Pertencem a uma seção maior (capítulos 40-48), que
tem como tema central “Deus no meio do seu povo”. Nesses capítulos aponta-se
para uma “nova Jerusalém”, tendo como centro vital o templo, onde habita o Deus
que caminha com seu povo.
O tema central
desses cinco versículos passa pelas palavras templo e água. Ezequiel percebe
que sai água do templo em direção ao oriente. O volume de água vai crescendo
sempre mais, até superar o do rio Jordão (v. 5, ausente na leitura). A rota das
águas é marcada pela vida. Ao entrar no mar, a água do templo torna-se potável.
Por isso, por todo lugar por onde passar a torrente, os seres vivos que a
povoam terão vida. “Haverá abundância de peixes, pois, aonde quer que essa água
chegue, ela levará vida, de modo que haverá vida em todo lugar que a torrente
atingir” (vv. 8-9).
Como se pode ver,
trata-se de água extremamente fecunda, portadora de vida para os seres que nela
vivem. E essa água sai do templo onde mora Deus. É, portanto, mensageira de vida
do Deus da vida que habita no meio do seu povo. O mar Morto chama-se assim
porque, apesar de receber todo o volume de água doce do rio Jordão, não tem
vida nem vazão. É, pois, símbolo de ausência de vida, sinônimo de morte. Mas
com a água que sai do templo torna-se extremamente fecundo, e não somente para
a fauna.
O Novo Testamento
apropriou-se dessa imagem de Ezequiel em várias ocasiões. As mais
significativas estão na literatura joanina: a água que jorra do lado aberto de
Jesus (Jo 19,34) e a descrição da nova Jerusalém em Ap 22,2.
2. Evangelho (Jo 2,13-22): Jesus é o
novo templo
Por ocasião da festa
da Páscoa, a cidade de Jerusalém se enchia de peregrinos. A Páscoa era, para os
judeus, a festa principal, pois nela o povo recordava a libertação da escravidão
do Egito. No tempo de Jesus, o povo ia a Jerusalém para essa celebração
festiva. Contudo, a Páscoa deixara de ser uma festa popular e de vida por ser
manipulada pelas lideranças religiosas, econômicas e políticas daquele tempo. O
povo vai a Jerusalém para celebrar a libertação, mas o que lá encontra é a
maior exploração. Pior ainda: parece que Deus está de acordo com tudo isso.
Além de ser o sustentáculo econômico da Judeia e de sua elite (18 mil
funcionários, sacerdotes, levitas e outros, mais a promoção do turismo
religioso), o templo era o grande negócio do pequeno grupo de sumos sacerdotes,
formado praticamente pela família de Anás. Vendiam os animais a preço acima do
mercado e, em seguida, os recebiam de graça para sacrificar e queimar parte deles
em honra de Deus, enquanto o restante sempre lhes pertencia.
Jesus não concorda
com essa situação. João nos mostra Jesus usando um chicote. Toca os animais e
os vendedores para fora do templo. Manda que os vendedores de pombas tirem
aquilo dali. Elas serviriam para as oferendas dos pobres, e era aí que se
verificava a maior exploração, chegando o preço de um casal de pombos a ser
cinco vezes maior do que nas aldeias. Os pobres, não tendo condições de
oferecer a Deus ovelhas ou bois, sacrificavam pombos para os ritos de expiação
e purificação, bem como para os holocaustos de propiciação (cf. Lv 5,7;
14,22.30s). Com esse gesto, Jesus inaugura os tempos do Messias. Zacarias
previa um tempo em que o culto estaria plenamente isento da exploração do povo.
Para João, esse tempo chegou com Jesus. A partir de agora ninguém mais poderá,
mesmo que o faça em nome de Deus, defender um culto ou religião que sejam
coniventes com a exploração do povo.
Para aprofundar esse
aspecto, é preciso ter presente a situação econômica daquele tempo. Nessa
época, a maioria das terras da Palestina estava nas mãos de latifundiários.
Estes pertenciam à elite religiosa (sumos sacerdotes e anciãos) e moravam em
Jerusalém. O sumo sacerdote era o presidente do Sinédrio, o supremo tribunal que
condenará Jesus à morte. Três semanas antes da Páscoa, os arredores do templo
se tornavam grande mercado. O sumo sacerdote enriquecia com o aluguel dos
espaços para as barracas dos vendedores e cambistas. Os animais criados nos
latifúndios eram conduzidos a Jerusalém e vendidos. A teologia veiculada pelo
templo de Jerusalém é extremamente conservadora, isso porque os dirigentes do
templo estão por trás de todo o comércio que nele se desenvolve.
Deus, o aliado dos
sofredores empobrecidos, sempre denunciou, por meio dos profetas, a exploração
da religião. Ele é o Deus que ouve o clamor dos marginalizados. Mas a teologia
veiculada pelo templo de Jerusalém afirma o contrário. Para ser ouvido, Deus
precisa ser comprado mediante sacrifícios. A ira de Jesus tem toda razão de
ser.
Os dirigentes, que
se sentem lesados pelo gesto de Jesus, reagem. Eles o querem intimidar: “Que
sinal nos mostras para agir assim?” (v. 18). Jesus lhes responde que sua morte
e ressurreição serão o grande sinal: “Destruam este templo, e em três dias eu o
levantarei” (v. 19). Temos aqui o centro do evangelho deste dia. Jesus não só
aboliu os sacrifícios do templo de Jerusalém, mas decreta que o novo templo
será o seu corpo, morto e ressuscitado. A essa altura o Evangelho de João já
aponta para os responsáveis pela morte de Jesus.
3. II leitura (1Cor 3,9c-11.16-17): A
comunidade é santuário de Deus
Na comunidade de
Corinto haviam surgido “panelinhas” em torno dos principais evangelizadores que
por lá passaram: Paulo, Apolo, Cefas… (1Cor 1,12), o que gerava tensões na
comunidade. Paulo, na primeira carta aos Coríntios, ajuda a entender melhor
essa tensão comunitária. Mostra aos coríntios que Cristo é o centro da
comunidade e sua razão de ser, ao passo que os agentes de pastoral não o são. Em
outras palavras, Paulo, Apolo, Cefas e tantos outros evangelizadores são como
que instrumentos que conduziram e conduzem os coríntios a Cristo. Esse tema
aparece na carta em 1,10-17; 3,1-17; 4,1-13.
Um pouco antes
(3,5), Paulo afirmou que ele e Apolo são servidores de Deus, por meio dos quais
os coríntios foram conduzidos à fé, e cada um deles agiu conforme os dons que
Deus lhe concedeu. Agora, porém, Paulo sente necessidade de falar da
comunidade, comparando-a com uma lavoura e com uma construção (v. 9c). Ele,
fundador da comunidade de Corinto, compara-se ao bom arquiteto que iniciou a
construção, o grupo cristão naquela cidade. Outros agentes de pastoral, a
seguir, deram sequência ao trabalho iniciado por ele. Foi o que aconteceu com
Apolo e, provavelmente, Cefas. Todavia – garante Paulo –, o alicerce não pode
ser mudado: Jesus Cristo. Ele é a razão de ser, o centro, a base sobre a qual
nasceu e se constrói a comunidade cristã. Ninguém pode mudar esse alicerce.
Paulo continua seu
raciocínio: se a base-alicerce é Cristo Jesus, como definir a
construção-comunidade que se ergue sobre essa base? Eis, então, que surge uma
das grandes convicções de Paulo a respeito do perfil da comunidade cristã:
“Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em
vocês?” (v. 16). Certamente Paulo, na primeira fase da evangelização em
Corinto, quando aí permaneceu por 18 meses (At 18,11), dissera essas coisas à
comunidade nascente. Agora lhes recorda isso em forma de pergunta, e a resposta
que os próprios coríntios deveriam dar é esta: “Sim, nós sabemos que somos
templo de Deus. E sabemos que o Espírito dele habita em nós”.
III. Pistas para
reflexão
- Fé e vida. A
verdadeira religião e a fé cristã são fonte de vida, conduzem-nos para a vida e
a esperança, a transformação da aridez e das situações de morte em situações de
vida. A vontade de Deus é que o mundo e todas as pessoas tenham vida em
abundância. Se temos Deus no coração, empenhamo-nos pela concretização dessa
sua vontade.
- Contra a
ingenuidade e a exploração religiosa. O evangelho mostra que Jesus não
compactua com uma religião que se torna simples fator econômico, explora e
massacra os pobres. Ainda que se diga que isso é em nome de Deus, são coisas
que não se sustentam diante da prática de Jesus e merecem acabar. A exploração
da fé ingênua das pessoas termina à medida que essa fé deixa de ser tão ingênua
e assume verdadeiramente Jesus como o centro.
- Comunidade
santuário. A comunidade bem centrada em Jesus e coerente com seus ensinamentos
e sua prática supera as tensões e adversidades e se torna santuário, fonte de
vida para todos.
Celso
Loraschi
Mestre em Teologia
Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos
sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina
(Itesc).
E-mail:
loraschi@itesc.org.br
9 de novembro:
Dedicação da Basílica do Latrão
A IGREJA COM QUE
SONHAMOS
O grande sinal de salvação do mundo é a Igreja, que brotou do sangue de
Cristo. Ela, mãe de um povo santo e pecador, apresenta-se com o rosto divino de
Cristo, seu esposo. E também com os traços imperfeitos de seus filhos e filhas.
Nós a proclamamos una, santa, católica e apostólica. Isto é, unida, sem
defeito, aberta a todos e fundamentada sobre os alicerces da fé transmitida
pelos próprios apóstolos.
Por isso, sonhamos com uma igreja que se mantenha sempre firme na
palavra de Deus. A fim de que, na hora em que soprarem as ventanias da calúnia,
da perseguição e do poder das trevas, ela não acabe ruindo, à semelhança das
muralhas de Jericó.
Sonhamos com uma Igreja em que Cristo jamais se torne presença remota,
estranha ou atéignorada. E sim presença concreta, percebida por todos, cada vez
mais procurada e amada.
Sonhamos com uma Igreja em que todos se reconheçam e se amem como irmãs
e irmãos. Onde não haja quem chore pela dureza do coração de alguns e quem se
alegre enquanto outros estiverem chorando.
Sonhamos com uma Igreja em que não haja marginalizados, privilegiados,
primeiros e últimos, mas em que todos se sintam iguais, no mais puro clima
evangélico. E se privilegiados houver, que sejam os pequeninos e os
desprotegidos.
Sonhamos com uma Igreja em que ninguém tenha de lamentar a falta de
acolhida, de ajuda e de perdão. Mas em que todos se preocupem, a fim de que
seja repartido com amor o pão do corpo, assim como é repartido o pão da fé.
Se essa Igreja tão amada ainda mostra alguma ruga, a culpa é nossa:
suas imperfeições são as nossas imperfeições. Mas não deixemos de sonhar com
uma Igreja perfeita, pois não seria a primeira vez que os sonhos mais ousados
se tornariam realidade.
Pe. Virgílio, ssp
http://www.paulus.com.br/portal/o-domingo/9-de-novembro-dedicacao-da-basilica-do-latrao#.VGAn4PnF9ms
Reflexão:
Pistas para a reflexão:
I leitura: Do templo sai água
santificadora e salvífica em benefício das pessoas.
II leitura: A comunidade, morada do
Espírito Santo, é a construção edificada sobre Cristo.
Evangelho: Cristo ressuscitado é o
novo templo que reúne os cristãos.
DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014
Homilia da Festa da Dedicação da Basílica do Latrão, por Pe. Paulo
Ricardo
Serão as paredes que fazem os cristãos?
Neste Domingo, o calendário litúrgico
propõe à Igreja universal a festa da Dedicação da Basílica de São João de
Latrão. A igreja – que é a catedral da diocese de Roma e, portanto, sede do
trono pontifício – é considerada “omnium urbis et orbis ecclesiarum mater et
caput – mãe e cabeça de todas as igrejas de Roma e do mundo”.
Em 313, o imperador Constantino, além
de publicar o Édito de Milão, pelo qual concedia liberdade de culto à religião
cristã, introduziu uma série de mudanças nas leis romanas, tais como a
proibição da morte por crucifixão, a proteção aos órfãos e às viúvas, o fim das
punições aos celibatários e dos espetáculos com derramamento de sangue. Além
desse enorme bem prestado à Igreja, Constantino mandou erigir uma construção
para os fiéis católicos prestarem culto a Deus: a Basílica de Latrão, que foi
dedicada, a 9 de novembro de 324, pelo Papa São Silvestre.
Mas, o que significa celebrar uma
igreja, se Deus, como pregou o Apóstolo, “não habita em templos feitos por mão
humana” [1]? A partir de Cristo, de fato, o grande templo de Deus não são mais
as paredes, senão o próprio Jesus. No Evangelho deste Domingo, Nosso Senhor, em
um ato de zelo pelo que Ele chama “casa de meu Pai”, expulsa os vendilhões do
templo, espalha as moedas e derruba as mesas dos cambistas. Embora amasse
realmente o Templo de Jerusalém e o considerasse como lugar da morada de Deus,
Cristo, com este ato, realmente rompe com o Velho Testamento: lembra que os
templos da Antiga Lei são apenas prefigurações. Agora, com Ele, “a Palavra se
fez carne e veio morar entre nós” [2]. Deus armou a Sua tenda entre os homens,
no Seu Filho; Ele é o templo da Nova Aliança, como Suas próprias palavras
confirmam: “‘Destruí este Templo, e em três dias o levantarei’. (...) Mas Jesus
estava falando do Templo do seu corpo”.
Ora, se é Cristo o templo da Nova
Aliança, por que celebrar a dedicação de uma igreja em Roma? Porque as igrejas
cristãs não pretendem reproduzir o Templo de Jerusalém, dos judeus, mas a “nova
Jerusalém”, descrita no Apocalipse de São João [3]. Diferentemente dos templos
judaicos, em que os únicos a entrarem na construção eram os sacerdotes e o
resto do povo deveria ficar do lado de fora, as basílicas cristãs pretendiam
ser uma réplica da cidade de Deus, um lugar para os cristãos se reunirem,
tratarem de negócios e resolverem problemas jurídicos, como em uma praça
pública. O templo passava a ser morada de Deus porque aí habitava o Seu povo,
que, por sua vez, são membros do Corpo Místico de Cristo.
A presença divina nos templos cristãos
também é notável nos sacrários, onde se encontra Nosso Senhor, em Corpo,
Sangue, Alma e Divindade. No Santíssimo Sacramento, com efeito, está a presença
de Cristo por excelência.
Quanto à Basílica de Latrão, há uma
história muito bela, ocorrida dentro de suas paredes, que mostra a sua
importância para a Igreja, de modo especial nos primeiros séculos da fé cristã.
Trata-se da conversão de Vitorino, narrada por Santo Agostinho, em suas
Confissões:
“Esse erudito ancião, profundo
conhecedor de todas as ciências liberais, leitor e crítico de tantos livros de
filosofia, fora mestres de muitos nobres senadores. O prestígio de seu
magistério lhe valera uma estátua no foro romano, que ele aceitara (coisa que
os cidadãos desse mundo têm em grande conta). Até aquela idade avançada, havia
adorado os ídolos, participando de cultos sacrílegos, de que participava quase
toda a nobreza romana da época que inspirava ao povo sua devoção por Osíris,
por ‘toda sorte de monstros divinizados, pelo labrador Anúbis’, monstros que
outrora ‘pegaram em armas contra Netuno, Vênus e Minerva’, e a quem, vencidos,
a própria Roma dirigia súplicas, esse velho Vitorino, que durante tantos anos
havia defendido esses deuses com sua terrível eloquência, não se envergonhou de
se tornar servo de teu Cristo e criança de tuas águas, dobrando o pescoço ao
jugo da humildade, e dobrando sua fronte ante o opróbrio da cruz.”
“Senhor, Senhor, que inclinaste os céus
e o desceste, que tocaste os montes e estes fumegaram, de que modo te
insinuaste naquele coração?”
“Segundo contou-me Simpliciano,
Vitorino lia as Escrituras e investigava e esquadrinhava com grande curiosidade
toda a literatura cristã, e confiava a Simpliciano, não em público, mas muito
em segredo e familiarmente: ‘Sabes que já sou cristão?’ Ao que respondia
aquele: ‘Não hei de acreditar, nem te contarei entre os cristãos enquanto não
te vir na Igreja de Cristo’. Mas ele ria e dizia: ‘Serão pois as paredes que
fazem os cristãos?’ E isto, de que já era cristão, o dizia muitas vezes,
contestando-lhe Simpliciano outras tantas vezes com a mesma resposta,
opondo-lhe sempre Vitorino o gracejo das paredes.”
“Vitorino receava desgostar a seus
amigos, os soberbos adoradores dos demônios, julgando que estes, de alto de sua
babilônica dignidade, como cedros do Líbano, ainda não abatidos pelo Senhor,
fariam cair sobre ele suas pesadas inimizades.”
“Mas depois que hauriu forças nas
leituras e orações, temeu ser renegado por Cristo diante de seus anjos, se tivesse
medo de o confessar diante dos homens. Sentiu-se réu de um grande crime por se
envergonhar dos mistérios de humildade de teu Verbo, não se envergonhando do
culto sacrílego de demônios soberbos, que ele próprio aceitara como soberbo
imitador; envergonhou-se da vaidade, e enrubesceu diante da verdade. De
repente, disse a Simpliciano, segundo este mesmo contava: ‘Vamos à Igreja;
quero me tornar cristão’. Simpliciano, não cabendo em si de alegria, foi com
ele. Recebidos os primeiros sacramentos da religião, não muito depois, deu seu
nome para receber o batismo que renegara, causando admiração em Roma e alegria
na Igreja. Viram-no os soberbos, e se iraram; rangiam os dentes e se consumiam
de raiva. Mas teu servo havia posto no Senhor Deus sua esperança, e não tinha
mais olhos para as vaidades e as enganosas loucuras.”
“Enfim, chegou a hora da profissão de
fé. Em Roma, os que se preparam para receber tua graça, pronunciam de um lugar
elevado, diante dos fiéis, fórmulas consagradas aprendidas de cor. Os presbíteros,
dizia-me Simpliciano, propuseram a Vitorino que recitasse a profissão de fé em
segredo, como era costume fazer com os que poderiam se perturbar pela timidez.
Mas ele preferiu confessar sua salvação na presença da plebe santa, uma vez que
nenhuma salvação havia na retórica que ensinara publicamente. Quanto menos,
pois, devia temer diante de tua mansa grei pronunciar tua palavra, ele que não
havia temido as turbas insanas em seus discursos!”
“Assim, logo que subiu à tribuna para
dar testemunho da sua fé, em uníssono, conforme o iam conhecendo, todos
repetiram seu nome como num aplauso – e quem ali não o conhecia? – e um grito
reprimido, saiu da boca de todos os que se alegravam: ‘Vitorino! Vitorino!’ Ao
verem-no, se puseram a gritar de júbilo, mas logo emudeceram pelo desejo de
ouvi-lo. Vitorino pronunciou sua profissão de verdadeira fé com grande firmeza,
e todos queriam raptá-lo para dentro de seus corações. E realmente o fizeram:
seu amor e alegria eram as mãos que o arrebatavam.” [4]
Enfim, não são as paredes de uma
basílica que fazem a Igreja, mas a profissão de fé no Cristo, profissão de
Vitorino e profissão de centenas de Papas ao longo dos séculos. É esse o
testemunho que edifica a Igreja, desde São Pedro [5] até hoje. T
Referências:
At 17, 24.
Jo 1, 14.
Cf. Ap 21; 22, 1-5.
Confissões, VIII, 2.
Cf. Mt 16, 17-18.
Liturgia de
09.11.2014 - 32º DTC
Canal do Youtube
Jesus estava falando do Templo do seu corpo.
Senhor Jesus,
que eu tenha pelas coisas do Pai
o mesmo zelo que tiveste,
sabendo reconhecer
as exigências práticas da minha fé.
HOMILIA - Jo
2,13-22
JESUS
MANIFESTA SEU AMOR À IGREJA
Na cena do texto, Jesus vai a Jerusalém para a
primeira das três Páscoas mencionadas em João (nos Sinóticos a vida pública de
Jesus só durou um ano e eles só mencionam uma Páscoa). No Templo, que deveria
ser o lugar do culto ao Deus verdadeiro da Bíblia, o Deus de libertação, o Deus
dos pobres e sofridos, Ele encontra um verdadeiro mercado, onde, no pátio
externo, era possível comprar os animais para os sacrifícios, e trocar a moeda,
uma vez que a moeda corrente do país não era aceita no Templo. Quando atacava
esse comércio, Jesus estava indo além da mera condenação de um abuso, pois os
animais e o câmbio eram necessários para o funcionamento do Templo. Como Jesus
substituiu a purificação dos judeus no sinal das Bodas de Caná, aqui Ele
demonstra que o centro do culto judaico perdeu o seu sentido, pois a presença
de Deus, antes achada no Templo, agora deturpado pela elite religiosa e
política, doravante reside em Jesus, o Filho de Deus encarnado. Ele cumpre as
profecias de Jeremias e Zacarias que predisseram uma religião sem templo
nacionalista, explorador econômico do povo (cf. Jr 7,11-14; Zc 14,20-21).
João entende que o templo é o corpo de Jesus,
que será ressuscitado em três dias - ele usa de propósito o verbo “reerguer” em
lugar do “reconstruir” dos Sinóticos (cf. Mt 26,61). As autoridades judaicas
destruíram o sentido do Templo, abusando do povo economicamente, como vão
destruir o corpo de Jesus, matando-o; mas Jesus tem o poder de reerguer o
verdadeiro Templo onde habita Deus, na ressurreição, depois de três dias.
Mais uma vez Jesus, através de uma ação
profética, desmascara a deturpação da religião, por parte das autoridades de
Jerusalém. Embora o templo fosse muito bonito e imponente, com liturgias
pomposas bem frequentadas, a sua religião era vazia, pois escondia o rosto
verdadeiro do Deus da Bíblia. As igrejas correm este mesmo risco nos dias de
hoje.
Além da descarada exploração financeira dos
seus fiéis por parte de algumas seitas (e cuidemos para não generalizarmos
aqui), aos poucos muitas comunidades cristãs perderam a sua dimensão profética
de denúncia e anúncio, configurando-se ao mundo neoliberal de consumismo e
gratificação emocional imediata, tornando o evangelho uma mercadoria a ser
vendida através de um marketing, que jamais pode questionar os valores da
sociedade vigente.
Assim o texto de hoje nos traz um alerta -
Jesus não veio compactuar com uma religião exploradora, alienadora e aliada ao
poder, mas para encarnar as opções do Deus Javé, libertador dos males e de toda
exploração; Ele veio “para que todos tenham a vida e a vida em abundância” (Jo
10,10). Uma religião que abandona a sua função profética é tão traidora como a
religião decadente das elites do Templo.
Senhor Jesus, que eu tenha pelas coisas do Pai
o mesmo zelo que tiveste, sabendo reconhecer as exigências práticas da minha fé.
Fonte Padre BANTU SAYLA
HOMILIA
A igreja é o lugar do nosso encontro com Deus
A igreja é
o lugar do nosso encontro com Deus, o templo sagrado. Que beleza quando
temos a oportunidade de visitar uma igreja, porque é um momento de estarmos em
comunhão plena com o Senhor!
“Não façais da casa de
meu Pai uma casa de comércio!” (João 2,16).
Neste domingo, dia
dedicado ao Senhor, celebramos a Dedicação da Basílica de Latrão. Ela é a
primeira catedral do mundo, a catedral da diocese de Roma, a Igreja Mãe de
todas as igrejas do mundo inteiro.
Celebrando esse templo, lembramo-nos de todos
os templos e igrejas, lugar da presença do Senhor entre nós, espalhados por
esse mundo a fora. Nós já entramos em tantas catedrais e igrejas, mas podemos
nos recordar da igreja em que fomos batizados, em que fizemos a nossa primeira
comunhão, da capela (por menor que seja) onde participamos para receber a
Eucaristia. Enfim, o templo é o lugar sagrado da presença de Deus no meio de
nós!
Que beleza quando temos a oportunidade de
visitar, de estar numa igreja, porque é o momento de estarmos em comunhão plena
com o Senhor! A celebração de hoje convida-nos primeiro a estarmos em comunhão
com a Igreja Mãe, a Igreja que está em Roma, conduzida e guiada pelo Bispo de
Roma, o nosso Papa Francisco. Viver essa comunhão na unidade é estabelecer os
nossos laços com Cristo, que não criou Sua Igreja dividida, mas unida!
Somos chamados, no dia de hoje, a refletir
o lugar que damos para a igreja em nossa vida, ou a maneira como nos portamos
dentro dela, no lugar da presença de Deus.
Aquilo que deixou Jesus santamente irado no
Evangelho de João 2,13-22, O deixaria zangado da mesma
forma no meio de nós. Muitas vezes, as igrejas estão mal cuidadas, e não é o
cuidado físico, mas já não há um espaço sagrado para o silêncio, para a oração
e para a meditação. Às vezes, as pessoas chegam na igreja e conversam o tempo
inteiro, sem parar, reparam neste ou naquele detalhe das pessoas, da igreja e
não estão inteiramente presentes para celebrar o mistério sagrado que ali
celebrado.
A igreja é o lugar do nosso encontro com
Deus, o templo sagrado, o lugar da presença do Senhor. Que tenhamos zelo, amor,
cuidado com as coisas do Senhor!
Deus
abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.https://www.facebook.com/rogeraraujo.cn
LEITURA ORANTE
Jo 2,13-22 - Purificar, limpar o templo de Deus
Preparo-me para a Leitura Orante,
fazendo uma rede de comunicação
e comunhão em torno da Palavra com todas as pessoas que circulam neste ambiente virtual.
e comunhão em torno da Palavra com todas as pessoas que circulam neste ambiente virtual.
Graça e Paz a todos os que se reúnem
aqui, na web, em torno da Palavra.
Juntos, rezamos ou cantamos o Salmo 94:
(Se, em grupo, pode
ser rezado em dois coros ou um solista e os demais repetem)
- Venham, ó nações, ao Senhor cantar
(bis)
- Ao Deus do universo, venham
festejar (bis)
- Seu amor por nós, firme para sempre
(bis)
- Sua fidelidade dura eternamente
(bis)
- Toda a terra aclame, cante ao
Senhor (bis)
- Sirva com alegria, venha com fervor
(bis)
- Nossas mãos orantes para o céu
subindo (bis)
- Cheguem como oferenda ao som deste
hino (bis)
- Glória ao Pai, ao Filho e ao Santo
Espírito (bis)
- Glória à Trindade Santa, glória ao Deus bendito (bis)
1. Leitura
(Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Jo 2, 13-22.
Alguns dias antes da Páscoa dos judeus, Jesus foi até a cidade de Jerusalém. No pátio do Templo encontrou pessoas vendendo bois, ovelhas e pombas; e viu também os que, sentados às suas mesas, trocavam dinheiro para o povo. Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas:
- Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!
Então os discípulos dele lembraram das palavras das Escrituras Sagradas que dizem: "O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim como fogo."
Aí os líderes judeus perguntaram:
- Que milagre você pode fazer para nos provar que tem autoridade para fazer isso?
Jesus respondeu:
- Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias!
Eles disseram:
- A construção deste Templo levou quarenta e seis anos, e você diz que vai construí-lo de novo em três dias?
Porém o templo do qual Jesus estava falando era o seu próprio corpo. Quando Jesus foi ressuscitado, os seus discípulos lembraram que ele tinha dito isso e então creram nas Escrituras Sagradas e nas palavras dele.
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Jo 2, 13-22.
Alguns dias antes da Páscoa dos judeus, Jesus foi até a cidade de Jerusalém. No pátio do Templo encontrou pessoas vendendo bois, ovelhas e pombas; e viu também os que, sentados às suas mesas, trocavam dinheiro para o povo. Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas:
- Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!
Então os discípulos dele lembraram das palavras das Escrituras Sagradas que dizem: "O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim como fogo."
Aí os líderes judeus perguntaram:
- Que milagre você pode fazer para nos provar que tem autoridade para fazer isso?
Jesus respondeu:
- Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias!
Eles disseram:
- A construção deste Templo levou quarenta e seis anos, e você diz que vai construí-lo de novo em três dias?
Porém o templo do qual Jesus estava falando era o seu próprio corpo. Quando Jesus foi ressuscitado, os seus discípulos lembraram que ele tinha dito isso e então creram nas Escrituras Sagradas e nas palavras dele.
O Evangelho nos fala do templo,
que é símbolo da religião. Em Jerusalém, no tempo de Jesus, o templo era o
lugar privilegiado de encontro com Deus. A celebração da Páscoa consumia grande
quantidade de bois, ovelhas e pombas; com licença das autoridades do templo, um
átrio se convertia em estábulo ou mercado. Para o tributo do templo ou para
oferendas voluntárias, o povo que vinha de outros países tinha que trocar
dinheiro. Jesus chega a Jerusalém por ocasião da festa de Páscoa, e expulsa
todos do templo: os comerciantes, e também os próprios animais do sacrifício.
Simbolicamente, ele expulsou o culto praticado ali. (Zc 14,21)
"O zelo por tua casa me devora", diz Jesus tomando as palavras do Salmo 69,10. Jesus quer purificar o templo que se transformara em lugar de comércio, de troca de moeda, de exploração do povo pobre e de enriquecimento da classe sacerdotal. A ação de Jesus podia ser interpretada por seus contemporâneos na linha dos protestos proféticos contra a profanação da casa de Deus. Purificar, limpar aquele templo era o sinal de que a era messiânica havia chegado. A ação de Jesus era grave porque o templo era o centro econômico, político e ideológico do judaísmo daquela época. Jesus estava atacando a raiz da estrutura social.
Jesus falava do templo referindo-se ao próprio Corpo. Paulo também fala do nosso corpo, como templo de Deus:
"O zelo por tua casa me devora", diz Jesus tomando as palavras do Salmo 69,10. Jesus quer purificar o templo que se transformara em lugar de comércio, de troca de moeda, de exploração do povo pobre e de enriquecimento da classe sacerdotal. A ação de Jesus podia ser interpretada por seus contemporâneos na linha dos protestos proféticos contra a profanação da casa de Deus. Purificar, limpar aquele templo era o sinal de que a era messiânica havia chegado. A ação de Jesus era grave porque o templo era o centro econômico, político e ideológico do judaísmo daquela época. Jesus estava atacando a raiz da estrutura social.
Jesus falava do templo referindo-se ao próprio Corpo. Paulo também fala do nosso corpo, como templo de Deus:
1Cor 3,16-17
Vocês
não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se
alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é
santo, e esse templo são vocês.
2Cor 6,16
Nós
somos o templo do Deus vivo, como disse o próprio Deus: «Habitarei no meio
deles, e com eles caminharei. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
A reação de Jesus diante dos
vendedores e cambistas que comerciavam dentro do templo de Jerusalém, serve
para nós como uma exortação para que não instrumentalizemos as coisas de
Deus, como suporte dos nossos interesses. Ao mesmo tempo em que nós
devemos respeitar a casa de Deus como um lugar sagrado, de recolhimento e
oração, nós também precisamos fazer do nosso interior um templo sagrado onde
habita Deus. Assim como Jesus expulsou os vendilhões do templo, nós também com
toda determinação necessitamos expulsar do nosso coração tudo o que possa
transformar o nosso interior numa casa de negócios, onde paire os pensamentos
maus, interesseiros e as más intenções. "O zelo por tua casa me
devora". O bem-aventurado Alberione transmitiu à Família Paulina uma
espiritualidade integral que engloba toda a pessoa: mente, vontade e coração.
Segundo ele, nossos pensamentos motivam nossos sentimentos e estes,
determinam as nossas ações. Pense um pouco:
- O que tem ocupado os seus
pensamentos?
- As motivações que tenho são
saudáveis para a minha vida e a dos meus irmãos?
- Tenho dificuldade em perdoar,
deixando " ïnutilidades" no meu coração?
- Confio em Deus?
3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo com a oração:
Jesus, Mestre:
que eu pense com a tua inteligência, com a tua sabedoria.
Que eu ame com o teu coração.
Que eu veja com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua.
Que eu ouça com os teus ouvidos.
Que as minhas mãos sejam as tuas.
Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.
Que eu reze com as tuas orações.
Que eu celebre como tu te imolaste.
Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém.
4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Sinto-me discípulo/a de Jesus?
Meu olhar, neste dia, será iluminado pela presença de Jesus Cristo, acolhido no meu coração, sua morada e Templo. Frase para eu recordar meu coração livre para Deus:"O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim"
Meu olhar, neste dia, será iluminado pela presença de Jesus Cristo, acolhido no meu coração, sua morada e Templo. Frase para eu recordar meu coração livre para Deus:"O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim"
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br
patricia.silva@paulinas.com.br
Oração Final
Pai Santo, dá-nos especial veneração
pelos lugares sagrados, os Templos que com muito amor dedicamos a Ti.
Ensina-nos a sentir neles, de forma especial, a tua Presença Amiga a nos
inspirar a caminhada em seguimento ao Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso
Irmão e contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo.
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