ANO B
Lc 1,26-38
Comentário
do Evangelho
Maria experimenta Deus vivendo nela
Davi queria construir um templo para abrigar a arca da
Aliança. Através da arca, que continha as tábuas da Lei, o povo experimentava a
presença de Deus. Sobre a sua intenção de construir referido templo, ele
consulta o profeta Natã, o mesmo que denunciou o grave pecado do rei. No
entanto, a resposta de Natã a Davi não agradou a Deus: “realiza o projeto que
tens no coração”. Deus faz Natã voltar atrás e comunicar a Davi o que Ele
deseja. Deus não é prisioneiro de nossos projetos
nem tampouco de nossos caprichos. Davi invertia a ordem das coisas: não era ele
o benfeitor de Deus, mas Deus quem era o benfeitor de Davi. O mal de Davi era a
sua vaidade. Se Deus, à época, rejeita para si um santuário, é porque o seu
Filho, encarnado para a salvação de toda a humanidade, será o lugar de sua
habitação.
Na tradição da Igreja, a “arca
da Aliança” é Maria, pois ela carregou no seu próprio seio a Palavra encarnada
do Pai. Se Maria é a arca, Jesus é, como dissemos acima, o “Templo” no qual
Deus habita e é encontrado. Nesse “Templo” não há o véu que esconde o rosto de
Deus, pois Ele é a imagem do Deus invisível (Cl 1,15). Estando diante dele, se
está diante de Deus (cf. Jo 14,9). O texto do anúncio do anjo a Maria é
surpreendente. É Deus quem toma a iniciativa de vir ao encontro do ser humano
para fazê-lo participar da obra do seu amor. O relato, tomado no seu conjunto,
mostra que Deus vai manifestando e fazendo compreender o seu projeto de amor
num diálogo permanente com o ser humano. É em nossa história pessoal que Deus
trava um diálogo conosco, como fez com Maria, para nos dar a possibilidade de
participar de sua própria vida. Gerando, segundo a carne, o Filho de Deus,
Maria experimenta Deus vivendo nela, e ela se experimenta participando da vida
divina. No dinamismo da encarnação, em que a criação chega à sua plenitude,
Deus quis contar com o ser humano. Nem a esterilidade de Isabel nem tampouco a
virgindade de Maria foram impedimentos para que Deus cumprisse a sua palavra. A
liberdade do ser humano poderia ter sido um impedimento. No entanto, em Maria,
ícone da Igreja, Deus encontra o “sim”, a adesão humana necessária para que o
seu Verbo tivesse uma existência histórica, como membro de um povo.
Pe. Contieri
Oração
Infundi Senhor em nossos corações a vossa graça,
para que, conhecendo pela anunciação do anjo a encarnação do vosso Filho,
cheguemos, por sua paixão e morte, à glória da ressurreição.
Vivendo
a Palavra
Voltamos
à casinha de Nazaré, refúgio para nossas angústias, medos e ansiedades e, na
doce companhia de Maria, preparemo-nos para a chegada do Menino Deus aos nossos
corações. Que a nossa presença no mundo seja o anúncio vivo da Libertação que
Ele nos trouxe e que cabe a nós partilhar.
Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Seu Reino não terá fim”
Descendente de Davi
O
nascimento de Jesus não é um ato isolado na história da humanidade. Acontece em
continuação às maravilhosas intervenções de Deus na História do povo de Israel,
com destinação a todos os povos.
Deus
preparou o nascimento de seu Filho na Humanidade, escolhendo para si um povo e
neste, uma família cujo patriarca rei Davi recebe a promessa de uma herança
eterna que vai acontecer em Jesus. Davi quis construir uma casa, isto é, um
templo para Deus.
E
Deus responde através do profeta Natã: “O Senhor anuncia que Ele te fará uma
casa...
Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu
trono será firme para sempre” (2Sm7,11.16).
É
o que rezamos no salmo 88: “Fiz um juramento a Davi, meu servidor. Para sempre,
no teu trono, firmarei tua linhagem, de geração em geração garantirei teu
reinado... Com ele firmarei minha aliança indissolúvel”.
No
anúncio a Maria Lucas diz que José “é descendente de Davi” (Lc 1,27). Falando
do Menino que iria conceber proclama: “Ele será grande, será chamado Filho do
Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu Pai Davi. Ele reinará para
sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 32-33).
Filho
de Davi segundo a carne, Filho de Deus, segundo o Espírito: “Ele será chamado
Filho do Altíssimo... O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te
cobrirá com sua sombra (presença de Deus), Por isso, o menino que vai nascer
será chamado Santo, Filho de Deus” (Lc 1,32.35). Cumprem-se as profecias de um
Salvador, Messias, Filho de Deus.
Maria
é virgem, pois Ele é Filho de Deus. Ela é a humanidade que acolhe a Divindade.
É a Divindade que assume a Humanidade. É o momento da salvação. A carne se une
a Deus.
Casa aberta a todos
O
nascimento durante o recenseamento o coloca na lista entre todos os homens. Os
Anjos que cantam anunciam que pertence à Glória de Deus. Faz parte do povo por
ser da casa e família de Davi. Na fé se faz mistério aberto a todos conforme as
Escrituras proféticas (Rm 16,25-37).
Com
sua Morte e Ressurreição completa a promessa de abrir o santuário de Deus a
todos. Em Cristo todos podem ter acesso ao Pai. O anúncio do Anjo nos abre ao
universalismo da fé. Como o seio virgem de Maria concebeu e como o ventre morto
de Isabel gerou, o seio da humanidade murcho pelo pecado pode conter o Filho do
Criador e gerá-Lo pelo Espírito a todo Universo.
Todos
são chamados a ir a Belém para ver o que aconteceu e o que o Senhor deu a
conhecer (Lc 2,15). Esses são em primeiro lugar os que são necessitados. Maria
sintetiza em si a vocação de todo cristão: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se
em mim seguindo a tua palavra”.
A
missão de Jesus Ele a realiza como serviço, fazendo a vontade do Pai. A porta
que abre a todos o caminho é realizar a vontade do Pai, como o fez Jesus.
Assim
implantou o Reino e nos fez casa de Deus. Maria, casa de ouro Maria tornou-se
casa de Deus. É casa de ouro. O ouro está na beleza de sua abertura a Deus que
a quis como sua casa.
É
preciosa porque concebe o Filho de Deus e concebe a Palavra do Filho. Maria
sintetiza em si esse momento de salvação. Traz Deus a nós e nos leva a Deus em
sua própria carne. Ela é um sacramento em união a seu Filho sacramento do Pai.
Nos
sinais humanos do Filho leva-nos ao Divino que é. O Mistério que a envolveu ela
O distribui como Mãe generosa a seus filhos. Na preparação do Natal do Senhor,
somos chamados a viver a abertura para que o Verbo eterno reine sobre nós.
Leituras: 2° Samuel 7,1-5;8b-12.14ª.16; Salmo 88; Romanos
16,25-27;Lucas 1,26-38
Ficha nº 1398 - Homilia do 4º Domingo do Advento (21.12.14)
Deus
preparou o nascimento de seu Filho escolhendo um povo. Neste escolheu uma
família, de Davi a quem prometeu uma casa eterna. No anúncio do nascimento de
Jesus é lembrando que é da família de Davi.
No
seio de Maria, na pessoa do Filho se cumpre a promessa de um Salvador que como
Deus se une à humanidade. É o momento da Salvação. No recenseamento Jesus é
parte da Humanidade. Pertence à Glória de Deus. Faz parte da família de Davi.
Abre o santuário a todos.
Por
Cristo temos acesso ao Pai. É o universalismo da fé. Jesus realiza sua missão
como serviço fazendo a vontade do Pai. A porta que abre a todos o caminho é
realizar a vontade do Pai, como fez Jesus. Maria tornou-se casa de Deus, casa
de ouro beleza de sua abertura a Deus que a quis como sua casa. E concebe o
Filho e a Palavra do Filho.
Maria
sintetiza em si esse momento de salvação: traz Deus a nós e nos leva a Deus em
sua própria carne. O Mistério que recebeu ela o distribui como Mãe generosa.
Somos chamados a viver a abertura para que o Verbo eterno reine sobre nós.
Construindo uma casa
Começamos
a preparação imediata para o Santo Natal. Deus esteve sempre presente no meio
de seu povo. Agora de um modo diferente. A Palavra de Deus usa a imagem da
casa, isto é, uma família que continua.
No
Antigo Testamento estava no templo. Davi quis construir uma para Deus, pois ele
tinha a sua de cedro e o templo, a casa de Deus funcionava numa tenda, isso
havia já 300 anos.
Deus
responde: Eu é que vou construir uma casa para você, isto é, a família de Davi
permanecerá para sempre. E Jesus é da família de Davi e permanece para sempre.
O Anjo diz a Maria que seu Reino não teria fim. Este Reino é para todos os
povos. O Anjo anuncia a Maria que ela seria a mãe do filho de Deus que
nasceria. Ele é Filho do Altíssimo.
Como
se realizou este fato tão grande? O Espírito Santo te cobrirá com sua sombra,
diz o Anjo. Sombra significa a presença de Deus. Nós participamos do Natal
quando fazemos como Maria: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim, segundo tua
palavra”.
Comentário do Evangelho
A AGRACIADA DE DEUS
O Anjo do Senhor definiu Maria como a repleta de graça. Nesta
afirmação, está contido um movimento de dupla direção: de Deus para Maria - de
Maria para Deus. E, neste movimento articula-se o mistério divino na vida da
mãe de Jesus.
Deus, em seu amor infinito
pela humanidade e desejoso oferecer-lhe salvação, escolheu Maria para colaborar
no seu plano de salvação. Esta escolha não se explica com parâmetros humanos,
mas se perde nos abismos da liberdade divina. Deus concede, à jovem de Nazaré,
a riqueza de suas graças: a predispõe a ser sua interlocutora, dando-lhe
sensibilidade para captar os apelos divinos e tornando-a capaz de ir além de si
mesma para decidir-se a aceitar o projeto divino de salvação.
Maria, por sua vez, embora
elevada a um nível altíssimo de santidade, que lhe fora comunicada pela
plenitude da graça divina, conservava a simplicidade e a humildade de quem se
sabia servidora. Em seu coração, não houve lugar para a soberba e a vanglória.
Agraciada por Deus, mantinha-se no escondimento, não exigindo para si
tratamento condizente com sua condição de mãe do Filho de Deus. Bastava-lhe
saber-se cumpridora da vontade de Deus, ajudada pela graça que a plenificava.
Não ambicionava grandezas mundanas, uma vez que possuía o bem mais precioso:
estava repleta do próprio Deus.
Oração
Senhor Jesus, que minha vida se inspire no
exemplo de Maria, em sua disposição para cumprir a vontade de Deus.
(O
comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em
Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos
corações para que, conhecendo pela mensagem do anjo a encarnação do vosso
Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
REFLEXÕES
DE HOJE
DIA 21 DE DEZEMBRO - DOMINGO
VEJA AQUI MAIS HOMILIAS
PARA O PRÓXIMO DOMINGO
http://homiliadominical2.blogspot.com.br/
21 de dezembro – 4º DOMINGO DO ADVENTO
Por Celso Loraschi
I. Introdução geral
As virtudes de Nossa Senhora
Eis que conceberás e darás à luz um filho.
21 de dezembro – 4º DOMINGO DO ADVENTO
Por Celso Loraschi
I. Introdução geral
Neste 4º e último
domingo do Advento, meditamos sobre a anunciação do Senhor, conforme relata o
Evangelho de Lucas. O Salvador encarna-se no mundo pela via não oficial. Ele é
concebido no seio de Maria, camponesa de uma pequena cidade sem importância de
uma região marginalizada: Nazaré da Galileia. O Espírito Santo de Deus encontra
em Maria a acolhida necessária para gerar o Filho de Deus: “Eu sou a serva do
Senhor…”. Jesus é da descendência de Davi, conforme a promessa feita por Deus
por meio do profeta Natã. Davi foi escolhido por Deus para pastorear o povo, e
não para projetar-se mediante magníficas construções. Não precisa construir um
templo para Deus, e sim adorá-lo pela fidelidade à missão recebida. É a vida
das pessoas que interessa a Deus. Ele as liberta e as protege. Por isso,
prefere morar no meio do povo (I leitura). Jesus é o extravasamento do amor
divino derramado sobre todos os povos. Ele nos foi dado a conhecer pelos
anúncios proféticos e pela bondade e sabedoria de Deus, a quem queremos
glorificar eternamente (II leitura). Entrando na semana do Natal, na mesma
disposição de Maria, a mãe de Jesus e nossa, queremos acolher o Salvador e
dizer-lhe com o coração e com a vida: “Eis aqui os servos e as servas do
Senhor…”.
II. Comentário dos textos bíblicos
1. I leitura (2Sm
7,1-5.8b-12.14a.16): A tenda de Deus
A história de Davi,
ao longo da Bíblia, vai sendo contada e recontada pelas sucessivas gerações. Ao
redor dessa personagem cria-se verdadeiro movimento. O regime da monarquia
produziu uma realidade de marginalização para muita gente. A memória de Davi
como rei-pastor funciona, para as vítimas do poder monárquico, como resistência
e esperança do estabelecimento de um Reino de justiça e paz.
A 1ª leitura deste
domingo consiste numa denúncia à situação privilegiada em que se encontra Davi.
Depois de uma trajetória de inúmeras lutas e conflitos, ele se torna rei de
Israel, constrói para si uma casa luxuosa e pretende construir um templo
magnífico para Deus. Por meio do profeta Natã, porém, Deus lembra a Davi que
jamais precisou de uma casa, pois desde o nascimento de Israel sempre morou em
tenda, a fim de caminhar com o seu povo, protegê-lo e libertá-lo.
O nó da questão é
que Davi, ao conquistar o poder, tende a esquecer-se de suas origens humildes e
de sua vocação de pastorear o povo. O projeto de construir um templo para o
Senhor revela a intenção de projetar-se politicamente, firmar seu poder e
perenizar sua memória. Não é para isso que Deus o chamou, e sim para cuidar da
vida do povo. Um templo material para o Senhor revela a pretensão de
“apropriar-se” do sagrado e “legitimar” o domínio monárquico sobre o povo, como
vai acontecer a partir de Salomão. A habitação em que Deus prefere morar não é
a feita de cedro, pois isso significaria afastamento do lugar social onde vivem
as pessoas comuns. A habitação humilde em que Deus quer morar é o chão onde se
encontra o povo.
Deus, então, indica
que a perenidade do reino de Davi se dará por outro caminho. De sua
descendência virá o Messias. Seu reino, porém, não será monárquico nem atenderá
à expectativa dos dominantes. O messianismo de Jesus revela-se transgressor
desde o anúncio do seu nascimento.
2. Evangelho (Lc
1,26-38): A anunciação do Messias
Segundo o Evangelho
de Lucas, o anúncio do nascimento de Jesus se dá no “sexto mês” a contar da
concepção de João Batista. É evidente a ligação com o “sexto dia” da criação,
quando Deus criou o ser humano. Jesus inaugura nova humanidade. O anúncio se dá
em Nazaré da Galileia. No Primeiro Testamento não encontramos referência a essa
cidade, o que indica ser um lugar sem importância. Ninguém poderia supor que a
promessa do Messias seria cumprida por meio de uma jovem camponesa de Nazaré.
Lucas tem clara
intenção de contrapor a instituição religiosa oficial localizada em Jerusalém
com a cidadezinha de Nazaré, de onde não se esperava nada de bom (cf. Jo 1,46).
Maria está comprometida em casamento com José, da descendência de Davi.
Cumpre-se a promessa divina conforme o anúncio profético. No evangelho,
encontramos várias vezes a expressão “filho de Davi”. Assim, Jesus foi
reconhecido pelas multidões como o Messias que, segundo a crença comum, deveria
pertencer à linhagem davídica. No entanto, ele é “grande” não por ser “filho de
Davi”, e sim por ser “Filho do Altíssimo”. Por isso, “o seu reinado não terá
fim”. O reino de Jesus é universal e eterno, não se ancora no poder temporal
nem age com a força de nenhum exército. Seu programa está contido em seu nome:
Jesus = “Deus salva”.
Com relação a
Maria, Lucas não menciona sua ascendência. É uma mulher comum a quem o anjo
anuncia que será a mãe de Jesus. A graça de Deus está nela e conceberá o “Filho
de Deus” com o poder do Espírito Santo. A “sombra” que cobre Maria lembra a
“nuvem” que simbolizava a presença de Deus no meio do seu povo em caminhada
pelo deserto rumo à terra prometida. O livro do Êxodo relata também: “A nuvem
cobriu a tenda da reunião e a glória do Senhor encheu a habitação” (Ex 40,34).
Maria é a nova
habitação de Deus. O anjo Gabriel, mensageiro divino (cujo nome significa “Deus
é forte”), anuncia: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai
te cobrir com a sua sombra”. Ela é escolhida e agraciada como “sinal” salvífico
de Deus, conforme anunciara o profeta Isaías (7,14): “O Senhor vos dará um
sinal: eis que a jovem está grávida e dará à luz um filho e dar-lhe-á o nome de
Emanuel”. As expressões: “agraciada” e “encontraste graça diante de Deus”
revelam que o anúncio se refere à intervenção gratuita e salvadora de Deus em
favor da humanidade. Um sinal dessa intervenção já estava em andamento no seio
de sua parenta Isabel: uma mulher velha e estéril é capaz de gerar a vida, pois
“para Deus nada é impossível”.
A receptividade de
Maria ao anúncio do anjo Gabriel não tem nada a ver com passividade. O seu
consentimento de fé liga-se com a atitude de serviço. Ao fazer-se serva de
Deus, permite que sua Palavra se faça carne nela. Por essa sua atitude de
humildade e de entrega ao plano divino, recebemos a graça do Salvador e Maria
torna-se modelo para todos nós.
3. II leitura (Rm
16,25-27): Jesus é a revelação de Deus ao mundo
Paulo encerra sua
carta aos Romanos com um solene hino de louvor. É a expressão de fé e louvor
das comunidades cristãs primitivas, maravilhadas com a bondade divina revelada
pela encarnação de Jesus Cristo. Elas se percebem privilegiadas pelo fato de
estarem vivenciando em seu tempo a realização da promessa do Messias salvador,
conforme anunciada pelos profetas.
Jesus Cristo é a
revelação do mistério de Deus “envolvido em silêncio desde os séculos eternos”.
É como se Deus abrisse o coração para que todas as nações pudessem conhecer o
seu desígnio de amor e salvação. Agora tudo foi revelado, e fica evidente o
sentido das Escrituras Sagradas no que se refere ao Messias: é dom de Deus para
a salvação universal.
O louvor é para
“aquele que tem o poder de confirmar” o evangelho de Jesus Cristo anunciado por
Paulo e pelas demais testemunhas oculares. A compreensão verdadeira da pessoa e
da obra redentora de Jesus Cristo não se dá meramente pelo esforço humano,
tanto de quem anuncia como de quem ouve, e sim pela ação do Espírito Santo. O
louvor é para Deus, “o único sábio”, que se dispôs a derramar sua sabedoria
sobre todos os povos e redimi-los em Jesus Cristo, mediante a “obediência da
fé”.
III. Pistas para reflexão
- A tenda de Deus. Por
meio do profeta Natã, Deus esclarece a Davi que sua morada predileta é no meio
do povo. Não lhe agrada a construção de um templo magnífico. Desde o início da
história do povo de Israel, Deus “desceu” para caminhar com ele. Deus é
reconhecido não pelas grandes construções feitas em sua homenagem, pois atrás
delas podem se esconder intenções políticas de legitimação do domínio de alguns
sobre a maioria. Deus é reconhecido pela fidelidade à sua aliança de amor. Davi
não pode se esquecer de sua missão de pastor junto ao povo. Da linhagem desse
Davi, pastor humilde, nascerá o Messias, não conforme a expectativa oficial,
mas a partir do corpo e do lugar social das pessoas simples e abertas ao amor
de Deus…
- Maria, a serva de
Deus. A anunciação do anjo Gabriel a Maria refere-se ao dom maior de
Deus à humanidade: Jesus Cristo, o salvador do mundo. Deus intervém
gratuitamente e de modo soberano. Não foi por meio do templo de Jerusalém nem
foi com o aval da religião oficial que o Salvador veio ao mundo, e sim por meio
do corpo de uma humilde jovem de Nazaré da Galileia. Nela Deus fez a sua tenda.
Por ela Deus revela o seu poder e a sua glória. Em seu seio é gerado o Filho de
Deus, o Messias, da descendência de Davi, conforme a promessa feita por meio
dos profetas. Pela obediência da fé professada por Maria, a palavra divina
torna-se eficaz. A vocação da mãe de Deus ilumina a nossa: também a nós, pelo
mesmo Espírito Santo, nos é dado conceber a Jesus, de forma que se torne
conhecido e amado no mundo. Inspirados pelo exemplo de Maria, pedimos a Deus
que nos transforme em seus servos e servas… Qual concepção temos de Deus: é a
de Davi, preocupado em homenageá-lo com obras materiais magníficas, ou a de
Maria, que acolhe a sua vontade e se faz sua serva?
- Demos glória a
Deus! O coração de Deus abriu-se definitivamente para revelar o seu
desígnio de salvação por meio de Jesus Cristo. Todos os povos são contemplados.
Todos são agraciados. É o extravasamento do amor divino derramado sobre cada um
de nós e sobre toda a criação. Como as primeiras comunidades cristãs,
glorificamos a Deus pela plenitude de seu amor, que ele nos concedeu em Jesus
Cristo… O que significa louvar a Deus por meio da obediência da fé?
Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com
Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos
Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
21 de dezembro: 4º Domingo do Advento
PELO SIM DE MARIA,
DEUS SE FAZ CARNE
Deus intervém na vida de Maria e a convida para ser a mãe do salvador
do mundo, Jesus Cristo. Jesus se faz corpo no corpo de Maria, verdadeiro
santuário que Deus desejava para se hospedar no seio da humanidade. Graças ao
sim de Maria, a palavra viva de Deus toma corpo num corpo materno. Com isso,
Deus encontra uma casa para morar.
O coração da pessoa é o santuário preferido onde Deus deseja habitar. É
o templo vivo, formado por seres humanos, pedras vivas, das quais Maria foi a
primeira.
O anjo vai ao encontro da jovem Maria enquanto ela realiza suas tarefas
cotidianas. Assim Jesus marca presença lá nas atividades do dia a dia, onde as
pessoas vivem, convivem e trabalham. Deus se faz carne para viver junto com os
mortais, não para ficar preso nos santuários e trancado nas sacristias. Segundo
o papa Francisco, a Igreja não pode ficar fechada em si mesma, mas deve ir ao
encontro, abrir-se às necessidades das pessoas, sair do comodismo e buscar as
periferias que carecem da luz do evangelho.
A novidade da vinda de Jesus é que ele não nasce de uma personagem
poderosa e influente nem em um grande centro político e religioso, mas nasce da
generosidade de uma jovem inexperiente e desconhecida e numa vila sem nenhuma
importância, Nazaré, de onde nada se esperava.
Ele não vem com poder, como um guerreiro forte e assombroso, nem
quer ser um líder triunfalista, mas é o Messias do serviço e da doação.
Veio revelar e construir o reino de Deus, reino da paz, da justiça, do amor e
da solidariedade.
Deus se faz gente na pobre criança de Nazaré para tornar divino o
humano.
Jesus elevou à dignidade de filhos e filhas de Deus todo ser humano que
vem ao mundo. É a concretização da comunhão entre o céu e a terra, já não
mediante uma instituição, mas por meio de um menino.
Pe. Nilo Luza, SSP
Reflexão:
Pistas para a reflexão:
I leitura: Deus quer
caminhar com seu povo, e não ficar trancado no templo.
II leitura: O mistério de
Deus se revela à humanidade em Jesus encarnado.
Evangelho: Maria aceita
a proposta de ser a mãe de Jesus.
http://www.paulus.com.br/portal/liturgia-diaria/dia-21-domingo-5#.VJb2Sl4AA
DOMINGO, 21 DE DEZEMBRO DE 2014
Homilia do 4º Domingo do Advento, por Pe. Paulo Ricardo
DOMINGO, 21 DE DEZEMBRO DE 2014
Homilia do 4º Domingo do Advento, por Pe. Paulo Ricardo
O Evangelho escolhido para este
Domingo, que antecede a grande solenidade do Natal, é o da Anunciação do Anjo e
Encarnação de Deus.
Em primeiro lugar, o diálogo entre o
anjo Gabriel e Maria Santíssima é espelho de outro que acontece na eternidade,
entre o Pai e o Filho. É sabido que Deus Pai quis enviar o Seu Filho ao mundo,
conforme está escrito: "De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu
Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida
eterna" [1]. Este decreto do Pai, no entanto, foi acolhido humildemente
pelo Filho. Assim como a Virgem respondeu ao anjo: "Ecce ancilla
Domini, fiat mihi secundum verbum tuum – Eis aqui a escrava do Senhor!
Faça-se em mim segundo a tua palavra", o Autor Sagrado põe nos lábios de
Cristo as palavras do salmista: "Eis que eu vim, ó Deus, para fazer a tua
vontade" [2].
Mas, às portas do Natal, por que
recordar uma narrativa de nove meses atrás (afinal, a Igreja celebra a
Anunciação no dia 25 de março)? A resposta está em que todos os cristãos são
chamados a imitar as virtudes de Nossa Senhora, a fim de bem celebrar o Santo
Natal. O Catecismo Maior de São Pio X, ao responder "quais são as virtudes
que a Santíssima Virgem mostrou, de modo especial, ao receber a mensagem do
Anjo São Gabriel", ensina: "Ao receber a mensagem do Anjo São
Gabriel, a Santíssima Virgem mostrou, de modo especial: pureza admirável,
humildade profunda, fé e obediência perfeita."
Primeiro, Nossa Senhora mostrou
"pureza admirável". Quando o anjo lhe anunciou que seria a mãe do
Salvador, ela não colocou nenhuma objeção ao poder de Deus – que sabia ser
onipotente –, mas apenas perguntou: "Como acontecerá isso, se eu não
conheço homem algum?" Também nós somos chamados a imitar a inocência da
Virgem Santíssima. A principal e mais concreta forma de fazê-lo é por meio de
uma boa Confissão. Para bem receber Nosso Senhor neste Natal, nada melhor do
que purificar o coração por meio deste sacramento.
Segundo, Nossa Senhora mostrou
"humildade profunda". Quando o anjo a saudou, dizendo:
"Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo", ela
"perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o
significado da saudação". Diante das palavras elogiosas do anjo, ela não
se ensoberbeceu. Assim como Cristo "não se apegou ao ser igual a Deus, mas
despojou-se, assumindo a forma de escravo" [3], Maria Santíssima "não
se apegou", por assim dizer, ao fato de ser "cheia de graça" e
imaculada, mas reconheceu-se como "escrava do Senhor". Olhando para o
mistério do Natal e para a humildade de Jesus e de sua mãe, devemos imitá-los e
lutar contra a nossa soberba.
Terceiro, Nossa Senhora mostrou
"fé e obediência perfeita". Assim como Cristo fez-se "obediente
até a morte – e morte de cruz" [4], a Virgem Santíssima pediu que se
fizesse nela "segundo a tua palavra". Diante da obediência dos dois,
também nós devemos obedecer, manifestando dia a dia a nossa fé e fidelidade aos
planos de Deus – ainda que permaneçam misteriosos para nós.
A propósito, quando se fala que os
mistérios de Deus são incompreensíveis, não é porque eles são irracionais, mas
porque são suprarracionais. Quando o Senhor mostra o que é e o que faz, as
criaturas são ofuscadas por Sua luz. Por isso, às vezes fica mais fácil
contemplar o mistério do Natal – do Deus que Se faz servo – à luz do
"sim" de Maria Santíssima.
Sigamos então o exemplo de Nossa
Senhora: na pureza, preparando o nosso coração por meio da Confissão; na
humildade, descobrindo que o Natal é obra gratuita da bondade divina; e na
obediência, procurando ser fiel aos projetos de Deus para o ano que se
avizinha. Quem sabe, em 2015, Deus pedirá de nós o heroísmo do martírio? Ou o
testemunho silencioso do dia a dia? Desde já, adoremos os decretos de Deus,
antes mesmo de conhecê-los.
Referências:
Jo 3, 16.
Hb 10, 7; Sl 40, 8-9.
Fl 2, 6-7.
Fl 2, 8.
Eis que conceberás e darás à luz um filho.
Infundi Senhor em nossos corações a
vossa graça,
para que, conhecendo pela anunciação
do anjo
a encarnação do vosso Filho,
cheguemos,
por sua paixão e morte, à glória da
ressurreição.
REFLEXÃO
Filho de Davi e filho de Deus
Uma história antiga. Por volta do ano 1000ª.C.,
o Rei Davi consegue firmar seu “império” e pensa em construir uma “casa” para
Deus, um templo. Mas Deus manda o profeta Natã dizer a Davi que ele não é de
viver em templo: acompanhou o povo de Israel pelo deserto numa tenda, a Tenda
da Aliança. E mais: ele, Deus, vai construir uma casa para Davi – casa no
sentido de família, descendência. E então, Deus será como um pai para o
descendente do rei (1ª leitura).
Mil anos depois, Deus se mostra fiel à sua
promessa. Vive em Nazaré um descendente remoto de Davi. Chama-se José. Tem uma
noiva, Maria. Nesta, ligada à casa de Davi por ser noiva do descendente, Deus
quer suscitar, pela misteriosa ação de seu Espírito, o prometido “filho de
Davi”. Conforme a promessa, Deus será um pai para o prometido, que será para
ele um filho: o “Filho do Altíssimo”, o Messias (Lc 1,32, evangelho). Maria não
consegue imaginar como isso será possível. Ela nem está convivendo com José.
Então, Deus lhe dá um sinal para mostrar que ela pode confiar em sua palavra.
Faz-lhe conhecer a gravidez de sua parenta Isabel, que era estéril. E Maria,
confiante na fidelidade de Deus, dá o seu “sim”: “Aconteça-me segundo a tua
palavra” (1,38).
Deus dá sinais. As profecias, que revelam o
modo de agir de Deus, são sinais de fidelidade de Deus (2ª leitura). Que de
Maria nasça um remoto “filho de Davi” é um sinal de que ele é “Filho de Deus”,
obra de Deus na humanidade. Ora, para realizar seu projeto, Deus se expõe ao
“sim” dessa mocinha do povo. Assim, o “Filho de Deus” será um verdadeiro “filho
da humanidade”, alguém que faça parte de nossa história e nos liberte de
verdade. Só o que é assumido pode ser salvo, diz Sto. Irineu. Se Jesus não
fosse verdadeiro filho da humanidade, nossa salvação nele seria mera ficção.
Não expliquemos. Contemplemos. “Revelação de um
mistério envolvido em silêncio desde os séculos eternos”… (Rm 1,25). Não
peçamos a Deus que ele justifique seu modo de agir para os nossos critérios
“científicos”. Quanto sabemos das coisas da criação… e das do Criador?
Admiremos o modo de Deus se tornar presente. E, sobretudo, não queiramos fazer
da mãe de Jesus uma Maria qualquer. Será que temos medo de reconhecer que, em
algumas pessoas, Deus faz coisas especiais? Estamos com ciúmes? Ora, não acha
cada qual a sua namorada excepcional em comparação com as outras moças?
Não neguemos a Deus esse prazer…
Essa admiração, porém, não é alienação. Só por
ser verdadeiramente humano é que Jesus realiza entre nós uma missão
verdadeiramente divina. Pois se fosse um anjo, nada teria a ver conosco. Jesus
é tão humano como só Deus pode ser. Que ele é descendente de Davi significa que
ele resume em si toda a história humana. Resume, recapitula, reescreve essa
história. A história de Adão, a história de Davi, o “reinado”, da comunidade
humana política e socialmente organizada. Será que desta vez vai dar certo –
menos guerra, adultérios, idolatrias…? Da sua parte, a “qualidade divina” da
obra está garantida. Deus está com ele, “Emanuel”. Mas, e da nossa parte?
Fonte Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
Fonte Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
HOMILIA - Lc 1,26-38
Alegria: o Senhor está no meio de nós
Com o 4°
domingo, o Advento chega ao auge. O evangelho traz o pleno cumprimento de todos
os sinais que anunciam a vinda do Salvador. A promessa feita a Davi, de que sua
descendência teria seu trono firmado para sempre (2Sm 7; cf. 1ª leitura),
realiza-se no filho de Maria, juridicamente inserida, através de seu noivo José
(o noivado tinha força jurídica), na descendência de Davi (Lc 1,27). A este
filho, Deus dará – embora não do modo que se esperava – o trono de Davi, o
governo da casa de Jacó (Israel) para sempre (cf. 2Sm 7,16). Já aprendemos, por
estas últimas palavras, que as profecias se cumprem de um modo que a
inteligência humana desconhece (1). O modo de Jesus ser o Cristo que reinará
para sempre, e o modo em que a casa de Israel se tomará um povo universal,
nenhum contemporâneo de Maria o podia imaginar, e mesmo Maria só o vislumbrava
como Mistério de Deus. As profecias não são programas a serem executados. São
sinais da obra inesperada que Deus está realizando, sinais que a gente só entende plenamente
depois da obra realizada.
Outro sinal que a gente
reconhece ao reler o A.T. à luz do Evento de Jesus Cristo é a profecia de Is
7,14. Embora o rei Acaz não gostasse de que Deus se intrometesse nos seus
negócios políticos, Deus lhe deu um sinal: o nascimento de um filho de uma
mulher nova (“virgem”, traduz a versão grega do A.T., usada pelos primeiros
cristãos). Esse filho seria chamado Emanuel, “Deus conosco” (cf. Mt 1,23; 4°
dom. Adv. A). No tempo de Is, isso significava: nos dias de catástrofe que hão
de vir (722 a.C.: destruição do Norte e invasão do Sul pelos assírios), este
rapaz de nome Emanuel, nascido como que por ordem de Deus, lembrará que Deus
está com o povo. Mas, para quem conhece a história de Jesus, esse sinal reveste
um sentido novo. Prefigura o mistério de Deus, a obra de seu “sopro” ou
“espírito” vivificador (cf. Gn 2,7; Ez 37,9; Sl 104[l03],29-30) em Maria,
suscitando nela um filho que não é fruto da geração humana (Lc 1,34; cf. Mt
1,18-24), mas um presente de Deus à humanidade: sendo obra do Espírito Santo,
que veio sobre Maria, este filho é chamado “Santo” e “filho do Altíssimo” (Lc
1,36; cf. as atribuições do filho real em Is 9,5-6; 11,1-5), o filho em que
Deus investe todo seu bem-querer (Lc 3,22), enviado e ungido com seu Espírito
(4,18). É o verdadeiro e definitivo “Deus conosco”.
Mas o
sinal por excelência da realização da promessa é o próprio nascimento do
precursor de Cristo, do seio de Isabel, que tinha a fama de ser estéril (1,36).
João Batista é “sinal” no sentido mais pleno imaginável: seu nascimento mostra
a força do Altíssimo gerando o Salvador; sua missão prepara o caminho para este
Salvador; sua pregação anuncia o Reino que o Cristo inaugura.
Ora, a
obra de Deus através da História, assinalada pelos referidos sinais, anunciada
como plenificando-se na alegre saudação do Anjo, que proclama a plenitude da
graça de Deus em Maria (Lc 1,28-30; cf. Sf3,14-15; Zc 2,14 etc.), só se toma
fecunda para o homem se este o quiser. Daí, a importância de dizer: “Sim”.
Maria, respondendo ao Anjo (representando Deus mesmo) seu Fiat (“Faça-se em mim
segundo a tua palavra”; Lc 1,38), colocando-se, como serva, a serviço do
Senhor, é a primeira de todos os que, pela adesão da fé, “dão chances” à obra
definitiva de Deus em Jesus Cristo. O Fiat de Maria representa a fé da
humanidade e a disponibilidade com que a Igreja quer assumir o Mistério de
Natal (cf. oração final).
Diante de todos esses
sinais, na história de Israel e de Maria, devemos afirmar o que Paulo nos diz
na 2ª leitura: em Cristo se toma manifesto o que, desde séculos, as Escrituras,
ao mesmo tempo que o assinalavam, escondiam: o Mistério de Deus (Rm 1,25-26;
cf. Mt 13,35). Os autores escriturísticos vislumbravam uma presença fiel de
Deus nos fatos provisórios da História. Vistos a partir de Jesus Cristo, estes
fatos tornam-se indícios do que se manifesta, em plena clareza, nele mesmo, e
isto, para todos os povos, ao menos, quando conduzidos pela auscultação da fé
(Rm 1,26) Por isso, podemos louvar e agradecer (1,27).
(1.) 0 “recado” de Natã a
Davi, de que sua descendência estaria firme para sempre (2Sm 7,16), foi
entendido, originariamente, como a certeza de que Israel sempre teria um rei da
dinastia davídica, e o nascimento de um filho real é saudado, em Is 9,6, como
sendo a confirmação desta promessa. Depois que o Exílio (586-535 a.C.) abolira
o reinado, o “para sempre” foi interpretado como significando “de novo”. Israel
(reduzido a um pequeno resto, ou seja, a população de Judá, no sul do pais) teria
um novo rei (davídico), um novo “ungido” (Messias ou Cristo). Mas o que é
anunciado a Maria ultrapassa de longe o que os judeus depois do exílio
esperavam.
Fonte Do
livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
http://www.liturgiadapalavra.com/
HOMILIA
Seja você o lugar da morada de Deus
Seja você o lugar da morada de Deus! Maria traduz santidade, traduz a presença de Deus, transmite fidelidade a Deus, transmite o lugar que precisamos ser para Deus entrar e habitar.
“O anjo, então, disse-lhe: ‘Não tenhas medo,
Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um
filho, a quem porás o nome de Jesus’” (Lucas 1, 30-31).
Deus
escolheu uma casa, uma habitação, um lugar para morar no meio de nós. Deus
escolheu uma tenda para habitar em meio à nossa humanidade perdida, sofrida,
machucada por causa do pecado. Deus precisava de uma casa nova, pura e
santificada; o lugar onde Ele habitaria no meio de meio de nós, por isso o Ele
próprio escolheu o ventre de Maria.
O ventre de Maria é o solo sagrado, o lugar
santo, é o lugar da habitação de Deus no meio de nós! Assim como o Senhor já
havia prometido a Davi que permaneceria para sempre em sua casa, que repousaria
na sua casa – Maria é o
lugar por excelência do cumprimento das profecias divinas. É nela que a Palavra
de Deus se cumpre no sentido mais pleno.
Deus quis estar entre nós e quis precisar
do ventre, do ser; quis precisar de Maria para fazer este intercâmbio entre o
céu e a terra. Não é que nós queremos louvar Maria, exaltá-la; não, nós
queremos reconhecer a grandeza de Deus que olhou para a pequenez de Sua serva,
nós queremos reconhecer a bondade d’Ele, que teve misericórdia e compaixão de
nós ao escolher Seus meios e Seus caminhos para habitar em meio a nossa
humanidade.
Maria é a primeira redimida, a primeira
salva, a primeira escolhida, a primeira abençoada. Nela está toda a humanidade,
que precisa ser salva e redimida. Se o solo, o ser de Maria, é o solo sagrado
de Deus, Ele quer também que a nossa casa, o nosso lar e a nossa família sejam
também sagrados e abençoados!
Quero convidá-lo para que, neste Natal,
você traga esse lugar abençoado de Deus para dentro da sua casa. Sim, receba
Maria em sua casa, receba aquela que é a portadora de Deus, receba aquela que
se tornou o lugar de habitação e morada de Deus por excelência. Eu tenho
certeza de que a sua casa vai se tornar um lugar sagrado e abençoado.
Quando eu vejo a imagem da Virgem Maria não
paro na imagem, eu paro naquilo que a imagem traduz para mim. Maria traduz
santidade, traduz a presença de Deus, ela transmite fidelidade a Deus,
transmite o lugar que precisamos ser para Deus entrar e habitar. Eu quero olhar
para ela, a Bem-aventurada, sempre Virgem Maria, e a seu exemplo, a seu modo e
à sua maneira, eu quero também ser o lugar da morada de Deus!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. https://www.facebook.com/rogeraraujo.cn
LEITURA ORANTE
Lc 1,26-38 - Gabriel leva o anúncio a Maria
Em união com todos
que se encontram neste ambiente virtual,
iniciamos nossa Leitura Orante do Advento,
com a
Canção do Advento
Ó vem, Senhor, não tardes mais!
Vem saciar nossa sede de Paz!
1. Ó vem, como chega a brisa do vento,
Trazendo aos pobres justiça e bom tempo!
2. Ó vem, como chega a chuva no chão
Trazendo fartura de vida e de pão!
3. Ó vem, como chega a luz que faltou
Só tua palavra nos salva Senhor!
4. Ó vem, como chega a carta querida
Bendito carteiro do Reino da Vida!
5. Ó vem, como chega o filho esperado
Caminha conosco Jesus Bem amado!
6. Ó vem, como chega o Libertador
Das mãos do inimigo nos salva Senhor
iniciamos nossa Leitura Orante do Advento,
com a
Canção do Advento
Ó vem, Senhor, não tardes mais!
Vem saciar nossa sede de Paz!
1. Ó vem, como chega a brisa do vento,
Trazendo aos pobres justiça e bom tempo!
2. Ó vem, como chega a chuva no chão
Trazendo fartura de vida e de pão!
3. Ó vem, como chega a luz que faltou
Só tua palavra nos salva Senhor!
4. Ó vem, como chega a carta querida
Bendito carteiro do Reino da Vida!
5. Ó vem, como chega o filho esperado
Caminha conosco Jesus Bem amado!
6. Ó vem, como chega o Libertador
Das mãos do inimigo nos salva Senhor
1. Leitura
(Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio com toda
atenção, na minha Bíblia, o texto do Evangelho: Lc 1,26-38.
Quando Isabel
estava no sexto mês de gravidez, Deus enviou o anjo Gabriel a uma cidade da
Galileia chamada Nazaré. O anjo levava uma mensagem para uma virgem que tinha
casamento contratado com um homem chamado José, descendente do rei Davi. Ela se
chamava Maria. O anjo veio e disse:
- Que a paz esteja
com você, Maria! Você é muito abençoada. O Senhor está com você.
Porém Maria, quando
ouviu o que o anjo disse, ficou sem saber o que pensar. E, admirada, ficou
pensando no que ele queria dizer. Então o anjo continuou:
- Não tenha medo,
Maria! Deus está contente com você. Você ficará grávida, dará à luz um filho e
porá nele o nome de Jesus. Ele será um grande homem e será chamado de Filho do
Deus Altíssimo. Deus, o Senhor, vai fazê-lo rei, como foi o antepassado dele, o
rei Davi. Ele será para sempre rei dos descendentes de Jacó, e o Reino dele
nunca se acabará.
Então Maria disse
para o anjo:
- Isso não é
possível, pois eu sou virgem!
O anjo respondeu:
- O Espírito Santo
virá sobre você, e o poder do Deus Altíssimo a envolverá com a sua sombra. Por
isso o menino será chamado de santo e Filho de Deus. Fique sabendo que a sua
parenta Isabel está grávida, mesmo sendo tão idosa. Diziam que ela não podia
ter filhos, no entanto agora ela já está no sexto mês de gravidez.
Porque para
Deus nada é impossível.
Maria respondeu:
- Eu sou uma serva de Deus; que aconteça comigo o
que o senhor acabou de me dizer!
E o anjo foi embora.
E o anjo foi embora.
O lugar onde
acontece este fato é uma pequena aldeia da Galileia: Nazaré. A pessoa a quem
Deus envia seu mensageiro é uma jovem como as outras de seu tempo: Maria. Fica
preocupada e pede explicações. Por isso, fica sabendo que o que lhe acontecerá
é obra do Espírito Santo e que o Menino do qual será Mãe é o próprio Filho de
Deus. Sempre que falta fé, prevalece o medo. De início, Maria sentiu medo.
Sabendo, porém, que a Deus nada é impossível, com fé, faz seu ato de
disponibilidade ao Projeto de Deus: “Eu sou uma serva de Deus; que aconteça
comigo o que o senhor acabou de me dizer!” Aprendo com Maria a buscar perceber
os sinais de Deus, a dialogar com Deus, a ouvi-lo, a discernir a vontade de
Deus e a dizer “sim”.
Olhando para outros textos bíblicos, também os pastores receberam o anúncio do anjo. Veja: Lc 2, 8-14.
Naquela região havia pastores, que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores; a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. Mas o anjo disse aos pastores: «Não tenham medo! Eu anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal: vocês encontrarão um recém-nascido, envolto em faixas e deitado na manjedoura.» De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos. Cantavam louvores a Deus, dizendo: «Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados.»
Olhando para outros textos bíblicos, também os pastores receberam o anúncio do anjo. Veja: Lc 2, 8-14.
Naquela região havia pastores, que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores; a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. Mas o anjo disse aos pastores: «Não tenham medo! Eu anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal: vocês encontrarão um recém-nascido, envolto em faixas e deitado na manjedoura.» De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos. Cantavam louvores a Deus, dizendo: «Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados.»
2. Meditação(Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Como acolho os
“anúncios” de Deus na minha vida?
Muitas vezes o anúncio é para uma mudança de
vida, outras é o imprevisto que me faz trocar meus projetos, outras vezes um
problema de saúde, no trabalho, em família.
Respondo com fé e disponibilidade?
Glorificando a Deus?
O anúncio de Nazaré
continua hoje, de muitas formas e através de muitas pessoas.
Os bispos nos
ajudam nesta reflexão: “A Virgem de Nazaré teve uma missão única na
história da salvação, concebendo, educando e acompanhando seu filho até seu sacrifício
definitivo. Desde a cruz Jesus Cristo confiou a seus discípulos, representados
por João, o dom da maternidade de Maria, que nasce diretamente da hora pascal
de Cristo: “E desse momento em diante, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo
19,27). Perseverando junto aos apóstolos à espera do Espírito (cf. At 1,13-14),
ela cooperou com o nascimento da Igreja missionária, imprimindo-lhe um selo
mariano que a identifica profundamente. Como mãe de tantos, fortalece os
vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os
discípulos de Jesus Cristo a experimentarem como uma família, a família de
Deus. Em Maria, encontramo-nos com Cristo, com o Pai e com o Espírito Santo,
assim como com os irmãos.”( DAp 267).
3. Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Agora, canto com o Padre Zezinho a canção que é uma oração a Maria,
Agora, canto com o Padre Zezinho a canção que é uma oração a Maria,
Maria de Nazaré
Maria de Nazaré,
Maria me cativou
Fez mais forte a
minha fé
E por filho me
adotou
As vezes eu paro e
fico a pensar
E sem perceber, me vejo
a rezar
E meu coração se
põe a cantar
Pra Vigem de Nazaré
Menina que Deus
amou e escolheu
Pra mãe de Jesus, o
Filho de Deus
Maria que o povo
inteiro elegeu
Senhora e Mãe do
Céu
Ave Maria, Ave
Maria, Ave Maria, Mãe de Jesus!
Maria que eu quero
bem, Maria do puro amor
Igual a você,
ninguém
Mãe pura do meu
Senhor
Em cada mulher que
a terra criou
Um traço de Deus
Maria deixou
Um sonho de Mãe
Maria plantou
Pro mundo encontrar
a paz
Maria que fez o
Cristo falar
Maria que fez Jesus
caminhar
Maria que só viveu
pra seu Deus
Maria do povo meu
4. Contemplação (Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Quero hoje perceber melhor os anúncios de Deus e com fé e disponibilidade vou dar minha resposta.
Quero hoje perceber melhor os anúncios de Deus e com fé e disponibilidade vou dar minha resposta.
Bênção
A bênção do Deus de Sara, Abraão e Agar,
a bênção do Filho, nascido de Maria,
a bênção do Espírito Santo de amor,
que cuida com carinho,
qual mãe cuida da gente,
esteja sobre todos nós. Amém!
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
a bênção do Filho, nascido de Maria,
a bênção do Espírito Santo de amor,
que cuida com carinho,
qual mãe cuida da gente,
esteja sobre todos nós. Amém!
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
patrícia.silva@paulinas.com.br
Oração Final
Pai Santo, nós agradecemos
pela Encarnação de tua Palavra em Jesus de Nazaré. Prepara nossos corações para
que ele seja morada digna do Cristo. Que sejamos mansos e humildes, mas
corajosos e alegres para anunciar teu Reino de Amor que chega. Pelo Cristo
Jesus, na unidade do Espírito Santo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário