ANO B
Jo 20,19-23
Comentário do
Evangelho
O Espírito Santo é o dom de
Deus oferecido a nós
Com a solenidade de Pentecostes encerra-se o
tempo da Páscoa. A promessa da vinda do Espírito Santo feita por Jesus aos seus
discípulos se realiza (cf. At 1,8). Elevado à glória celeste, o Senhor nos
enviou, da parte do Pai, o Espírito que o conduziu ao longo de toda a sua vida
para que sejamos iluminados pelo Espírito Santo, que é o dom de Deus oferecido
a nós para o testemunho. O dom do Espírito é o dom dos tempos escatológicos, o
dom definitivo de Deus como cumprimento de toda a sua promessa. Hoje, Deus
derramou o seu espírito sobre “toda carne” (cf. Jl 3,1-5). A humanidade inteira
é destinatária desse poder que vem do alto. O Espírito é dado para fazer
compreender e viver a palavra de Jesus Cristo. O Espírito Santo é uma realidade
interior que nos ultrapassa infinitamente (cf. Jo 3,8). Ele enche toda a terra.
A festa cristã de Pentecostes coincide com a festa
judia de Pentecostes (cf. At 1,1). De uma festa agrícola (Ex 12,15-17; Ex
34,22; Dt 16,10), o pentecostes judeu passou, no período pós-exílico, a ser a
festa comemorativa da renovação da Aliança do Sinai (Ex 19,1). O adjetivo
ordinal “pentecostes” indica o último dia de uma série de cinquenta dias. Essa
coincidência intencional das duas tradições tem por finalidade
fazer compreender que o Espírito Santo é a lei interna da caridade. Todo o
relato dos Atos dos Apóstolos precisa ser bem compreendido para que o sentido
do texto não seja desvirtuado nem a mensagem do texto prisioneira de certas
concepções equivocadas. O relato possui elementos claríssimos da teofania do
Sinai: barulho ensurdecedor, fogo, espanto (cf. Ex 19,16). São elementos que,
na cultura bíblica de determinada época, indicam a presença do próprio Deus. O
barulho enche toda a casa, do mesmo modo que o Espírito Santo enche todos os
que nela estão. Depois de um elemento sonoro, tem-se um elemento visual: “como
que línguas de fogo”. Essas línguas de fogo simbolizam o poder de Deus que faz
falar. O Espírito Santo é o poder de Deus que faz falar as maravilhas de Deus,
sobretudo, o que Deus fez por toda a humanidade mediante seu Filho Jesus
Cristo. Não se trata, aqui, de glossolalia, mas de um modo de afirmar a
universalidade da missão da Igreja: o dom do Espírito impulsiona a Igreja a
assumir cada cultura, a língua de cada povo, para poder fazer chegar a toda
pessoa a graça do amor de Deus manifestada no Senhor Jesus Cristo. A linguagem
do Espírito não é uma linguagem ordinária, pois ele comunica a realidade íntima
de Deus, a verdade da vida espiritual. A ação interior do Espírito Santo é
essencial para viver a fé, a esperança e a caridade. O Espírito Santo é o que
faz com que a mensagem e a obra de Cristo entrem no mais profundo do coração,
onde ele introduz o mistério pascal.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Pai, que o teu Espírito Santo
me recrie inteiramente, de modo a banir para longe de mim todo medo e toda
insegurança que me impedem de dar testemunho do teu Reino.
Vivendo a Palavra
No seu sopro Jesus envia aos Apóstolos e a nós, sua Igreja, o Espírito
Santo. Com Ele vem a Paz – a Paz de Deus, que vence o medo e traz alegria. O
Espírito nos faz discípulos evangelizadores e nos envia para a missão de
anunciadores da Boa Notícia do Reino de Deus e do perdão dos pecados. Sejamos
agradecidos!
Meditando o Evangelho
RECEBEI O ESPÍRITO SANTO
O dom do Espírito Santo foi um elemento fundamental na
experiência missionária dos primeiros cristãos. Com a ascensão do Senhor, eles
se viram às voltas com uma tarefa descomunal: levar a mensagem do Evangelho a
todo o mundo. A missão exigiria deles inculturar a mensagem, fazendo o
Evangelho ser entendido por pessoas das mais variadas culturas. Deveriam ser
capazes de enfrentar dificuldades, perseguições e, até mesmo a morte, por causa
do nome de Jesus. Muitos problemas proviriam dos judeus, pois a ruptura com
eles seria inevitável, dada a intransigência da liderança judaica para com a
comunidade cristã que tomaria um rumo considerado inaceitável. Sem dúvida, não
faltariam problemas dentro da própria comunidade, causados por partidarismos,
falsas doutrinas e atitudes incompatíveis com a opção pelo Reino.
Os discípulos eram demasiado fracos para, por si mesmos,
levar a cabo uma empresa tão grande. Jesus, porém, concedeu-lhes o auxílio
necessário ao comunicar-lhes o Espírito Santo. Fortalecidos pelo Espírito, eles
não se intimidaram, antes, cumpriram, com denodo, o ministério da evangelização.
O dom de Pentecostes renova-se, cada dia, na vida da Igreja.
O Espírito, ontem como hoje, não permite que os cristãos cruzem os braços
diante do mundo a ser evangelizado.
Oração
Senhor Jesus, que eu seja cada dia revestido pela força do
Espírito Santo, que me capacita para exercer, sem descanso, minha tarefa de
evangelizador.
Homilia de
Pentecostes (24.05.15)
Padre Luiz
Carlos de Oliveira
Redentorista
“Creio no
Espírito Santo”
Santificais a Igreja inteira
Na festa de Pentecostes a obra redentora de Jesus
chega a seu momento máximo para nossa salvação. Na consumação dos tempos a
redenção chegará a seu termo, quando o Cristo entregará o Reino a Deus, seu Pai
(1Cor 15,24). Em Pentecostes completa-se a missão do Filho que disse: “Se eu
não for, o Paráclito não virá” (Jo 16,7). Agora é o tempo do Espírito. Ele leva
a redenção a seu efeito em nossos corações e nos ensina toda a verdade: “Quando
vier o Espírito da Verdade, Ele vos conduzirá à verdade plena” (13). Em
Pentecostes, sua missão, unida à Ressurreição do Senhor, destina-se a todos os
povos.
O Evangelho pode ser compreendido e amado por
todos. Essa verdade está expressa nas pessoas de povos tão diferentes presentes
ao acontecimento. Esses povos indicam todas as direções da terra. Não se pensa
mais na exclusividade de um povo ou de um grupo religioso. A Igreja deve se
cuidar mais para ver onde age o Espírito do que dar regras a sua ação. Não
podemos engessar a ação do Espírito num movimento ou em uma teologia. Ela está
aberta para que Ele nos manifeste toda a verdade, segundo a promessa de Jesus
(Oração sobre as oferendas).
Nas orações da liturgia do dia de Pentecostes
reconhecemos esta verdade rezando ao Pai: “Ó Deus que, pelo mistério da festa
de hoje, santificais vossa Igreja inteira em todos os povos e nações” (oração).
A celebração é santificação da Igreja. Por isso, rezamos a Deus que derrame
sobre o mundo os dons do Espírito e realize no coração dos fiéis as maravilhas
operadas no início da pregação do Evangelho (oração). As maravilhas não se
restringem ao fenômeno das línguas, mas ao anúncio do Evangelho a todos com
igualdade como vemos na celebração dos santos mistérios nas línguas locais.
Todos são convocados.
Dons do Espírito
O Espírito nos dá preciosos dons que devem ser
desenvolvidos como um serviço a todo Corpo de Cristo, como nos relata a segunda
leitura (1Cor 12,3b-712-13). Reconhecer a ação do Espírito e louvá-Lo é fazer
frutificar os dons que nos deu. É um chamamento a abrir espaços ao crescimento
e promoção dos dons de cada um.
Nem todos têm os mesmos dons. Na verdade o dom é de
todos, pois fazem parte do Corpo de Cristo. São um presente a todo Corpo, a
Igreja. Há também a necessidade de conhecer os próprios dons e trabalhar com
eles para o crescimento de todo o Corpo de Cristo. Estes dons se encontram
também fora do corpo social da Igreja. Também eles devem ser discernidos e
reconhecidos. Não podemos reprimir o fogo do Espírito nem usar de seu fogo para
nosso egoísmo e orgulho. O Espírito age onde quer e como quer.
Vinde, Espírito Santo!
O Espírito Santo estava presente na vida de Jesus e
O conduzia no cumprimento de sua missão (Mt 4,1). Agora conduz a Igreja no
acolhimento e participação dessa missão. Por isso pedimos o Espírito: “Enviai,
Senhor, o vosso Espírito, e renovareis a face da terra”. Cometemos um grande
pecado contra o Espírito quando desconhecemos sua ação, como nos diz Jesus: “Se
alguém disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas se
disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem nesse mundo, nem no
vindouro” (Mt 12,32).
Significa fechar-se ao Espírito Santo. Se nos
fecharmos a Ele, não há possibilidade de acontecer sua ação. Na Eucaristia
temos a invocação do Espírito Santo sobre o pão e o vinho e sobre os fiéis para
que sejam Corpo de Cristo. Todos recebem o Espírito Santo. Esse é nosso
Pentecostes de cada dia.
Leituras: Atos 2,1-11; Salmo 103;
(1Coríntios 12,3b-712-13); João 20,19-23
Ficha nº 1442 – Homilia de Pentecostes (24.05.15)
A obra da redenção de
Jesus culmina na Vinda do Espírito Santo. Agora é o tempo do Espírito. Ele leva
a redenção a efeito nos corações e ensina toda a Verdade. O Espírito é
destinado a todos os povos. A Igreja não pode bloquear a ação do Espírito. A
celebração é a santificação de toda a Igreja. Renovar Pentecostes é ter novo
ardor missionário.
O Espírito nos dá
preciosos dons que devem ser desenvolvidos como um serviço a todo o Corpo de
Cristo. Reconhecer a ação do Espírito é fazer frutificar os dons que nos deu.
Todos têm dons. Compete a todos dar espaço para o crescimento. Os dons são para
todo o Corpo de Cristo. Não podemos reprimir o Espírito que está em nós, mas
discerni-Lo na caridade.
O Espírito estava
presente na vida de Jesus e O conduzia no cumprimento de sua missão. Agora
conduz a Igreja no acolhimento e participação dessa missão. Nós pedimos que o
Espírito venha sempre sobre nós. Fechar-se à ação do Espírito é o pecado sem
perdão.
Em cada missa recebemos o Espírito Santo.
A língua do amor é comprida
A maravilha de Pentecostes não é acontecimento do
passado, mas sua presença no meio de nós, pois pedimos na oração que “realize
agora no coração dos fiéis as maravilhas operadas no início da pregação do
Evangelho”. Não há diferença na ordem da graça no Pentecostes dos Apóstolos e o
Pentecostes de hoje.
Pena que alguns só pensem na beleza da teofania,
das línguas e dos milagres. A beleza está na força do Evangelho que entra no
mundo. As regiões, de onde provinham os peregrinos que acorreram no dia, representam
geograficamente todas as direções do mundo.
A riqueza da graça - presente no mistério celebrado
- é a presença de Jesus que dá o Espírito para a reconciliação. Esta foi a
missão que deu aos apóstolos e continua dando a nós. O perdão dos pecados vai
além do sacramento da penitência individual e atinge a todos. O Espírito Santo
foi dado a todo o universo. Não é propriedade de ninguém e ninguém pode
dominá-Lo.
Para viver intensamente a presença do Espírito, nós
O recebemos como um Dom que distribui seus dons. A força do Espírito em nós se
manifesta nos dons que colocamos a serviço de todos.
REFLEXÕES DE HOJE
24 DE MAIO – DOMINGO
===============
PARA REZAR CLICA AQUI
========================
24 de maio – PENTECOSTES
Por Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
“Envia teu
Espírito, Senhor, e renova a face da terra”
I. INTRODUÇÃO GERAL
O Espírito Santo é
fonte e força do amor mútuo. É também sinal de que estamos vivendo um novo
tempo. Jesus culminou o caminho dele aqui na terra e foi glorificado por Deus
Pai, mas não nos deixou sozinhos: deu-nos o mesmo Espírito que o ungiu e o
animou na missão.
A missão do
Espírito que nos foi dado nos leva à verdade completa, faz-nos entrar em
comunhão com os seres humanos e com Deus. O Espírito é presença de Deus nos
caminhos da história por meio da Igreja, que é movida por ele. Ao unir os seres
humanos no amor, o Espírito nos dá a certeza do que será no final dos tempos, a
comunhão plena no Reino de Deus. Por causa desse amor que nos põe em comunhão,
há partilha dos bens, há oração sincera, há evangelização. Em função da
comunhão, o Espírito nos faz falar e compreender todas as línguas, porque a
língua universal é o amor e sem ele somos apenas “sinos que retinem” (1Cor
13,1). Por isso, crer no Espírito significa crer no futuro da vida, na
renovação radical de toda a terra, no caminho do amor que supera as
dificuldades deste mundo e nos dirige ao amor em plenitude.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. Evangelho (Jo
20,19-23): Recebei o Espírito Santo
O texto do
evangelho de hoje enfatiza desde o início o aspecto da comunhão: era o primeiro
dia da semana, o dia do Senhor, e os discípulos estavam reunidos. As portas
fechadas simbolizam o medo da hostilidade existente lá fora. São os inícios de
uma Igreja que vive a fragilidade e as dúvidas, que necessita da presença do
Senhor. Mas Cristo ressuscitado está com eles, sua presença se faz visível e
ele coloca-se no centro, no meio deles.
“A paz esteja
convosco!” é o início do diálogo por iniciativa do Ressuscitado. Os discípulos
têm medo, e isso os deixa desconfiados. Mas Jesus os conforta com sua palavra e
presença sensível, é o verdadeiro mestre que eles haviam seguido, possui as
chagas que são os sinais gloriosos de sua vida terrena. Quem faz a experiência
com o Ressuscitado sabe que ele não é uma fantasia.
Os discípulos estão
reunidos como Igreja, e o Cristo lhes oferece o perdão e lhes envia em missão.
Antes de tudo, a Igreja é a comunidade que recebe o perdão de Cristo e o
distribui ao mundo. Evangelho e perdão não estão separados, pois a “boa
notícia” que a Igreja dá ao mundo é que, em Jesus Cristo, o ser humano está
perdoado por Deus, pois o Filho de Deus triunfou sobre a causa do pecado, a
saber, o egoísmo.
A um mundo
atormentado por injustiças, guerras e violências, Cristo oferece a paz
fundadora e criadora que combate a raiz do pecado. A uma comunidade fechada por
causa do medo, o Cristo estende a graça da vida dele, tornada princípio da
missão universal. Jesus é a paz para aqueles que o recebem e para todos.
A Páscoa torna-se
Pentecostes, pois o Ressuscitado sopra sobre seus discípulos dizendo: “Recebei
o Espírito Santo” (v. 22). Um gesto que alude a uma nova criação, uma vez que, no
princípio, Deus havia soprado sobre o ser humano, tornando-o ser vivente (cf.
Gn 2,7). Agora o gesto de Jesus nos indica que o Cristo pascal leva ao ápice a
criação que fora começada.
O Evangelho de João
une Páscoa e Pentecostes em um mesmo mistério: a manifestação pascal de Cristo
se torna efusão do Espírito do Ressuscitado sobre a totalidade da Igreja. A
Páscoa significa que a morte de Jesus pela humanidade abre um caminho de amor e
de transformação do mundo. E Pentecostes é o dom da Páscoa, é ter o mesmo
Espírito de Jesus, é viver à luz do mesmo sopro vital que o animava.
I leitura (At
2,1-11): Todos ficaram cheios do Espírito Santo
Os discípulos, em
grande número, estavam reunidos, perseveravam em oração enquanto aguardavam a
vinda de Cristo, a qual associavam com o fim dos tempos. Ali onde esperavam o
julgamento divino sobre o mundo, tiveram a grata surpresa de participar de uma
ação que era exatamente o contrário do que pensavam. De fato, os profetas
haviam previsto um derramamento do Espírito no final dos tempos, e unido a isso
aconteceria o julgamento das nações e grandes catástrofes da natureza (como
está escrito em Joel 2,28-32, citado em At 2,17-21).
Reunidos em oração,
estavam dispostos a enfrentar o julgamento de Deus sobre as nações e morrer num
grande acontecimento cósmico que revelaria a glória de Cristo. Mas o que
aconteceu com a efusão do Espírito foi a comunhão entre todos os povos e
culturas, a comunicação eficaz entre as línguas diferentes. Num primeiro
momento, podemos pensar que a experiência de comunhão dá-se em plano limitado,
no interior da comunidade; no entanto a comunhão realizada em Pentecostes
transborda as limitações religiosas e nacionais e se expande ao longo de toda a
terra.
Muitas leituras
atuais desse texto bíblico enfatizam a experiência com o dom de línguas. Até
mesmo se denominam de pentecostais grupos e igrejas que fazem algum tipo de
experiência atribuída ao Espírito Santo. Mas se lermos atentamente esse texto,
veremos que se trata de um dom para a evangelização, para a missão, para a
expansão da comunidade, e não para o crescimento pessoal com conotações de
verticalidade na experiência espiritual. Nesse texto não se afirma que os
membros da comunidade oraram em línguas (como é mencionado por Paulo com
relação a uma prática da comunidade de Corinto). O texto diz que as pessoas
falavam idiomas diferentes e todos se compreendiam; o oposto da narrativa sobre
a torre de Babel. O enfoque no dom de línguas vem do termo “línguas estranhas”,
que significa o mesmo que “línguas estrangeiras”. Além da possibilidade de
evangelização do mundo inteiro, porque o Espírito Santo capacita a Igreja para
proclamar o evangelho em todas as culturas e idiomas, vemos nesse texto a
comunhão entre todos os seres humanos, a unidade na diversidade.O Espírito supera
as velhas divisões entre os seres humanos. Ultrapassa as estruturas arcaicas da
sociedade fundada em princípios de imposição dos mais favorecidos sobre os mais
frágeis. A partir de Pentecostes, os seres humanos podem vincular-se por meio da
graça de Deus, com base no dom do Espírito. A comunhão de todos os povos, que a
partir de agora se realiza, é sinal e presença dos tempos escatológicos, meta
da história humana que caminha para Cristo. A história humana, repleta de
competições e de opressão de uns sobre os outros, realiza uma trajetória,
marcada pelo Espírito do Cristo ressuscitado, para a comunhão plena de toda a
humanidade num Reino de fraternidade e de paz.
II leitura (1Cor
12,3b-7.12-13): Batizados num só Espírito e formando um só corpo
O Espírito de
Cristo une os seres humanos, a partir de Deus, em perdão e comunhão, por aquilo
que são e não pelo que têm ou fazem. Até então não tinha havido nenhuma
comunhão real, mas concorrência e competição, busca de influência, enfim,
divisão generalizada. Agora, e somente agora, a partir da unidade de Cristo que
nos torna irmãos, filhos do mesmo Pai, começa a história da graça que une a
todos no amor e na liberdade. Há distribuição de carismas, mas é o mesmo
Espírito; diversidade de ministérios, mas é o mesmo Senhor; divisão de tarefas,
mas é Deus que opera tudo em todos. O Espírito é um só e une todos os seres
humanos numa comunidade que não se baseia na pura experiência interior, em
ideias ou princípios gerais, mas na comunhão e na confiança mútua.
O Espírito congrega
pessoas muito diferentes umas das outras que, em vez de fazer concorrência
entre si, se servem mutuamente e são felizes em realizar isso no amor. Trata-se
de uma comunhão realizada pelo próprio Deus, e não por meio de um cooperativismo
à maneira de um sindicato ou clube que une pessoas pelas tradições, costumes
sociais ou culturais. Como o corpo é um só e tem muitos membros, assim é
Cristo. Porque todos nós fomos batizados num só Espírito, formando um só corpo.
A comunhão
realizada pelo Espírito Santo não se apoia em tradições sagradas nem em laços
que vinculam as pessoas por aspectos culturais, econômicos ou políticos. Os
cristãos não formam uma nação, um estado. A comunidade cristã tampouco é uma
associação cultural, um clube espiritual, uma ONG com fins delimitados. A
comunidade cristã quer suscitar uma comunhão não governamental ou política, mas
de vida entre todos os seres humanos, fundada no Cristo.
Os cristãos querem
formar uma comunidade de amor universal, em gratuidade, a partir dos mais
pobres e excluídos, abrindo-se a todos os povos da terra, sem empregar meios de
poder político-militar ou qualquer tipo de imposição.
III. Pistas para
reflexão
Há um tipo de vida
que é morte, feita de lutas e concorrências, de inveja e egoísmo. Mas há um
tipo mais elevado de vida feito de doação, gratuidade, acolhida, comunhão… Essa
é a vida que se desvela na trajetória da Igreja, a vida do Espírito. A Igreja,
comunidade fundada na comunhão realizada pelo Espírito, não propaga a exclusão,
ao contrário, distribui o perdão que vem de Deus. Não nega o perdão a ninguém.
A Igreja somente
pode ser considerada comunidade de Jesus se é sinal e fonte de perdão e,
portanto, de inclusão. A própria Igreja expressa o perdão, encarna-o e o
anuncia ao mundo. Portanto, onde o perdão é oferecido há perdão, e onde a
Igreja mostra que não há perdão isso ocorre porque as pessoas ainda se afrontam
e se confrontam. Somente onde a luta por justiça ainda não chegou ao seu
término e quando a justiça ainda não tenha sido instaurada é que a Igreja retém
o perdão, para que se possa realmente continuar lutando até edificar um mundo
justo de paz e fraternidade universais.
Aíla Luzia Pinheiro
Andrade, nj
Graduada em Filosofia pela
Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de
Filosofia e Teologia (Faje – BH), onde também cursou mestrado e doutorado em
Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente, leciona na Faculdade Católica
de Fortaleza. É autora do livro Eis que faço novas todas as coisas – teologia
apocalíptica (Paulinas).
E-mail: aylanj@gmail.com
http://vidapastoral.com.br/roteiros/24-de-maio-pentecostes/
Oração Final
Ó Deus, Pai amado, que
iluminas os corações dos teus fiéis com a luz do Espírito Santo e acendes neles
o fogo do teu Amor, concede-nos que no mesmo Espírito saibamos o que é reto, e
gozemos sempre de sua consolação. Assim renovarás a face da terra. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário